Os Melhores Filmes de Super-Herói do Século 21 (até agora)
sejamos sinceros, já cansou né?
Talvez nunca na história um gênero tenha saturado tanto quanto a explosão de filmes de herói nestes últimos dez anos, mas, ao invés de os trabalhos se superarem artisticamente, duas fórmulas foram criadas e repetidas a exaustão.
Uma, da Marvel, funciona, apesar de que 95% de seus filmes sejam esquecíveis assim que os créditos comecem a rolar, entre eles, todos os solo (menos “Pantera Negra” e, talvez, o primeiro “Homem de Ferro”). A outra, da DC, não funciona, assim como seu fracassado universo cinematográfico graças a obras primas como “Esquadrão Suicida”, “Batman V. Superman” e “Liga da Justiça”.
A verdade é que a maioria destes filmes visam o retorno financeiro, e não a conquista artística, por vezes esquecendo o que ser um herói realmente significa. Mas volta e meia surge um exemplar que nos relembra do que poderiam ser, e não do que são.
Então hoje, e dentro da nossa proposta de listar os melhores filmes do século em um ano onde novos filmes praticamente não verão a luz do dia, decidi listar os 10 melhores do gênero no século 21. Mas caso queiram saber dos outros que quase entraram na lista, aqui vai uma menção, em ordem de pior ao melhor, dos outros 11 que comporiam o top 21.
“X-Men 2” é muito divertido, melhora em cima do primeiro e faz bem o trabalho em dividir o grupo entre mutantes bons, maus e humanos comuns.
Não sou o maior fã do “Homem de Ferro”, sendo que seus melhores filmes são os “Vingadores”, mas este é especial por começar o universo da Marvel de forma certa (mesmo que eles não seguissem nessa linha depois).
“Vingadores” parecia incrível da primeira vez e continua legal, mas é indiscutível que suas sequências o deixaram na poeira.
“Mulher Maravilha” é um dos cinco ou seis filmes mais importantes do gênero, é bom no primeiro ato, ótimo no segundo, mas desastroso no terceiro onde esquece tudo que construiu em prol de uma versão (bem) piorada de Dragon Ball Z.
“Guerra Civil” é entretenimento puro, possui alguns dos melhores efeitos e cenas de ação que já vi, mas é também previsível e raso. Ah, pelo menos apresenta o melhor Homem-Aranha… de Tom Holland.
“Kick-ass” chega a ser estúpido, mas subverte convenções e diverte do início ao fim. E tem o Nicolas Cage.
A partir daqui o nível começa a subir bastante, pois “Os Incríveis 2” é quase tão bom quanto o primeiro, pecando apenas em não aproveitar a gigantesca oportunidade de apresentar novos heróis de forma mais inventiva (preguiçosa, eu diria), além de ter uma reviravolta bem previsível (e a dublagem brasileira, diferente do primeiro, é horrorosa).
“Batman Begins” é simplesmente sensacional, com uma história de origem digna para Bruce Wayne e com sequências quase psicóticas que apenas nos preparariam para o que veríamos depois.
“O Cavaleiro das Trevas Ressurge” tem alguns momentos “mas como que…”, mas apresenta um dos vilões mais ameaçadores do gênero, a melhor Mulher-Gato do cinema e um final aterrador quando lembramos que este filme não foi o que começou o DCU.
“X-Men: Primeira Classe” é a prova de que nem tudo em versão adolescente fica pior.
“Deadpool” é hilário.
Pois bem, sem mais delongas, estes são os melhores filmes de super herói do século 21. Lembrando que as críticas estarão linkadas nas postagens e, caso queiram conferir outras de nossas listas, elas estão aqui:
Ah, como sempre, alerta moderado de spoilers:
10 | homem-aranha
Hey, se você odeia este filme, assista-o de novo, porque definitivamente deixou a parte ruim da internet te pegar.
De longe a melhor história de origem do aracnídeo, aqui vemos um filme sobre a puberdade, sobre estar deslocado, sobre a dificuldade de lidar com os problemas da vida, sobre a discussão de identidade que todos passamos em algum momento, sobre dor, perda e aceitação do próprio destino.
Também vemos um glorioso filme de super-herói onde há um perigo real que, quando vencido, tira tantas coisas do vencedor que o impede de comemorar.
E peço que comparem o clímax deste filme com o de “Longe de Casa”: aqui, Peter tem de escolher entre salvar a amada e crianças inocentes; lá, os personagens fazem piadas quando estão prestes a morrer. Façam me o favor!
9 | x-men: dias de um futuro esquecido
Sempre fico na dúvida entre este e “Primeira-Classe”, mas pendo para cá por conta da ameaça que aqueles sentinelas causam durante toda a projeção, provocando um medo que poucas vezes senti ao assistir um bando de adultos fantasiados.
Divertido ao brincar com a história e sempre incisivo em sua crítica social, este é o segundo melhor capítulo dos mutantes no cinema (ver abaixo) e apesar de jamais consertar de verdade a linha temporal da franquia, nos faz importar ainda mais com seus personagens.
E isso é definitivamente mais importante.
8 | Corpo fechado (com menção para suas continuações)
Tarantino se referiu a este filme como se “o Super-Homem estivesse na Terra, mas não soubesse que era o Super-Homem”.
Pequena maravilha de Shyamalan antes de este perder os trilhos, o longa lida com o mítico do herói de forma única, o aplicando a nossa realidade e transformando o extraordinário em algo que nos faz questionar sua existência.
Contrapondo o David Dunn de Bruce Willis (em um dos melhores papéis da carreira) com o Elijah Price de Samuel L. Jackson (em outro grande papel) de forma fascinante, Shyamalan brinca de desconstruir o gênero apenas para nos fazer sentir o mesmo arrepio quando percebemos que estamos assistindo a um de seus melhores exemplares.
7 | pantera negra
Talvez este seja, realmente, o filme mais importante da lista.
Ao mostrar a milhões de crianças mundo afora que heróis negros não precisam ser coadjuvantes e que a herança africana é linda demais e precisa ser celebrada, “Pantera Negra” só não está mais alto porque as amarras da Marvel o impedem de ser ainda melhor.
Com uma história reminescente de Shakespeare, um vilão icônico e que te faz pensar duas vezes antes de decidir por quem torcer, visuais deslumbrantes e uma homenagem a cultura africana que ainda nos faz pensar o quão próspero seria o continente se não fosse a exploração, o filme de Ryan Coogler figura como o segundo melhor de todo o MCU (ver abaixo).
6 | guerra infinita/ultimato
Sim, somos uma escola Scorseseana e acreditamos que os filmes da Marvel são sim parques de diversão.
Mas também acreditamos (eu pelo menos, alguns dos meus colegas não) que os momentos vividos nestes parques se tornam memórias mágicas, onde nos divertimos e nos assustamos na mesma proporção e que, mesmo depois de adultos, nos emocionamos ao voltarmos e redescobrirmos suas muitas atrações.
Complementando um ao outro de forma narrativamente convincente e com uma série de momentos icônicos, dois dos filmes mais bem sucedidos da história do cinema podem até ser uma vitória corporativa da Disney/Marvel, mas não deixam de soar como um presente para a criança em cada um de nós.
Quanto mais penso, mais quero voltar e aumentar a colocação de “Os Incríveis” na lista das melhores animações deste século. Mas acredito que a proeza de estar entre os dez melhores de dois gêneros é uma homenagem bastante digna.
O filme mais adulto da Pixar, esta obra prima de Brad Bird simplesmente não envelhece.
Hilário (e a dublagem brasileira se equipara a original, algo que vocês não vão me ouvir dizer com frequência), sugestivo, apelativo para crianças e adultos e com sequências de ação que botam os concorrentes no chinelo, este é um daqueles filmes que a cada revisita parece fazer você enxergar mais coisas, desde as questões sociais e de gênero, envolvendo a família Parr, à sua pertinente discussão sobre mediocridade.
Se tornou um clichê dizer isso, mas não há adjetivo que melhor se adeque a este filme do que aquele que dá nome a seus heróis.
“Logan” faz a proeza que poucos filmes de super-herói conseguem, funcionando em seus outros gêneros sem a necessidade de nos lembrar, constantemente, que o que assistimos saiu de uma revista em quadrinhos (mesmo que faça isso muito bem, também).
Um faroeste tenso e instigante; um drama doloroso e elegíaco; uma ação violenta e impactante; e, é claro, o capítulo final de um de nosso heróis favoritos, o Logan de Hugh Jackman.
Jackman, inclusive, merecia uma indicação ao Oscar por seu trabalho aqui, ao se despedir do personagem que o marcou (e o qual ele também marcou) com uma performance que, assim como o filme onde está inserido, mistura as emoções do presente com as dores do passado, com memórias físicas que lembram constantemente de tudo que estes seres passaram apenas por serem… diferentes.
Com um final triste, mas ainda assim, esperançoso, é difícil superar a mensagem que o melhor filme dos mutantes deixa, por mais agridoce que ela seja.
Sim, “Homem-Aranha: No Aranhaverso” está na mesma posição do top de animações. Sim, vou repetir a descrição que fiz lá:
2018 trouxe “Pantera Negra”, que se provou um marco na história do gênero super herói e do cinema afro-descendente, mas, por melhor que seja, ainda não consegue superar a surpresa mais revigorante de todos os anos 2010. Se você disser que esperava que o novo Homem-Aranha da Sony seria tão bom, estaria rico pois teria jogado na loteria e ganhado.
Miles Morales é, simplesmente, o personagem mais real que já vi em um filme de super herói. Um jovem como tantos outros, ele usa Air Jordans, cantarola canções de rap, fica nervoso para falar com as meninas da escola, tem vergonha de falar que ama os pais em público, tem problemas com a puberdade, tem inseguranças, medos, anseios, dúvidas. E o próprio universo onde se encontra é marcado pela dualidade: o pai é policial, o tio um criminoso; é um menino negro em uma escola dominada por brancos; é um gênio da ciência, mas parece apaixonado pela arte.
E o filme que protagoniza, por sua vez, subverte convenções, quebra a quarta parede, cria conexões e possibilidades impossíveis para um live-action, nos apresenta à um número de outros aranhas, um mais fascinante que o outro, inova no estilo de animação se tornando o mais próximo possível de um quadrinho e ainda é o primeiro herói deste as trilogias de Raimi e Nolan à entender o significado da palavra herói.
Resumindo: “Homem-Aranha: No Aranhaverso” é o verdadeiro espetacular.
Tenho pena de vocês que negam o próprio amor por esta maravilha.
Nenhum filme nesta lista… na história do gênero chegou próximo de discutir a questão da vida dupla de um super herói tão bem como o segundo longa da trilogia de Sam Raimi.
Peter é, com sua cara de filhote inofensivo, um ser humano com problemas reais. Ele não tem dinheiro, não consegue lidar com o amor, não consegue conciliar a faculdade, o emprego e suas responsabilidades como Homem-Aranha. Boa parte do filme é apenas isso, suas dificuldades como jovem adulto, sua relação estreita com Harry, as inseguranças que todos nós passamos um dia.
Reparem: ele desiste de ser o Homem-Aranha e, ao falhar em salvar uma vida (pessoas morrem de verdade e nem sempre há sequências que as tragam de volta), ele percebe que, por mais difícil que seja, ele tem de honrar a famosa frase que seu tio lhe disse. Além disso, vemos o estopim de sua relação com Nova York, quando ele é segurado e conduzido por um mar de mãos as quais acabara de salvar. “É apenas um menino”, um dos figurantes diz.
É simplesmente impossível você não se admirar com a quantidade de temas e momentos de puro êxtase provocados por esse filme. De novo, se você o faz, está indo contra o próprio coração.
Previsível.
Chato, eu diria, mas não podemos fugir da verdade: sem mostrar nenhum feito sobre-humano, este é o filme mais inesquecível em uma lista feita para isto.
Christopher Nolan, talvez o melhor diretor a assumir um projeto do gênero, constrói uma narrativa destinada à se tornar clássica, balanceando todos os seus elementos e temas com cenas emocionalmente exaustivas e visualmente icônicas: vemos um hospital sendo explodido, mas o que mais nos chama atenção é a enfermeira com o rosto pintado que caminha como se nada estivesse acontecendo atrás de si.
Talvez um dia algum Coringa se equipare ao de Ledger (Phoenix fez um bom Travis Bickle versão 2019), mas se pudesse apostar, diria que é impossível. Cena após cena e sem nunca vermos seu rosto por de trás da maquiagem, é um personagem que já derrubou as barreiras do cinema e se tornou parte do imaginário popular mundial. Excelentes vilões normalmente possuem ideologias fortes, o Coringa de Heath Ledger apenas desistiu de todas elas, pois julga a nossa existência como sociedade algo fascinante, desde que provocada com o caos provocado pela natureza humana.
Recheado de efeitos práticos que gritam o realismo presente na narrativa, apresentando conflitos que tiram o melhor, e o pior, do Batman de Christian Bale (ainda seu melhor intérprete) e terminando a quilômetros de distância de onde começou de todos os pontos de vista, “O Cavaleiro das Trevas” é um dos filmes mais comentados de nosso tempo.
E com razão.
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