Crítica | Pânico 6
A carnificina mais divertida que vi no cinema.
Ghostface volta com ainda mais sangue, assassinatos mais violentos e um mergulho mais profundo na paródia.
Novo episódio da franquia que ficou famosa por fazer piada com as outras franquias de terror é a cima de tudo muito divertido, eu não tenho nenhuma relação com os personagens em tela nem com a franquia e muito menos com o gênero de terror que costumo evitar e tive duas horas muito agradáveis com “Pânico 6”. Seguindo a história das irmãs Carpenter que agora moram em Nova Iorque e são perseguidas pelo novo Ghostface junto com seus amigos, enquanto isso mergulhamos mais uma vez no universo das franquias de terror, com especial atenção à franquia “Pânico”, que dentro do Universo dos filmes se chama “Stab”. Construindo excelentes cenas de suspense e assassinatos bem gráficos ao longo de quase toda duração, o roteiro ainda tenta desenvolver a relação de alguns dos personagens, que dá a impressão que existe vontade de criar algo um tanto diferente para possíveis sequências.
“Pânico 6” abre com um assassinato cometido por um Ghostface que não vai ser o que vamos acompanhar ao longo da trama, mostrando a amplitude que o fenômeno tomou dentro do universo dos filmes. Os dois jovens fãs do assassino pretendem matar Sam (Melissa Barrera) e Tara (Jenna Ortega) para se vingarem do assassinato do último Ghostface no filme anterior, mas nosso verdadeiro assassino rapidamente os mata e toma as rédeas do roteiro para si, com exatamente a mesma intenção. Mais uma vez, as regras são rapidamente estabelecidas pela personagem fã de filmes de terror, que mais uma vez é Mindy (Jasmin Savoy Brown), que nos garante que ninguém está a salvo, nem mesmo as personagens legado Gale (Courtney Cox) e Kirby (Hayden Panattieri).
O número de cenas de assassinatos é bem grande o que garante que o filme seja muito agradável de assistir porque elas são excelentes, a dupla de diretores domina a linguagem do gênero e é capaz de criar imagens sangrentas e fortes com seus personagens, a ambientação em Nova Iorque os permite realizar ideias criativas e cativantes para seus assassinatos. A cena que se destaca é o ataque do Ghostface no metrô durante o Halloween, ali vemos centenas de pessoas com fantasias dos melhores filmes de terror da última década que coloca os personagens no meio de todos monstros que somos acostumados a ver na telona com o medo real de um ataque. Quase tudo que não são os ataques é meio sem graça, sem estética nenhuma, nem de filme B, é nítido que existe uma hierarquia de importância entre as cenas mas a preguiça do roteiro e da direção sempre que o Ghostface não está em cena é um pouco frustrante, dito isso a relação entre as irmãs e a de Sam com seu passado ainda mostra uma fagulha do que pode vir na franquia.
1996 foi há muito tempo. A auto-referência, ou referência a outros filmes, o que começou a ser chamado sem parcimônia (e sem precisão) de metanarrativa, não é mais exceção na cultura pop, todos anos temos diversas produções com esse tipo de recurso. “Pânico 6” por vezes tropeça nas próprias regras tentando fazer comentários sobre o gênero terror e suas regras e cai em armadilhas autoimpostas para tentar manter o status da franquia auto referente, porém a ideia de trabalhar com a franquia do Ghostface dentro do próprio universo “Pânico” possibilita alguns novos comentários com algum potencial, o mais interessante é a influência desses filmes para uma cultura cíclica de violência tanto nos assassinos como nas vítimas, o problema é que “Pânico 6” faz isso de maneira um tanto tímida e ao final prefere sua fórmula. Com tudo isso, é um filme extremamente divertido, mesmo que não tão engraçado quanto outros da franquia, com grandes momentos e duas protagonistas incríveis.