Os Melhores Filmes de Romance do Século 21 (até agora)


Se construir o top 10 dos melhores filmes do gênero na década passada foi consideravelmente complicado, repito a frase com que comecei aquele texto: o grande problema em definir qual o melhor filme de romance em um determinado período é que a cada 10 filmes lançados, 9 tem em sua essência uma história de amor sendo contada, independente de que tipo de amor estejamos falando. Talvez por ser o sentimento mais “simples” de se transcrever para a telona - basta ter duas pessoas se olhando apaixonadamente e pronto, amor - ou pelo “simples” fato de que a vida não existe sem amor, definir exatamente o que é um romance se torna uma tarefa quase tão difícil como amar.

Mas esta lista foi ainda mais além.

Ao assistir, ou re-assistir, série de filmes que logo abaixo vou listar, percebi que dentro do gênero que podemos definir primordialmente como romance há uma quantidade considerável de bons exemplares em todos os seus sub-gêneros. Do drama, à comédia, à deliciosa mistura dos dois, ao musical, à ficção científica, à fantasia. Decidi, então, fazer duas listas, uma com filmes “tristes” e outras com filmes “felizes”, mas a ideia foi por água abaixo porque percebi que categorizá-los em uma lista ou outra estava dando ainda mais trabalho.

Por fim, decidi simplesmente aumentar o número de filmes, de 10 para 21 (combinando com o período que estou cobrindo), e há apenas dois critérios:

  1. O foco principal tem de ser o amor e, por isso, filmes como “Drive” e “Baby Driver” (ação), “La La Land” (menos sobre o casal, mais sobre os sonhos de cada um), “Moonlight” e “Azul é a Cor Mais Quente” e “Moonrise Kingdom” e “O Incrível Agora” e “As Vantagens de Ser Invisível” (todos coming of age), “Eu, Você e Todos Nós” (uma obra prima inclassificável), “Closer” (me dói, mas é menos sobre o amor e mais sobre a individualidade de seus personagens), entre outros tantos.

  2. O filme tem de ser bom.

Mas antes de irmos aos 21 escolhidos, aqui está a lista completa de filmes que foram considerados para o top e não entraram por um motivo ou outro, sem qualquer ordem de preferência, mas que definitivamente valem seu tempo:

À Procura do Amor, Under the Hawthorn Tree, Longe do Paraíso, High Fidelity, Sideways, O Diário de Bridget Jones, Simplesmente Amor, Dois Amantes, Southside With You, Amor Pleno, Podres de Ricos, 500 Dias Com Ela, Don Jon, Amor e Basquete.

E um destaque especial para: A Forma da Água, O Lado Bom da Vida, Diário de uma Paixão.

Finalmente, aqui estão os 21 melhores filmes de romance do primeiro quinto deste século.

Ah, alerta para spoilers moderados.


para todos.jpg

21 | beyond the lights

Uma espécie de “Nasce Uma Estrela” perdido, “Beyond The Lights” oferece uma visão ainda mais instigante sobre a indústria musical e como esta sexualiza suas jovens cantoras enquanto reprime suas personalidades artísticas.

Pode ser um pouco melodramático demais, mas, ao final, figura como um dos poucos filmes que explora o amor negro contemporâneo, além de contar com duas performances impressionantes de Nate Parker e da esnobada Gugu Mbatha-Raw.

É um filme sobre a pressão colocada nos jovens, ao passo que estes encontram um no outro aquilo que mais precisavam: a si mesmos.


beyond.jpg

20 | para todos os garotos que já amei

Se excluísse o amor adolescente por completo desta lista estaria ignorando um dos principais públicos do gênero e, honestamente, mentindo para mim mesmo.

Escrito e dirigido por duas mulheres, o filme faz um excelente trabalho de examinar a mente da garota não tão popular e deslocada, enquanto desenvolve suas paixões de forma simples, mas explorando (positivamente) a paixão adolescente, com todo o drama excessivo e conversas tão complexas como “você nunca viu Clube da Luta?” (se aí o filme não conquistar o público masculino…).

Tudo isso, ainda, agraciado pela química da promissora Lana Condor e do projeto de galã Noah Centineo.

Este é um daqueles filmes que as namoradas forçam os namorados a assistir apenas uma vez, pois todas as outras a escolha será conjunta.


SHAPE OF WATER.jpg

19 | Amor a Toda Prova

Com Steve Carrell, Ryan Gosling, Emma Stone e Juliane Moore, é difícil imaginar um elenco mais convidativo de se assistir do que este.

Jogando como uma comédia familiar e mostrando os mais diversos ângulos do tal amor louco e estupido do título original, é um daqueles filmes que você não cansa de assistir porque ele não exige quase nada de você, e ainda vai te arrancar as mesmas risadas de novo e de novo.

Várias de suas sequências são memoráveis, mas talvez nenhuma tanto como o monólogo de Carl no final, que percebe como falhou com o filho que logo esquece suas desilusões para se declarar pela milésima vez a sua ex-babá.


18 | se a rua beale falasse

Honestamente, me decepcionei um pouco com o segundo filme de Barry Jenkins, pois considero “Moonlight” um dos melhores filmes destes últimos anos.

Mas este “Se a Rua Beale Falasse” cresce em você ao passo que nosso mundo se revela cada vez mais parecido com aquele que fez o casal interpretado por KiKi Layne e Stephan James sofrer por tantos anos apenas por serem quem são.

Ao nos mostrar seu amor sendo construído ao mesmo tempo em que vemos as dificuldades que passariam no futuro, Jenkins mostra que é um mestre, também, da ironia. Por mais dolorida que esta seja.

Leia a crítica


in the mood.jpg

17 | embriagados de amor

Sim, Adam Sandler sabe atuar, mas não foi apenas em “Jóias Brutas” que ele mostrou isso.

Se naquele filme vemos uma versão super saturada de sua conhecida persona, nesta comédia romântica de Paul Thomas Anderson é como se ele retraísse sua grotesca personalidade em um ser estranho, mas estranhamente adorável.

Para os fãs de Sandler, no entanto, pode ser uma decepção, pois se acabam gostando dele por causa de seu senso de humor comprometido, aqui vemos um ser humano, literalmente, embriagado de um amor mais do que bonito e sincero.


punch.jpg

16 | nasce uma estrela

A discussão acerca da saúde do relacionamento de Jackson e Ally é válida e diz muito sobre vários casais que eu e você conhecemos.

Porém, ao menos para mim, fica claro que um dos maiores hits de 2018 é, principalmente, sobre o amor infindável que despertou no coração de cada um deles no momento em que se olharam pela primeira vez.

Com um número de canções marcantes - “Shallow” foi a mais popular, mas a da cena final me pega toda vez -, a quarta edição desta história prova que, assim como a música, o amor se renova a cada geração e merece uma nova abordagem.

Este é falho e trágico, mas indiscutivelmente intenso e verdadeiro.

Leia a crítica


LADO.jpg

15 | amor à flor da pele

Os personagens desta obra de Wong Kar-wai estão presos.

Dentro de seus casamentos, dentro de sua sociedade, dentro das amarras que colocaram em si mesmos.

Não demora para que sintam algo um pelo outro e que percebam o que sentem, mas alguém não se liberta de anos de reclusão emocional tão facilmente.

Inspirando um outro longa, mais acima na lista, este filme de Hong Kong, absolutamente rico em sua linguagem, ainda tem lições valorosas sobre destino, cultura e o nosso lugar no mundo. Pode não ser agradável de se concluir, mas seu impacto é duradouro.

Leia a crítica


amelie.jpg

14 | O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

O filme mais esquisito da lista e mais desafiador para os espectadores menos acostumados, “Amélie” é difícil de ser tragado de primeira.

Isso porque somos apresentados ao mundo hiper-estilizado e peculiar de sua protagonista, que antes de descobrir o amor tem de descobrir qualquer sentido para a própria vida.

E por mais que esta primeira descoberta seja a mais fascinante do filme, é justamente por nos importarmos tanto com esta menina de olhos arregalados e cabelo curto - que inspirou milhões mundo afora - que a ver viajando sobre o motivo de seu pretendente demorar a chegar se torna uma tarefa relacionável, preocupante e divertida.

Leia nosso artigo: Filmes Para Toda Hora


13 | Carol

Com duas das melhores atrizes de suas respectivas gerações, “Carol” é ao mesmo tempo um romance atemporal e um drama histórico, sobre duas mulheres que têm de fugir do mundo para poder viver uma paixão que, na época, era tratada como doença.

Tendo sofrido duplamente no Oscar de 2016 por conta não apenas de seu relacionamento homossexual, mas ainda mais por ele ser protagonizado por duas mulheres fortes e determinadas, talvez a coisa que mais assuste os velhotes da academia que veem nos outros personagens da narrativa os verdadeiros heróis.

“Carol” é lindo, triste e necessário, não necessariamente nessa ordem.


blue.jpg

12 | Blue Valentine

Me recuso a utilizar o título em português porque ele foi escolhido por pessoas que, definitivamente, não assistiram à esta pequena obra prima de Derek Cianfrance.

De um lado, uma contagiante historia de amor entre dois jovens aparentemente perdidos. De outro, um doloroso feriado que deveria fazê-los rever o que haviam encontrado um no outro anos atrás, mas que serve apenas para verem como isto, ao menos para um deles, há muito se perdeu.

Um amor tão intenso como problemático, é um filme que vai além e oferece uma visão real e dolorosa de como as vidas daqueles envolvidos pode ser afetada pelas decisões que tomam, sejam elas erradas ou não. É sobre estar estagnado e estar feliz, ou triste, com isso.

É de cortar o coração, e é inesquecível.

Leia a crítica


loving.jpg

11 | Loving

De certa forma, “Loving” é um filme extremamente convencional. Um drama histórico sobre a, aparentemente, interminável luta por igualdade nos Estados Unidos.

Porém, ao focar no amor de Richard e Mildred Loving e como este foi o motivo de os Estados Unidos abolir uma de suas leis mais absurdas - a de que casais interraciais não poderiam se casar - e não no caso em si, Jeff Nichols constrói uma linda narrativa que jamais questiona o sentimento dos dois

Em uma cena onde se espera que fossem brigar ele a olha e diz que pode cuidar dela. Em outra, ele deita em seu colo como que pedindo o mesmo em troca. Para pessoas que sofreram tanto, aquilo é tudo o que precisam.

Leia a crítica


the big.jpg

10 | doentes de amor

Uma comédia ácida que, no próprio título, faz piada com o drama que seus personagens enfrentam. Ainda assim, poucos filmes desta lista são tão apaixonados como esse.

Escrito pelo casal que inspirou a história, “Doentes de Amor” ainda levanta questões relevantes sobre casamento, fidelidade e, principalmente, sobre uma cultura extremamente retrograda que limita a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Sem momentos chorosos durante toda sua projeção, a cena final, por mais bonitinha que seja, deve resolver o problema.

Leia a crítica


alpha.jpg

9 | QUESTão de tempo

Por muito tempo, ouvi meu melhor amigo idolatrando este filme e, por motivos de exaustão, criei uma certa barreira que me impediu de apreciá-lo por completo da primeira vez que o assisti.

Porém hoje não apenas entendo a razão do amor, mas a compartilho em sua totalidade. Com todos seus problemas de continuidade e furos no roteiro (viagem no tempo SEMPRE trará estes), “Questão de Tempo” é um filme irresistível.

Tanto sobre o amor como sobre a vida, é sobre como apreciar cada momento como se não pudéssemos voltar para consertá-los, uma obra apaixonante e capaz de provocar as mais variadas reações em todos que a assistirem.

Meu amigo é um apaixonado que sempre se joga de cabeça em tudo que tenta sem nem pensar. Quem diria que, após finalmente entender este filme, eu diria que ele sempre esteve certo?

Leia a crítica


brokeback.jpg

8 | Brokeback Mountain

Para muitos um jovem clássico, este romance/drama de Ang Lee já se tornou um marco visível na cultura popular.

Ao desafiar não apenas nosso preconceito, mas nossos conceitos de amor, identidade de gênero e sexualidade, é um filme que aponta desde o início para um fim trágico, seja este expresso por seus acontecimentos, ou pela dor reprimida de Jack e Ennis.

Porém o que mais dói é imaginar quantos seres humanos já tiveram de viver todas as suas vidas sem assumir não apenas seus amores, mas quem são, vivendo vidas mentirosas e que machucam não apenas a si, mas a todos em sua volta.


call me.jpg

7 | Me Chame Pelo Seu Nome

Acho que nunca assisti um filme tão sedutor como este de Luca Guadagnino.

Não é apenas a relação entre Elio e Oliver, a atmosfera de “Me Chame Pelo Seu Nome” evoca as paixões de todos os seus personagens, homens e mulheres, pintando aquele pedaço de mundo como um lugar sem olhos julgadores, preconceituosos ou invejosos.

É um lugar quente, rodeado pela natureza e que permite que aquelas pessoas sejam quem são: jovens descobrindo o mundo e a si mesmos. Se amando e, inevitavelmente, se machucando, no processo.

Um retrato muito mais esperançoso e caloroso do que aquele de “Brokeback”, é um filme apaixonante sobre um mundo que, infelizmente, sabemos que não existe.

Leia a crítica


once.jpg

6 | apenas uma vez

As chances são que você não tenha assistido a este que é, de muito longe, o filme mais modesto da lista.

Filmado com dinheiro, amigos, apartamentos e instrumentos pessoais, a simplicidade de seus visuais não poderia contrastar mais com a complexidade da história que nos mostra.

A sensação é que, por mais verdadeiro que seja para seus personagens e atores (que não mais atuariam depois dali), é como se tivéssemos uma parcela de tudo que viveram, como se testemunhássemos suas muitas canções sendo compostas.

E, utilizando seu título, basta assistir a este filme apenas uma vez para ser mais do que grato por isso.

Leia a crítica


before.jpg

5

antes do pôr do sol (e da meia noite)

Tive que roubar um pouco aqui e colocar as partes dois e três desta impecável trilogia de Richard Linklater - e deixo claro que o único motivo de não estar em primeiro lugar é porque “Antes do Amanhecer” foi lançado em 1994.

Falar sobre estes filmes é uma tarefa prazerosa.

Dirigidos com a observadora câmera de Linklater, que se move como parte natural de seus belos cenários, ambas as continuações foram construídas conforme foram sendo filmadas, com seus atores literalmente encarnando os personagens, que ajudaram a conceber a partir de uma comovente história que o próprio Linklater havia vivenciado.

Justamente por ser calcado na realidade, por mais apaixonante que seja a relação de Jesse e Celine não é como se os dramas e dificuldades que vivem não sejam fortes o suficiente para separá-los, e se decidem ficar juntos apesar de tudo isso é porque entendem, talvez um pouco melhor que todos nós, o quanto custa amar e se doar para alguém.

Todos estes filmes são clássicos inestimáveis do cinema moderno, justamente por nos lembrarem das pequenas coisas que tornam o amor algo difícil, mas pelas quais vale a pena fazer uma voz de garota impressionada ou recontar histórias sobre máquinas do tempo utilizadas com o intuito de conquistar esta garota. E é apenas natural que a câmera se afaste e jamais nos permita terminar de ouvir aquela conversa, pois mesmo após o rolar dos créditos Jesse e Celine continuam lá, lutando juntos, um pelo outro. E por si próprios.

Leia nosso artigo sobre os três filmes


her.jpg

4

ela

Já escrevi três vezes sobre “Ela” neste site, aqui, aqui e aqui, mas vou tentar trazer algo novo. De novo.

Afinal, já fazem sete anos de seu lançamento e, mesmo assim, é como se ainda fosse consideravelmente a frente de seu tempo. Não apenas por não termos uma Samantha à nossa disposição, mas por vermos que o mundo onde vivemos ainda está perigosamente ligado ao passado, o que nos impede de descobrir coisas que apenas o futuro, nem tão distante, pode oferecer.

Aonde já não poderíamos estar caso, simplesmente, aprendêssemos a amar e a aceitar o amor dos outros? O quanto mais poderíamos descobrir de nós mesmos caso nos permitíssemos considerar justa todas estas formas de amor (Lulu, gênio)? O quanto poderíamos evoluir ao aprender com outras culturas, pensamentos e até mesmo forma de vidas completamente diferentes das nossas?

A resposta ainda estamos longe de alcançar, mas esta obra mais do que especial escrita, dirigida e visualizada por Spike Jonze como uma resposta a sua ex-esposa Sofia Coppola, e com aquela que considero a melhor performance de Joaquim Phoenix, parece nos deixar mais próximo toda vez que a re-assistimos.

leia a crítica


portrait 2.jpg

3

retrato de uma jovem em chamas

Este é, ao meu ver, o melhor filme de 2019, o oitavo melhor filme de sua década, e uma obra tão singular que não sei se um dia teremos qualquer coisa parecida.

Escrita e dirigida por Celine Sciamma e com sua musa como atriz - Adèle Haenel, que interpreta Héloïse, viveu um relacionamento com a cineasta-, “Retrato de Uma Jovem em Chamas” é muitas coisas: um comentário ao mesmo tempo limitante, mas lindo sobre como uma obra de arte só poderá ser apreciada por completo por aqueles que ela viveram; uma dolorosa volta a um passado machista e homofóbico, que limitava mulheres a papéis inferiores em suas vidas profissionais e de meras acompanhantes em suas vidas pessoais; uma história de um amor que jamais poderia ser vivido por completo e, talvez por isso, foi tão forte.

Pois é seguro dizer que Héloïse e Marianne jamais amarão alguém da forma como se amaram durante aquele curto período, onde podiam fugir para o mar, para si mesmas, ou para a tal arte que, de certa forma, imortaliza o que viveram.

Nesse sentido, é também um filme sobre memórias. Estas, intensas demais para serem esquecidas, mesmo que tragam tristezas que, possivelmente, jamais serão superadas.

Afinal, uma das maiores certezas do amor é que, com ele, também vem a dor.

Leia a crítica


lost in.jpg

2

encontros e desencontros

O filme que influenciou “Ela” tem, possivelmente, a pior tradução da história dos títulos traduzidos. E não porque “Encontros e Desencontros” é propriamente ruim, mas porque “Lost In Translation” é tão melhor.

Escrito e dirigido por Sofia Coppola, esta dramédia romântica é sobre estar se sentindo sozinho em um lugar longe de casa, mas, mais ainda, sobre se estar perdido em momentos chaves de nossas imprevisíveis vidas.

A Charlotte de Scarlett Johansson está em sua primeira crise, o Bob de Bill Murray já viveu uma mão (ou pé) cheia delas e, por isso, quando ela pergunta a ele se fica mais fácil ele diz inicialmente que não, mas percebe que, apesar de estar em um momento talvez tão complicado como o dela, ele sabe lidar com o fato de não saber o que fazer a seguir. Ao menos, melhor do que uma jovem com toda a vida pela frente, algo que ele adoraria ter de volta - mas este filme está na posição nove e, curiosamente, é inspirado em outro clássico estrelado por Bill Murray (“O Feitiço do Tempo”).

Embora não saibamos, e talvez nem eles, se o que viveram foi realmente um romance, a verdade é que a verdade daqueles personagens pertence apenas a eles, simbolizada pelo tão comentado sussurro de Bob no ouvido de Charlotte. Agora, que eles encontraram um no outro o que estavam precisando naquele momento… podemos ter certeza.

Leia nosso artigo: Filmes Para Toda Hora


eternal sunshine.jpg

1

brilho eterno de uma mente sem lembranças

Na bem da verdade eu iria inverter a ordem dos dois primeiros filmes, mas fiz um contrato emocional comigo mesmo que o primeiro colocado deveria ter um final “feliz”.

Escrito pelo sempre excepcional Charlie Kaufman e dirigido por um dos poucos seres humanos que consegue dar visão à mente insanamente criativa do roteirista em Michael Gondry, o que vemos aqui é um amor entre dois seres humanos extremamente diferentes. Ele, um solitário convicto, que considera a areia superestimada. Ela, uma esquisitona orgulhosa, que consegue entrar na nuvem que o isolava do resto do mundo. Ele é interpretado por Jim Carrey em um de seus trabalhos mais memoráveis. Ela, por uma jovem e contagiante Kate Winslet.

Mas o que vemos de seus personagens é apenas o externo, sendo que Joel é o mais seguro entre os dois, ao passo que Clementine e sua personalidade sempre em transformação funcionam quase como um mecanismo de defesa para as inseguranças que tem dentro de si.

Adicione uma pitada de ficção científica e fantasia, e temos um filme único, que pode ser resumido àquele memorável diálogo na cena final. Como já dito algumas vezes aqui, amar machuca, amar é difícil, amar é se sentir cansado, entediado, preso, amar é, sim, uma escolha e ao aceitá-lo, devemos saber que sofreremos com isso.

A resposta de Joel a Clementine? Ok.

É o melhor romance, e um dos melhores filmes deste século.

Anterior
Anterior

Mês do Orgulho | Top 10 Filmes LGBTQIA+ dos anos 2000

Próximo
Próximo

Crítica | 10 Coisas que Eu odeio em Você