Quem vai ganhar o Oscar 2023?

2023 será o oscar mais importante em muitos anos.

A 95ª edição da premiação que ocorre no domingo dia 12 de março será decisiva para a batalha que a Academia vem travando nos últimos anos contra a própria irrelevância. Pela primeira vez em mais de 40 anos, os dois filmes com maior bilheteria no ano passado estão concorrendo a melhor filme, o que sem dúvida demonstra a tentativa de se reaproximar do público perdido. As categorias de “Filme favorito dos fãs” e “Cena favorita” entregues de modo constrangedor ano passado para dois filmes do Zack Snyder não só deixaram de existir como sua existência é tratada como uma ilusão. Se os imensamente populares “Avatar: O caminho da água” e “Top Gun: Maverick”, além do provável vencedor “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” que ganhou tração com o público nos últimos meses, não forem capazes de fazerem a audiência voltar a chegar perto dos 30 milhões de espectadores nos Estados Unidos, acredito que nada mais fará.

Para além da discussão de popularidade, esse ano foi o que os indicados apresentaram o nível mais alto em muito tempo, com o mérito especial de reunir filmes queridos pela crítica e pelo público com um número bem reduzido de oscar baits. Além das três produções que citei, a categoria principal conta com o brilhante “TÁR”, que destaca a importância do cinema independente norte-americano, o vencedor da Palma de Ouro “Triângulo da Tristeza”, “Os Banshees de Inisherin” que traz o retorno de Martin McDonagh para a premiação, além do grande vencedor do BAFTA, o filme alemão “Nada de novo no Front”. Essa variedade mostra que o corpo da Academia está ampliando seus horizontes no tipo de produção que ganha indicações e dá um bom sinal. “Os Fabelmans”, filme mais pessoal da carreira de Spielberg, “Elvis” e “Entre Mulheres” completam a lista da categoria principal, e mesmo que não seja particular fã do último, acredito que sejam melhores do que muito do que foi indicado na década passada.

Bom, e quem vão ser os vencedores do Oscar 2023?

Curta-Metragens:

  • Documentários: Essas categorias sempre podem surpreender, com os filmes menos comentados e não elegíveis para nenhuma categoria a gente fica na dúvida sobre quanto cada um realmente vai impactar os eleitores do Oscar. Ao longo da temporada o filme que mais se destacou aqui foi “Como cuidar de um bebê elefante”, distribuído pela Netflix, mas na reta final “Stranger at the gate” distribuído pela revista New Yorker, produzido pela ativista Malala e com uma moral política que costuma agradar a Academia se destacou e é meu palpite.

  • Animação: A disputa aqui esse ano é muito interessante, a Apple trabalhou muito pelo seu “O Menino, a toupeira, a raposa e o cavalo” (tratado como favorito) que conta com grande elenco e é ótimo, mas meu palpite é que a tendência dos últimos anos por filmes mais adultos (que foi tema durante essa temporada de premiação) continue aqui e o vencedor seja “My year of dicks”.

  • Live action: Uma categoria sempre complicada pela dificuldade de assistir os concorrentes, por muito tempo “Le Pupille”, que traz os nomes Disney e Alfonso Cuaron esteve na frente, para mim ele nunca foi convincente. “An irish goodbye” é o único indicado na categoria em inglês, é também um filme mais sério mas que no final te faz sentir bem com uma história bonita e acessível e por isso é o provável vencedor desse prêmio

Categorias Técnicas:

  • Melhor Trilha Sonora: A categoria mais disputada da noite. De um lado tempos o já vencedor em 2017 Justin Hurwitz com “Babilônia”, onde a trilha sonora se destaca muito positivamente, do outro temos o pianista alemão Hauschka com Nada de novo no front. A premiação importante em que os dois se enfrentaram foi o BAFTA, que deu o prêmio para o segundo, o que acredito que vai se repetir no Oscar.

  • Melhores Efeitos Especiais: Deveria se chamar Prêmio “Avatar: o caminho da água” porque não existe nenhum outro resultado possível aqui.

  • Melhor Figurino: Depois da derrota de “Pantera Negra 2” no Sindicato dos figurinistas acredito que Elvisganhará com facilidade aqui, sendo o quinto Oscar da carreira de Catherine Martin.

  • Melhor Som: O único prêmio que Top gun: Maverickvai levar para casa.

  • Melhor Edição: Tudo em todo lugar ao mesmo tempovenceu essa categoria em todos lugares possíveis.

  • Maquiagem e cabelo: Uma disputa legal aqui entre “A Baleia” e meu palpite Elvis, apesar da técnica de próteses que o filme de Aronofsky usa costumar ser popular no Oscar, “Elvis” chega com mais prêmios e indicações nas costas.

  • Melhor Música Original: É muito menos do que RRRmerecia, mas o espetacular número e música “Naatu naatu” vai ganhar aqui e nos garantir uma apresentção incrível na noite de domingo.

  • Melhor Direção de Arte: A disputa é boa entre “Elvis” e Babilônia, mas nessa categoria o filme de Chazelle chega com mais respaldo de outros prêmios (incluindo BAFTA e o Sindicato dos Diretores de Arte).

  • Melhor Fotografia: A inexplicável exclusão de “Top gun: Maverick” da lista de indicados deixou o caminho abertíssimo para Nada de novo no frontlevar esse Oscar.

Longas-Metragens:

  • Melhor Documentário: Em um ano de filmes espetaculares como “Fire of Love”, “All that breathes” e meu favorito “All the beauty and the bloodshed” vai ser a propaganda escancarada pró-EUA que, mais uma vez, vai ganhar essa categoria com o panfletário e manipulador “Navalny”.

  • Melhor Filme de Animação: Em um ano especialmente fraco para a categoria em que a Disney não foi capaz de sequer competir, ficou fácil demais para o excelente Pinóquio de Guillermo Del Toro, marcando a primeira vitória de um filme em Stop-motion desde 2005 na categoria.

  • Melhor Filme Estrangeiro: Com um total de nove indicações e uma vitória avassaladora no BAFTA, “Sem novidade no front” é o único filme que disputa essa categoria.

 

Ator e Atriz Coadjuvantes:

  • Melhor Ator Coadjuvante: Um dos grandes momentos da noite será a entrega desse prêmio para Ke Huy Quan de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”.

  • Melhor Atriz Coadjuvante: Uma das categorias mais difíceis de prever esse ano, ao longo da temporada Angela Bassett liderou a disputa a maior parte do tempo por "Pantera Negra 2”, mas saiu derrotada nas duas premiações mais importantes antes do Oscar. Um dos maiores problemas em fazer um palpite nessa categoria é que faz mais de uma década que ela não tem nenhuma disputa. No BAFTA foi Kerry Condon de “Os Banshees de Inisherin” que saiu vencedora e no Sindicato dos atores foi Jamie Lee Curtis de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”. Para o Oscar eu acredito que a disputa está entre Bassett e Curtis e minha favorita é a segunda porque acredito que o prêmio do SAG seja mais importante nessa categoria.

As Seis Principais:

  • Melhor Roteiro Original: Outra categoria em que houve alguma disputa esse ano, mas nas últimas semanas Tudo em todo lugar ao mesmo tempo pavimentou sua vitória aqui.

  • Melhor Roteiro Adaptado: Talvez o ano mais fraco que eu já tenha visto para essa categoria, o principal concorrente é Entre mulheres, apesar de ser possível uma vitória de “Nada de novo no front”.

  • Melhor Ator: Nunca foi tão difícil prever as categorias de atuação como em 2023. Para melhor ator principal Brendan Fraser de “A Baleia” e Austin Butler de “Elvis” fazem uma disputa intensa. O primeiro teve uma campanha como poucas vezes vi, desde o lançamento do filme no Festival de Toronto se construiu todo tipo de boato e narrativa em torno de Fraser. A história de superação de um dos maiores nomes de Hollywood no começo dos anos 2000 é um fator importante aqui. Eu acho que Butler é favorito porque “Elvis” foi muito melhor aceito na Academia e em todos sindicatos, enquanto o filme Aronofsky, como sempre, recebeu muita resistência, inclusive pela maneira como Fraser é retratado.

  • Melhor Atriz: Outra disputa bem apertada, duas atrizes-legado concorrem aqui, por um lado Michelle Yeoh de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” ganhou o sindicato dos atores e a própria atriz fez muita campanha por ela e seu filme até o último dia de votação. Mas eu não consigo deixar meu lado que normalmente erra palpites quieto aqui, a atuação de Cate Blanchett de “TÁR” é espetacular demais, grande demais para sair derrotada. O argumento mais convincente é que “Tudo em todo lugar…” tem uma nítida resistência fora dos EUA que talvez seja suficiente para tirar um Oscar em uma categoria que está muito apertada.

  • Melhor Direção: Os Daniels diretores de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” certamente ganharão esse Oscar.

  • Melhor Filme: Houve desde o começo um queridinho do público e da crítica que despontou como favorito ao grande prêmio da noite. Eu imaginei que, como costuma acontecer, algum filme mais consistente cresceria na temporada de premiações e se consolidaria para levar o Oscar, a verdade é que isso não aconteceu, nos últimos meses nenhum filme conseguiu criar uma narrativa com argumentos mais convincentes durante as premiações que Tudo em todo lugar ao mesmo tempoe por isso ele levará mais esse prêmio.

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