“Portanto – e isso precisa ficar bem claro – a preocupação do cineasta moderno não é fornecer mensagens mas revelar alguma coisa. Não se trata de impor, através de truques, o que ele já tinha na cabeça mas de tentar descobrir o mundo com a câmera, revelá-lo durante o ato de filmagem. Flagrar as coisas como elas são. Os verdadeiros cineastas, dos quais depende o futuro do cinema, não têm visões. Não elaboram ou expressam seus mundos exclusivos. Arriscam-se a ver as coisas como elas são, de frente: olham, captam, filmam as coisas em contínua evolução e na terceira pessoa do presente do indicativo – correndo risco.” Rogério Sganzerla em Por um cinema sem limite (2001)

A revista nasce de um coletivo de jovens apaixonados por arte que desde 2017 atua na cidade de Porto Alegre, no primeiro momento escrevendo crítica de música e cinema, e no último ano abrindo nossos horizontes para nos tornar um ecossistema com atuação em diversas frentes culturais. Essa revista é um resultado disso. Criada para se juntar à tradição fundamental da publicação sobre cinema, a Revista Outra Hora tem pretensão de apresentar o que entendemos de melhor na editoria de cinema do site: entrevistando nossas referências, abordando tópicos importantes na atualidade e publicando artigos que queiram avançar e aprofundar o nível da discussão sobre cinema.

Nossa primeira edição é justamente um panorama sobre a década de 2020. Longe de qualquer vontade de responder o que é, ou está sendo, essa década, mas fazendo um retrato do cinema nesse momento: o que sobrou da pandemia? quais as novas tendências? quem são os nomes que vão levá-las para frente? Os textos desta edição que você recebe agora tentam esboçar essas temáticas a partir dos filmes que mais nos chamaram atenção. Com atenção especial para os três lugares que mais nos interessam: Brasil (por motivo sociológico), Estados Unidos (por motivo mercadológico) e Leste asiático (por motivo ideológico) reunimos uma diversidade de pontos de vista que trazem filmes desses lugares e apontam os possíveis rumos dos anos 2020.

Para escrever os artigos, juntamos os temas que mais nos interessam. Isso vai desde Tom Cruise e M. Night Shyamalan (que é particularmente beneficiado por essa editoria) até o cinema marginal brasileiro contemporâneo, além de temáticas, houve preocupação da nossa parte em chegar nesses debates a partir de filmes que gostamos. Porque no fim das contas essa revista que você está lendo agora apresenta o cinema que acreditamos, de Käurismaki a Cristiane Oliveira, de Petzold a Hong Sang-soo.

Um dos nossos objetivos é debater a própria crítica de cinema, entrevistar pessoas que atuam de maneira relevante nesse meio é um dos nossos objetivos para a revista Outra Hora. Não poderíamos deixar de agradecer nominalmente Arthur Tuoto e Sérgio Alpendre, duas referências importantes para nós, por terem topado conceder entrevista já na nossa primeira edição. Lendo as entrevistas se torna perceptível o motivo de termos os convidado, algo do que os dois falaram com certeza ressoa entre as páginas que escrevemos para críticas e artigos.

Por fim, agradecemos a quem está lendo Outra Hora nº 1, e quem lê e apoia o Outra Hora.

NÃO DEIXEM A LEITURA PRA OUTRA HORA.