As Melhores Animações do Século 21 (até agora)


Todos sabem que animação é coisa de adulto.

As crianças normalmente enchem as salas, mas somos nós que aproveitamos de verdade.

Brincadeiras a parte, os melhores exemplares do gênero são justamente aqueles que conseguem entreter o público jovem enquanto fazem o adulto pensar e, em alguns casos, perceber que assistir tudo com o olhar de criança é ainda melhor.

A dificuldade em listar animações se dá, principalmente, pelo fato de que elas não expressam um gênero próprio. O fato de serem animadas por computador, ou a mão, ou por stop-motion, as torna iguais apenas em forma, pois em sua essência podem conter histórias completamente diferentes contadas de maneiras completamente diferentes.

Por exemplo, nas animações que vou listar abaixo temos comédias, aventuras, fantasias, super heróis, dramas familiares, dramas existenciais, dramas inter-pessoais, romances, muita ação e até um documentário. E o que torna todos estes classificáveis dentro de um sub-gênero? Todos são, bem, animados.

Então hoje, e dentro da nossa proposta de listar os melhores filmes do século em um ano onde novos filmes praticamente não irão ver a luz do dia, decidi listar as 21 melhores animações do século 21. As críticas estarão linkadas nas postagens e, caso queiram conferir outras de nossas listas, eles estão aqui:

Mas antes de começar, aqui vão algumas menções honrosas especiais e que acho que devo explicar (as outras poderão ser conferidas próximo ao final da lista), se quiserem considerá-las como as posições 22 a 32, a vontade.

  • Tenho um apreço pessoal por “A Era do Gelo”, por mais convencional que seja.

  • “A Fuga das Galinhas”, por trás de sua estranheza, é um filme incrivelmente relevante no Brasil de 2020;

  • “Kubo” é um dos stop-motion mais bonitos que já vi e traz uma narrativa rica em elementos, assustadora em alguns momentos e comovente em outros;

  • “A Tartaruga Vermelha” é uma linda história co-produzida pelo Studio Ghibli que, inteiramente sem diálogos, oferece visuais deslumbrantes e uma narrativa comovente;

  • “Procurando Nemo” é o favorito absoluto de muitos, mas nunca me conquistou da forma como gostaria, ainda assim, sua perfeição técnica e seus temas familiares levam muitos às lágrimas;

  • “Waking Life” é a melhor exemplificação de um sonho acordado que assisti, e oferece conceitos fascinantes sobre a natureza humana;

  • “O Castelo Animado” nos apresenta a um dos mundos fictícios mais elaborados e vivos já criados, não entrou por detalhe.

  • “Moana” é uma das pouquíssimas obras a trazer a cultura negra para a tela, e apesar de ser estruturalmente convencional demais, a Moana em si é uma grande personagem, independente, divertida e admirável, além de o filme contar com a melhor interpretação da carreira do The Rock;

  • “Coco” é visualmente estonteante, sua mensagem mais do que importante, uma pena que Miguel não convença como um protagonista ao nível de outros da Pixar;

  • “Zootopia” faz absolutamente tudo certo em sua crítica à discriminação, exceto pelo fato de que a coelhinha, que não aceita ser chamada de “bonitinha” por outras espécies (alusão clara à palavra N——, utilizada pela comunidade negra norte-americana), é dublada por uma atriz branca. Por isso, por mais consciente - e ótimo! - que o filme seja, não consigo classifica-lo na listagem principal.

  • “Divertida Mente” é uma das obras mais aclamadas da Pixar, mas tenho profunda dificuldade em me conectar com sua personagem humana, considero as emoções pouco inventivas visualmente (a Alegria me irrita, na verdade) e no fim acho uma excelente ideia mal aproveitada, porém reconheço que sou do contra e que é um bom filme, mas, na minha lista, não entrou.

E só pra não deixar passar em branco, aqui também entra os famosos cinco minutos de “Up” que, caso fosse um curta, estaria bem alto na lista.

Pois bem, sem mais delongas, estas são as melhores animações do século 21.

Ah, como sempre, alerta moderado de spoilers:


melhores animações século 21

21 | A noiva cadáver

Não sou fã do cinema de Tim Burton, mas esta pequena animação me conquistou por conta de sua absoluta estranheza.

Contando a história de um jovem que, sem querer, acaba se casando com a personagem do título, este é um dos poucos longas da carreira do diretor a empregar esta estranheza em favor de sua narrativa.

Mais do que isso, é um filme que fala sobre como, se não vivermos direito, a vida se torna apenas o que imaginamos da morte, sendo que não sabemos se, assim como em “A Noiva Cadáver”, teremos uma segunda chance de aproveitar o que aqui não aproveitamos.

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melhores animações século 21

20 | a ganha pão

Um daqueles filmes que as crianças tem de assistir, mas provavelmente seria melhor que esperassem um pouco, “A Ganha Pão” é dirigido por Nora Twomey e baseado no livro da ativista Deborah Ellis.

Nele, vemos a história de uma menina de onze anos crescendo no Afeganistão comandado pelo Talibã e que, para poder andar na rua, tem de se passar por menino.

Misturando folclore com um realismo brutal, poucos filmes de guerra são tão dolorosos como este, que joga uma luz cada vez mais recorrente no cinema para esta cultura retrograda que ainda rege tantos países mundo afora.

É um soco no estômago que você provavelmente não vai esquecer.


melhores animações século 21

19 | anomalisa

Escrito e dirigido por Charlie Kaufman (meu roteirista favorito, diga-se), “Anomalisa” é uma animação que, definitivamente, você não deve mostrar para qualquer criança, a não ser que as queira traumatizadas por um bom tempo.

Contando a história de um escritor com uma síndrome que o faz enxergar todos com o mesmo rosto inexpressivo, é um retrato ultra-realista do egoísmo de um homem, com um twist de fantasia que apenas Kaufman consegue adicionar.

Se ficar entediado durante a projeção, não deixe de examinar todos os cantos da tela, pois eles contam a história tanto quanto os personagens.

Leia nosso artigo Beyond


melhores animações século 21

18 | valsa com bashir

Parece de propósito, mas juro que não coloquei todas as animações adultas uma atrás da outra por querer.

“Valsa Com Bashir” é um raríssimo documentário em forma de animação e serve como terapia para seu idealizador, Ari Folman que, ao entrevistar ex-companheiros da Guerra do Líbano, tenta recordar se as memórias que tem do evento são reais.

Melancólico, com uma sequência inicial aterrorizante e uma final arrasadora, é um filme único na história do cinema e, por isso, merece muito ser conferido.

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17 | crianças lobo

Apesar de este ser muito mais aproveitável para o público infantil, ouso dizer que apenas os adultos vão conseguir captar toda a emoção presente nesta jóia de Mamoru Hosoda.

Aqui acompanhamos a história de uma jovem viúva e sua decisão de se mudar para o campo para melhor cuidar dos dois filhos sozinha. O detalhe: ambos são meio lobo.

Abordando o coming of age como poucos cineastas de carne e osso, Hosoda cria um filme direcionado para o amor que as mães sentem pelos seus filhos e para todos os sacrifícios que fazem, além de utilizar seus temas fantásticos para fazer comentários pontuais sobre nossa relação com o planeta Terra.


melhores animações século 21

16 | o menino e o monstro

Dobradinha de Hosoda, aqui sim um filme que os pequenos TEM de assistir.

Inspirado pelo shonen (estilo de mangá/anime voltado para jovens e do qual “Dragon Ball” e “Naruto” fazem parte), “O Menino e o Monstro” consegue equilibrar sua trama de ação e aventura com um drama existencial relacionável, pontuado com combates de tirar o fôlego e momentos capazes de causar calafrios em qualquer espectador.

Simples e divertido em sua execução e encantador em sua mensagem, é um prato cheio para as crianças mais agitadas e que, definitivamente, vão querer imitar Kyuta assim que o filme acabar.

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melhores animações século 21

15 | lilo & stitch

É fácil esquecer de “Lilo & Stitch”.

Digo, do filme, não do personagem que se tornou um dos mais comerciáveis da Disney porque temos um apreço incondicional por pequenos monstrinhos.

Mas vocês percebem que este foi um dos primeiros longas animados, da história do cinema, à trazer personagens uniformemente não brancos e isso tudo antes da onda de representatividade recente?

E não apenas por isso, mas além de trazer belas mensagens (e algumas músicas do Elvis em sequências hilárias), comove com o drama vivido por Lilo e Nani, ao passo que o pequeno Stitch tem de abandonar sua natureza caótica para poder encontrar algo que nem sabia querer.

Uma tal de Ohana.


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14 | Frozen

A cada ano que passa parece que o feitiço de “Frozen” se esvai, pouco a pouco, por conta da saturação do longa advinda de sua quase inigualável popularidade.

Mais do que um jovem clássico da Disney, que revigorou o status do estúdio que há anos não se equiparava à Pixar e Ghibli, o longa se tornou um marco na cultura popular justamente por continuar uma tendência de reverter as convenções que tornavam as princesas do passado em românticas desesperadas por um marido.

É um filme sobre Elsa e Ana, sobre o amor entre duas irmãs, sobre magia e, como muitos já apontaram, sobre estar livre consigo mesma e não ter mais que se esconder perante os outros.

Tudo isso e mais o Olaf.


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13 | o fantástico sr. raposo

Basta bater o olho neste fantástico Sr. Raposo para saber que se trata de mais um filme do cineasta mais perfeccionista desde Stanley Kubrick.

Wes Anderson definitivamente deveria batizar todas as doenças de ordem compulsiva.

Com uma história surpreendentemente rica em seu debate sobre mediocridade, conformidade, e sobre a natureza selvagem do ser humano, esta bizarra animação diverte do início ao fim entregando uma variedade de personagens memoráveis no caminho.

Além, é claro, de trazer um universo suficientemente recheado de elementos para que terminemos o filme querendo mais.

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12 | as bicicletas de belleville

Este é, de longe, o filme mais esquisito nesta lista.

De tão longe, que não vou nem contar sobre o que é, apenas dizer que poucas vezes me vi tão imerso em um mundo - por mais abrasivo que seja - fictício.

Em uma escala micro é um filme sobre conformidade, depressão e devoção; em uma escala macro, funciona como uma visão ácida e quase apocalíptica da sociedade que vivemos.

Poucas vezes você vai ver personagens tão “exóticos” em tela, o fato de acabar se encantando por eles torna esta absoluta obra prima de Sylvain Chomet ainda mais memorável.

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11 | monstros s.a.

O apelo de Monstros S.A. é mais complicado de se compreender do que o de outros filmes da Pixar.

Aparentemente menos comprometido em passar uma lição de moral para os adultos e de transmitir ensinamentos valiosos para as crianças, o longa protagonizado por Mike e Sulley é mega divertido na superfície - graças à dupla e a Boo, é claro -, mas é preciso um mergulho mais profundo para encontrar o tesouro escondido.

Em sua mais pura essência, é um filme sobre preconceito, ignorância coletiva e sobre o final da infância. Visualmente, é um atestado da criatividade do estúdio em um de seus mundos mais imersivos que, literalmente, dá vontade de morar.

Leia nosso artigo Beyond


melhores animações século 21

10 | os incríveis

Apenas me dei conta da qualidade desta lista quando percebi que é simplesmente impossível elaborar um top 10 sem que ao menos uma mão cheia de obras primas fique de fora e no momento que vi que o incrível “Os Incríveis” (desculpem pela piada) ficou apenas na décima posição, me desarmei.

Mais divertido do que 95% de todos os filmes de seu outro gênero (o super-herói), o longa ainda traz temas surpreendentes para uma animação infantil: crise de meia-idade, crise de adolescência, o fato de que pais jamais conseguem entender os filhos, fidelidade, altruísmo, mediocridade.

Engraçado do início ao fim, o filme ainda evoca “007” com eficácia, emprega um belo jazz em suas composições musicais e nos entrega um dos melhores vilões de dois gêneros, em uma reviravolta extremamente subestimada.


melhores animações século 21

9 | wall-e

Poucos filmes desta lista são tão aclamados como “Wall-E”.

A história do robozinho catador de sucata que se apaixona pela superior Ava é linda; a história do robozinho catador de sucata que segue em busca de completar sua tarefa é inspiradora; a história do robozinho catador de sucata que busca um sentido maior para a vida é comovente; a história do robozinho catador de sucata que é o último traço de humanidade que ainda temos é inigualável na filmografia da Pixar.

Responsável por mudar a estrutura do principal prêmio no Oscar, “Wall-E” é um dos melhores filmes em seus três gêneros: um romance apaixonante, um sci-fi crítico e realista, uma animação soberba onde cada frame poderia ser um quadro.

Mesmo sem falar sequer uma palavra, Wall-E nos encanta e nos inspira, de sua maneira peculiar, a sermos pessoas melhores.


melhores animações século 21

8 | ratatouille

O diretor de “Ratatouille”, Brad Bird, também dirigiu “Os Incríveis”, um filme que falava sobre mediocridade e com um vilão que acreditava em um mundo onde, se todos fossem super, ninguém mais seria.

Aqui, ele complementa estas ideias com a frase: qualquer um pode cozinhar e fica claro que ele não sugere que todos tem a mesma capacidade para as mesmas coisas, mas que o talento pode vir, sim, de qualquer pessoa.

Nesse sentido, “Ratatouille” vai ainda mais além que “Os Incríveis”, ao colocar um personagem que representa as minorias em um ambiente hostil, nos fazendo questionar um dos principais estigmas da sociedade e que volta e meia repetimos.

E tudo isso vestido de uma divertida aventura de um ratinho pelas ruas de Paris, com pratos tão chamativos que chegamos a sentir o aroma.

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melhores animações século 21

7 | shrek

E teria como ficar de fora?

“Shrek” não apenas ganhou o primeiro Oscar de Melhor Animação, mas deu um tapa na cara da Disney e seu padrão tradicional de princesas indefesas a espera do cavaleiro no cordel encantado.

O que vemos é um ogro por fora e por dentro, completamente egoísta e sem um pingo de preocupação com algo que não seja ele próprio. Ainda assim, Shrek, o personagem, nos ensina a apreciar a beleza das pessoas sem ver o externo e a aceitar as diferenças que todos temos.

Além disso, o Burro é o melhor personagem de Eddie Murphy desde então e a Fiona foi uma das primeiras princesas a subverter a conotação machista que a palavra tomou.

Hilário para as crianças (tente contar a quantidade de piadas com flatulência) e fascinante para os adultos, “Shrek” é um marco nas animações e não é difícil enxergar a sua influência nos anos seguintes.

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6 | Persépolis

Baseado no livro de Marjane Satrapi, o filme também dirigido por ela é uma das obras mais importantes do cinema nestes últimos 20 anos.

Nele assistimos uma auto-biografia, de uma menina que cresceu no estopim da guerra entre o Irã e o Iraque, e viu sua vida mudar drasticamente por conta disso.

Com um estilo de animação que remete às primeiras obras do gênero, “Persépolis” não é recomendado para as crianças, por mais que ache que todas deveriam assistí-lo.

Não há lição de história que exemplifique melhor a dor que esta menina passou, e o fato de sempre estar disposta a tentar sorrir nos faz olhar para nossas próprias vidas e questionar coisas das quais tanto reclamamos.

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melhores animações século 21

5

o menino e o mundo

De maneira alguma a colocação do filme de Alê Abreu, tão alto na lista, se dá pelo fato de ser brasileiro. Mas aviso que o faria com o maior prazer se fosse apenas para exaltar a beleza e riqueza do cinema em nosso país.

Porém, “O Menino e O Mundo” não é apenas bom, mas uma legítima obra prima que em seus curtos oitenta minutos traz uma síntese da nossa diversidade cultural pelos olhares de uma criança apaixonante que, sem falar nenhuma palavra - e nem sequer tendo uma boca desenhada - convém um mar de emoções que vão desde o medo, à saudade, à inerente curiosidade do ser.

De certa forma é um filme sobre crescer e conhecer o mundo. De outra é um filme sobre o Brasil e as muitas histórias perdidas em nossa imensa vastidão. De mais uma é sobre os diferentes olhares e fases que temos na vida. Ainda de outra é uma celebração do brasileiro.

Com uma trilha sonora perfeita, um estilo de animação único e deslumbrante e uma narrativa surpreendente, é um de nossos melhores filmes e a quinta melhor animação de um século que com 20 anos já supera o passado neste quesito.


melhores animações século 21

4

o conto da princesa kaguya

Este é o primeiro filme dos Estúdios Ghibli na lista, o que é surpreendente, pois considero o estúdio como o patamar mais alto das animações em todo o mundo.

É claro que a Pixar também atingiu este patamar com uma série de obras primas durante os anos 2000, afinal, alguns dos melhores do estúdio encabeçado pelo gênio Hayao Miyazaki são de antes dos anos 90, mas é por conta de obras como esta que ainda não estou disposto a mudar o primeiro lugar.

“O Conto da Princesa Kaguya” é simplesmente extraordinário.

O filme mais caro da história do Japão emprega um estilo de animação que relembra desenhos em giz, adaptando uma história de mil anos sobre uma princesa encontrada por um cortador de bambu e transformando este Japão milenar em um universo tão vasto e palpável que é como se esquecêssemos do mundo a nossa volta.

Mas mais importante do que isso, o filme de Isao Takahata corta nossos corações ao nos fazer encantar, sofrer e chorar pela jovem Kaguya, cujo destino, por mais fantástico que seja, jamais deixa de ser trágico. E o pior, de se comunicar com a forma como tratamos nossas meninas em diversas partes do mundo, ainda em 2020.

É um filme que pode ser aproveitado por todos e que, ao final, deve te conquistar e marcar para sempre.

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melhores animações século 21

3

homem aranha no aranhaverso

Meu maior problema com as animações ocidentais reside no fato de que temos uma quantidade insignificante de filmes com protagonistas negros.

Diana e Moana são as únicas que consigo pensar, ao passo que Lilo é havaiana e Miguel é mexicano.

E então, 2018 traz “Pantera Negra”, que se prova um marco na história do gênero super herói e do cinema afro-descendente, mas que, por melhor que seja, ainda não consegue superar a surpresa mais revigorante de todos os anos 2010. Se você disser que esperava que o novo Homem-Aranha da Sony seria tão bom, estaria rico pois teria jogado na loteria e ganhado.

Miles Morales é, simplesmente, o personagem mais real que já vi em um filme de super herói. Um jovem como tantos outros, ele usa Air Jordans, cantarola canções de rap, fica nervoso para falar com as meninas da escola, tem vergonha de falar que ama os pais em público, tem problemas com a puberdade, tem inseguranças, medos, anseios, dúvidas. E o próprio universo onde se encontra é marcado pela dualidade: o pai é policial, o tio um criminoso; é um menino negro em uma escola dominada por brancos; é um gênio da ciência, mas parece apaixonado pela arte.

E o filme que protagoniza, por sua vez, subverte convenções, quebra a quarta parede, cria conexões e possibilidades impossíveis para um live-action, nos apresenta à um número de outros aranhas - um mais fascinante que o outro - inova no estilo de animação se tornando o mais próximo possível de uma revista em quadrinhos e ainda é o primeiro herói desde as trilogias de Raimi e Nolan que nos faz entender o significado da palavra herói.

Resumindo: “Homem-Aranha: No Aranhaverso” é o verdadeiro espetacular.

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2

toy story 3

Já escrevemos sobre “Toy Story” algumas vezes neste site e em algumas delas acabo me repetindo, então serei breve, pois não acho que haja melhor exemplificação para a força deste filme do que esta frase:

Em algum momento da sua vida, você brincou com seus bonecos pela última vez… e não sabia disso.

Para quem assistiu ao filme, sabe que, possivelmente, a cena mais bonita da história de um estúdio especializado nisso mostra exatamente este momento, onde Andy finalmente encerra uma parte de sua vida para poder viver o resto dela. E por conseguirmos enxergar as emoções nos rostos estáticos daqueles bonecos, temos a certeza de que o que a Pixar faz não é nada menos do que magia.

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21 menções honrosas em qualquer ordem específica: A Era do Gelo; Up; Filme do Simpsons; Como Treinar Seu Dragão; As Memórias de Marnie; Kimi no Ma Wa; Perdi Meu Corpo; Ernest e Celestine; Com Amor, Vincent; It’s Such a Beautiful Day; Funan; Rango; Coraline; Vidas ao Vento; Ponyo; Ilha dos Cachorros; Enrolados; A Princesa e o Sapo; Valente; Qualquer outro filme do Ghibli; Qualquer outro filme da Pixar.


melhores animações século 21

1

a viagem de chihiro

Eu tenho um amigo simplesmente apaixonado por “Harry Potter”, com tatuagem e tudo. Horas também sou um aficcionado pelo universo de Rowling e cresci com ele, tendo apreço o suficiente para escrever sobre todos os filmes da franquia em menos de duas semanas. Porém, entramos em uma discussão acirrada que infelizmente ele não teria como ganhar, pois “A Viagem de Chihiro” não é apenas a melhor animação do século 21, mas também o melhor filme de fantasia (ou pelo menos trava uma briga até a morte com a trilogia “Senhor dos Anéis”).

Possivelmente o filme mais influente do gênero desde que fora lançado, acompanhamos aqui Chihiro, uma menina de 10 anos inspirada em jovens reais, que não tem como objetivo de vida encontrar um príncipe ou conquistar o crush da escola. Na verdade, Chihiro ainda nem tem objetivos, ela apenas vive, como a maioria de nós aos dez anos. Por isso, quando ela se perde em meio ao mundo dos espíritos, amedrontador por natureza, sentimos como se fossemos nós.

Pois se a Pixar oferece janelas para novos mundos, onde aventuras grandiosas acontecem, o Ghibli simplesmente te mergulha neles e te deixa experienciar ao menos um pouco de sua magia. Durante duas horas somos transportados à um lugar que existe há milhares de anos, com suas próprias regras, criaturas, cultura, onde cada detalhe é preenchido com histórias que não vemos mas que estão ali. Nunca há a sensação de início e fim, por vezes nem vemos um objetivo a ser atingido, apenas personagens reais vivendo experiências fantásticas, as vezes assustadoras, as vezes engraçadas, sempre transformadoras.

E é sobre isso que a obra prima de Miyazaki trata: Uma espécie de “Alice no País das Maravilhas” elevado a enésima potência, é um filme sobre identidade, sobre descobrir quem é e lutar para continuar sendo, sobre responder às adversidades, sobre enxergar em si a dor dos outros e enxergar nos outros a própria dor para, então, podermos aprender e crescer.

Ao final do filme, a única certeza que temos é que a menina que lá entrou não é a mesma que saiu e que seremos eternamente gratos por dividir com ela esta fantástica aventura.

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