Os 10 Melhores Álbuns de 2012

A segunda década do século 21 está chegando ao fim e para comemorar (?) decidimos retornar à todos os anos desde 2010 e listar os melhores álbuns, filmes e músicas de cada um.

Listas anteriores:


Pode se dizer que 2012 foi o ano dos cantores/compositores da década, com mais da metade da nossa lista sendo composta por artistas que pro ou co-produziram seus respectivos álbuns em toda sua totalidade. Mais do que isso, foi aqui que reconhecemos - pois já haviam lançados trabalhos anteriormente - três dos maiores talentos do século 21.

Estes são os melhores álbuns de 2012:


10 | andrew bird - break it yourself

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O prolifico compositor e multi-instrumentista Andrew Bird, com seu jeito único de tocar o violino e o transformar em mil e um instrumentos diferentes. Break It Yourself afasta Bird do folk, levando-o para mares pouco mais agitados, o violino agora é só mais um dos instrumentos de corda que constituem esse incrível projeto de pop barroco, depois de tantos projetos, era natural e até esperado uma mudança de ares para Andrew, que resolveu se jogar de cabeça na onda de art pop que tomava e ainda toma conta dessa década.

Melhores faixas: Give It Away, Eyeoneye, Lusitania


9 | cloud nothing - attack on memory

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Numa década que já mostrava os últimos espasmos do rock, o Cloud Nothings certamente se destacou de maneira especial em seu segundo álbum de estúdio. Attack On Memory foi arquitetado pelo produtor/engenheiro de som Steve Albini, a ideia de Albini era soar como um ato ao vivo, dissecar os instrumentos o máximo possível, limitar o uso de compressores e efeitos digitais; a execução foi perfeita, post-hardcore, indie e noise rock se relacionam perfeitamente nesse curto projeto de somente 8 músicas.

Melhores faixas: Wasted Days, Stay Useless, Cut You.


8 | fiona apple - the idler wheel…

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The Idler Wheel… foi o último que ouvimos de Fiona Apple em álbuns de estúdio. Fiona é uma artista que sem dúvidas toma seu tempo para lançar projetos, depois do gap de 7 anos, The Idler Wheel vinha com expectativas grandes, e com certeza as cumpriu em tom maior. A sonoridade é visivelmente diferente dos outros projetos, as progressões são, no mínimo, não ortodoxas, para não dizer estranhas; não é um álbum de momentos luxuosos, calmos e pacíficos; é um álbum cru, de momentos vezes desconfortáveis, cheio de energia e inquieto; onde piano e percussão as vezes soam como um só.

Melhores faixas: Daredevil, Left Alone, Werewolf.


7 | death grips - the money store

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Tão agradável, convidativo e acessível como o filme de terror caseiro mais abrasivo já criado, o grupo de Hip-Hop experimental, ícone da cena underground do gênero, alcança em “The Money Store” sua Magnum Opus. Um álbum difícil e quase homogêneo do começo ao fim em termos de impacto, é um daqueles projetos que você dificilmente vai esquecer, querendo ou não. A pesada voz de Mc Ride e a sonoridade revolucionária de Zach Hill e Andy Morin tornam este um dos lançamentos mais singulares e influentes de toda a década. É uma viagem tortuosa por um mundo obscuro, mas que, no final, vale a pena.

Melhores faixas: Double Helix, I’ve Seen Footage, Get Got


6 | father john misty - fear fun

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J Tillman completou sua metamorfose de cantor-compositor folk, seguindo a fórmula Cohen quase de maneira religiosa, em uma figura bizarra e mística; irônica e de péssimos hábitos. Em Fear Fun, Tillman vira definitivamente Father John Misty, um alter-ego mais egoísta e autodestrutivo; Joshua bebe da fonte dos anos 70 nesse álbum, explora timbres psicodélicos, aborda assuntos pessoais, de forma muito mais direta e menos abstrata do que nos seus projetos solo. O debut de Father John não é um álbum difícil de ser digerido e entendido, é compreensível e coerente, as letras são inteligentes e ousadas e combinam com o circo setentista que as composições e a capa sugerem.

Melhores faixas: Nancy From Now On, I’m Writing A Novel, Only Son of The Ladiesman.


5 | sharon van etten - tramp

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Até hoje, poucos projetos de folk-rock conseguiram uma unanimidade tão forte quanto o terceiro álbum da estadunidense Sharon Van Etten, produzido por Aaron Dessner, e gravado em seu homestudio. A aura continua tão intimista quanto nos seus dois antecessores, mas a estética aqui é mais crua e coesa, os pianos, cordas e instrumentos de ambiência dão lugar as guitarras com overdrive e slide que nos guiam em quase metade das musicas. “Tramp” contou com um conjunto extraordinário de músicos para dar vida as canções de Sharon, que além das composições inteligentes inspiradas em Cohen e Nico, e dos lindos vocais harmonizados, nos presenteou com mais duas obras de arte depois de “Tramp.”

Melhores faixas: Serpents, Kevin’s, We Are Fine


4 | mac demarco - 2

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Nós em 2012, mal poderíamos imaginar que esse disco simples e completamente despretensioso, seria a porta de entrada de um dos artistas mais influentes da cena underground na metade do século. Mac Demarco, “the richest bum”, despojado, simples e desapegado; em seu álbum de debut, coleta um apanhado de canções com temática semelhante, que funcionam de maneira fluida e dinâmica em razão da produção do disco; gravado de forma inusitada, no homestudio do próprio Mac, que também arranjou e gravou todos os instrumentos. A escolha de timbres é curiosa, os efeitos não são nada discretos, desde a primeira música é uma grande overdose de reverbs e chorus em praticamente todas as camadas.

Fortemente influenciado por Ariel Pink, Steely Dan e Ty Segall; a sonoridade lo-fi despojada, batizada pelo próprio artista de “Jizz Jazz”, teve grande notoriedade na metade do século, influenciando uma grande leva de novos compositores e bandas que se apropriaram do estilo de gravação e timbragem de Mac. “2” é um album de baixo custo, canções de extremo bom gosto e sonoridade orgânica, que influenciou a ponto de deixar produções de baixo custo no mainstream pela primeira vez num gênero tão elitista quanto o rock’n roll.

Melhores faixas: My Kind Of Woman, Ode to Viceroy, Still Together


3 | tame impala - lonerism

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Lutando contra a identidade nostálgica que o seu antecessor “Innerspeaker” deixou, Tame Impala não mediu esforços para causar alvoroço na comunidade musical em 2012, o seu segundo álbum de estúdio impressiona em grandiosidade e qualidade. Nada mínimo, todos os arranjos imponentes e luxuosos; claro, sempre ancorado na paleta vintage de som, mas também com técnicas modernas de mixagem, colagens, enfim, sonoridades mais atuais, sintetizadores modernos e guitarras pujantes.

Tudo em Lonerism grita grandiosidade, Kevin Parker, que nesse disco lembra John Lennon mais que nunca, foi o grande maestro e arquiteto desse projeto, tocando todos os instrumentos das faixas e também compondo todas as canções. Parker merece grandes créditos por esse projeto ousado e inusitado, juntando características de rock psicodelico dos anos 60, stoner rock e alguns elementos da música eletrônica, que viriam e ser incorporados de maneira mais transparente no seu sucessor, três anos depois.

Melhores faixas: Mind Mischief, Elephant, Keep On Lying, Feels Like We Only Go Backwards.


2 | kendrick lamar - good kid, m.a.a.d city

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Alguns anos, uma obra prima e um Pullitzer depois, é impressionante como o primeiro álbum de estúdio de Kendrick Lamar ainda reverbera seu impacto tão fortemente na cultura popular.

Em “good kid, M.A.A.D City”, Kendrick era apenas um jovem, feliz por ter sobrevivido ao meio em que fora criado, mas para sempre marcado pelas insanidades que presenciara desde pequeno. Construindo uma narrativa quase uniforme, o álbum tem mais em suas entrelinhas do que qualquer filme relacionado à vida no gueto em anos (é sério, talvez “Cidade de Deus” seja o exemplo mais recente) e tem o alcance que nem o mais atrativo dos documentários um dia sonhou em alcançar, tudo isso mostrando uma realidade difícil de se acreditar, mas tão detalhadamente descrita que é como se fizéssemos, por pelo menos uma hora, parte dela.

Ele não se tornaria a maior estrela do mundo com este álbum e, inclusive, seria injustiçado em uma das mais vergonhosas premiações do Grammy em 2014, mas começaria, ali, uma corrida a passos largos em busca de redenção e aceitação pessoal enquanto, no meio tempo, se tornaria o maior rapper de sua geração. É um lindo álbum sobre uma vida tão dura. É a transcendente história da boa criança, e da cidade que tenta, a todo momento, corrompê-la.

Melhores faixas: Bitch Don’t Kill My Vibe, Money Trees, Poetic Justice, M.A.A.D City, Swimming Pools, Sing About Me, I’m Dying of Thirst.


Menções Honrosas: Grimes, Visions; Swans, The Seer; Beach House, Bloom; Alt-J, An Awesome Wave; Japandroids, Celebration Rock.


1 | frank ocean - channel orange

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Por mais que Odd Future - grupo a qual Frank Ocean pertencia - tenha sido um dos atos mais influentes dos anos 2010 e que “nostalgia, ULTRA” - sua primeira mixtape - tenha seu lugar entre as melhores mixtapes do mesmo período, foi aqui que a lenda de Frank Ocean começou.

Uma das mais curiosas, idiossincráticas e peculiares coleções de músicas do nosso tempo, “channel, ORANGE”, é uma obra prima moderna, pintada das mais belas cores sob um filtro laranja verão (é assim que chamo a cor da capa do álbum), circulando em volta do tema que move Frank e, possivelmente, grande parte da humanidade: o amor. E ele vem em diversas formas, por diversas coisas, por diversas pessoas e, consequentemente, em diversos tipos de canções. Aqui imergimos no mundo nada convencional de um artista involuntariamente misterioso e somos levados por uma viagem as vezes psicodélica, as vezes retrô, as vezes futurista, onde o vemos destrinchando as principais nuances de sua primeira paixão e histórias aparentemente não conectadas que, por mais diferentes que sejam, continuam a aprofundar sobre seu tema central.

É um álbum mágico, com algo que todo fã de música - e de arte - procura: emoções verdadeiras. E sejam elas felizes ou tristes, a verdade é que o que Frank Ocean canta aqui se relaciona a todos nós.

Melhores faixas: Thinkin Bout You, Pyramids, Sweet Life, Pilot Jones, Super Rich Kids, Lost, Forrest Gump, Bad Religion.

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