REVISTA OUTRAHORA #3

O HOMEM SEM NOME

A América por BOB DYLAN E CLINT EASTWOOD

Em primeiro lugar, os grandes feitos dos grandes diretores de Hollywood, como Hitchcock e Hawks, dependem do fato de que eles trabalharam dentro de uma tradição que os protege da necessidade de plena exposição ao mundo moderno. Filmes como Psicose (Psycho, 1960) e Onde começa o Inferno (Rio Bravo, 1959) têm uma importante e contínua relevância contemporânea, mas ela é oblíqua: pela sua própria natureza, eles evitam o confronto direto com a realidade contemporânea.

(Movie n.º 16, inverno de 1968-1969, pp. 29-33. Traduzido por Bruno Andrade)

Em uma retrospectiva feita pela Cahiers du Cinema acerca da carreira de Clint Eastwood (o quarto diretor de uma série especial), a revista resgata um texto onde Luc Moullet supõe e descreve seis passos tomados por Eastwood com o intuito de desmantelar a reputação que seus primeiros anos no cinema o deram (período do qual Moullet diz que Eastwood era discutido na mesma veia de Jean-Claude Van Damme, à altura dos anos 90).

Os quatro primeiros descrevem uma espécie de jornada prática. Se desvencilhar do faroeste italiano e redescobrir sua identidade nacional; fazer a transição para a direção; dirigir filmes nos quais não atua; se aventurar em gêneros além da ação, crime e faroeste. 

Mas é a partir do quinto estágio que Moullet descreve o trabalho que apenas um cineasta maduro poderia se encarregar. A transformação de ator e personagem por meio do cinema, e como apenas o cinema pode realizar esse processo de mitificação que, a partir do que é descrito por Moullet, compreende Eastwood uma das mais importantes figuras cinematográficas. O autor então finaliza com a porção final de sua carreira ao tempo do artigo (1995), onde Eastwood não apenas renuncia, mas contraria as ideologias que o formaram.

30 anos se passaram desde então, e é possível descrever ao menos mais duas fases. Já desconstruído e afastado de sua ainda duradoura imagem inicial (e aqui falamos em como seu personagem nos filmes de Leone segue sendo uma figura instantânea no imaginário popular), Eastwood passa a filmar uma América em crise, onde seus heróis e mitos são questionados a todo tempo justamente pelos tempos. Já nesta que parece ser sua última frase, Eastwood parece intencionado em reconstruir estes mitos (o soldado, o piloto, o cowboy, o homem de bem norte-americano) em uma América desconstruída (tanto ideológica como sistematicamente).

À luz do lançamento de Jurado #2 (possivelmente seu último filme) - e do inevitável retorno de Donald Trump à Casa Branca - interessa à essa edição discutir a carreira de Clint Eastwood. De seu trabalho como ator e diretor, ao embate entre o classicismo e o modernismo, a sua ambígua posição política e a maneira como interpreta os Estados Unidos a partir de sua própria imagem.

Editorial

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