Os 10 Melhores Filmes de Spike Lee

2020 tem sido um ano turbulento, surpreendente e único - assim como spike lee.

Em tempos de indignação e protestos nos Estados Unidos e no mundo inteiro, as obras de um dos autores do cinema que mais trabalhou em prol da criação de uma identidade para a comunidade negra se tornam ainda mais relevante.

Shelton Lee é seu nome, mas você provavelmente o conhece como Spike - apelido que ele recebeu de sua mãe.

Spike Lee orgulhosamente decidiu usar não só o próprio nome como também muito de suas próprias vivências em seus filmes, e esse gigante da história da sétima arte faz questão de marcar com fogo o seu estilo e a sua individualidade na hora de expor sua visão sobre como os Estados Unidos opera. Por isso, é fácil notar algumas de suas marcas registradas ao assistir alguns de seus filmes: o famoso double dolly shot, sua colaboração recorrente com alguns mesmos talentosos atores (incluindo ele mesmo) e a insistência em colocar a frase "Wake up!" em seus filmes (ou, como ele gosta de chamá-los, "Spike Lee Joints"). Essa insistência em querer nos acordar é uma das mais necessárias e urgentes em seu trabalho. É a sua missão.

Sempre com um projeto novo debaixo do braço e uma visão pungente sobre as contradições e conflitos da sociedade, ele não vai parar até que finalmente acorde todo mundo que insiste em ver o mundo de olhos fechados.

E, por falar em seus novos projetos, o novo longa do diretor, “Da 5 Bloods”, está disponível na Netflix. Aproveitando a data, decidi reunir os 10 melhores filmes de sua carreira. Muitos ótimos ficaram de fora, como "Inside Man" (“O Plano Perfeito”), "School Daze" (“Lute Pela Coisa Certa”) e "Bamboozled" (“A Hora do Show”) e vale muito a pena assisti-los também - após os dez que entraram para a lista.

Sem mais delongas, estes são os dez melhores filmes de Spike Lee.


10 | A Última Noite

melhores filmes Spike Lee

Seguindo a história de um traficante (Edward Norton) que acaba de ser desmascarado e condenado à sete anos de prisão, "A Última Noite" traz o tema do luto, mas um luto por si próprio, o luto por quem ele nunca mais será. Também acompanhamos um pouco da vida de sua namorada e seus amigos (destaque para o personagem interpretado por Philip Seymour Hoffman, um professor que acaba se atraindo por uma de suas alunas).

O curioso sobre o drama psicológico é que durante sua fase de planejamento, ocorreram os ataques do 11 de Setembro. E ao invés de escolher o caminho mais fácil, rejeitando o fato e ambientando o longa em um período de tempo anterior à tragédia, Spike Lee decidiu incorporá-la ao filme. Monty, o protagonista, sabendo que nada vai ser o mesmo a partir de agora e a sua narrativa acaba traçando um paralelo com a própria cidade de Nova York, seja pela perda iminente da própria liberdade quanto pela necessidade expressa em uma cena (a do monólogo repleto de insultos no espelho do banheiro) de assumir parte da culpa pelo ódio e pela violência que existe no mundo.


9 | Irmãos de Sangue

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A palavra "clockers" é uma gíria utilizada para descrever os traficantes do nível de rua, aqueles que tem seu posto de trabalho em uma praça ou lugar público e se expõem aos riscos de serem pegos pela polícia em flagrante. Nesse filme, que abre com fotos explícitas e gore de jovens negros assassinados, Spike Lee decide trazer o tema da violência e de suas consequências. Strike (Mekhi Phifer), um dos traficantes negros que já está envolvido no mundo do crime através de seu "chefe" Rodney Little (brilhantemente interpretado por Delroy Lindo) que o trata com um ar as vezes paternal, outras vezes perigoso e perturbador. Ele divide tempo de tela com um policial branco (Harvey Keitel) já dessensibilizado pela quantidade exorbitante de mortes, mas que busca descobrir a verdade no caso de uma morte cujo o principal suspeito parece ser inocente.

Fica claro o contraste racial trazido por Spike Lee: nos créditos iniciais, os corpos negros sangram, e ao decorrer do filme, são os jovens brancos os principais clientes da droga vendida. Mas talvez o ponto mais importante do filme resida mesmo nas relações entre os próprios negros, especialmente no caso de Tyrone, ou "Shorty" como Strike insiste em chamá-lo. Ele é apenas um garoto, mas apesar dos apelos persistentes de sua mãe e do policial negro de impedir qualquer associação do garoto aos criminosos que habitam a praça, os sinais de que ele está sendo "recrutado" por Strike nos deixam apreensivos. Spike Lee consegue apresentar o ciclo do mundo violento do tráfico e como essa corrente é difícil de ser quebrada.


8 | Febre da Selva

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As relações raciais quase sempre são representadas como um embate ou em forma de tensão nos filmes de Lee, mas esse é um dos longas que tem seu foco em uma questão nem sempre presente: relacionamentos românticos interraciais. Wesley Snipes protagoniza como Flipper, um arquiteto de considerável sucesso na vida familiar e profissional (apesar de nunca conseguir negociar com os donos da firma em que trabalha). Por desejo e curiosidade, como o mesmo admite posteriormente, acaba tendo uma relação extraconjugal com a sua recém-contratada secretária: uma mulher branca ítalo-americana chamada Angie (Annabella Sciorra).

As conexões familiares muito bem exploradas e o cenário de Nova York (que passeia entre o Harlem e Bensonhurst) trazem a tona problemáticas raciais e de gênero que perpassam assuntos como colorismo, religião, violência policial, masculinidade tóxica, desejo e as consequências da criação de um mito sexual baseado na raça que se torna motivo de atração pela curiosidade. O filme também consegue abordar a relação do irmão de Flipper, um usuário de drogas interpretado por Samuel L. Jackson, com a sua família religiosa e a relação de Paulie, o namorado de Angie, com seus clientes e amigos ítalo-americanos racistas que tentam persuadi-lo agressivamente a cultivar o mesmo tipo de pensamento ultrapassado.

Esse ótimo estudo das relações interraciais sob vários pontos de vista, é dedicado a Yusef Hawkins, jovem negro de 16 anos que foi espancado e assassinado no bairro ítalo-americano de Bensonhurst por ser confundido com um namorado de uma garota branca.


7 | Ela Quer Tudo

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Não é difícil entender porque esse filme em preto e branco de 1986 foi transformado com facilidade em uma série do Netflix, agora há pouco, em 2017: Nola Darling, a protagonista, é extremamente atual e representava, já naquela época, muitos dos temas mais discutidos hoje entre a mulher contemporânea. Abrindo assuntos como independência, liberdade sexual e despreocupação, o longa filmado em apenas 12 dias com um orçamento baixíssimo revolucionou não só um pouco do pensamento quanto à mulheres e mulheres negras mas também trouxe mais atenção da mídia ao Brooklyn e seus artistas.

O enredo é simples: Nola tem três pretendentes com personalidades muito diferentes (um deles interpretado pelo próprio diretor) e eles competem por sua atenção. Apesar de tudo isso, "Ela Quer Tudo" possui a cena que Spike Lee considera ser seu único arrependimento da carreira: uma cena de estupro cujo seguimento tomou um caminho leve demais para o ato que havia acabado de acontecer.


6 | infiltrado na klan

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[Leia a crítica completa]

Um dos mais recentes de Spike Lee (em todos os sentidos da palavra), "Infiltrados na Klan" traz a história real e surpreendente de um policial negro Ron Stallworth (John David Washington, filho de Denzel) que com a ajuda do seu parceiro branco e judeu Flip (Adam Driver) conseguiu, por volta dos anos 70, se introduzir no movimento da Ku Klux Klan. Mantendo um tom aceitável de comédia ao mesmo tempo em que encarava a responsabilidade de abordar um assunto tão denso e trágico, Spike Lee usa o filme para trazer verdades e compará-las diversa vezes com o nosso mundo atual - principalmente na sequência final, onde ele faz isso explicitamente.

A narrativa atravessa tanto o movimento supremacista assassino da KKK quanto o movimento dos Panteras Negras e figuras históricas como Kwame Ture e uma personagem que se assemelha muito a uma reinterpretação de Angela Davis. O filme intercala momentos de tensão, investigação e ação com o clássico estilo inventivo de Spike Lee que traz inclusive referências diretas e indiretas ao mundo do cinema como a clássicos do gênero Blaxploitation ou o filme "O Nascimento de uma Nação" que retrata os encapuzados como heróis. Aqui Spike Lee não tem rodeios e traz justiça ao fazer questão de apresentar os personagens supremacistas não como heróis, nem muito menos como humanos de moral duvidosa, mas como os vilões estúpidos que são desde o princípio. A técnica escolhida por ele é o do absurdo como verdade. Ele nos faz encarar as contradições surpreendentes de um mundo inconcebível graças à violência desmedida causada pelo ódio.


5 | Mais e Melhores Blues

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A história do artista obcecado já virou clássica no cinema, dois exemplos são "Cisne Negro" e "Whiplash". O diferencial deste drama musical de 1990 se encontra no arco desenvolvido por Bleek, o personagem principal, e na realização de quanto vale o sucesso sem a possibilidade de se conectar com outras pessoas. Denzel Washington interpreta um trompetista talentoso, sedutor e extremamente verossímil, com seus próprios tiques (como passar os dedos repetidamente pelos lábios em qualquer cena). Assim como Nola Darling em "Ela Quer Tudo", ele também se complica ao ter seu coração dividido em três partes: duas mulheres e a música.

Mas aqui, ele parece estar certo do que quer. Seus lábios foram feitos para tocar trompete, ele mesmo afirma. Todo o elenco está ótimo, desde Wesley Snipes como um membro rival do mesmo grupo, passando por Joie Lee e Cynda Williams como os interesses amorosos do protagonista e Giancarlo Esposito, que, mesmo com um papel menor, também dá um show de interpretação.


4 | O Verão de Sam

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Ambientado no Bronx na época em que aconteciam os assassinatos em série cometidos por David Berkowitz (conhecido como "O Filho de Sam" ou "Assassino da Calibre .44"), o longa opta por fugir do foco dos assassinatos e suas investigações e conta histórias que acontecem em volta de todo esse caos. Se parece muito com um filme de Martin Scorsese, tanto pela forma como aborda a violência nas ruas perigosas quanto pelo passeio pelo mundo ítalo-americano (que não é nem um pouco estranho à Spike Lee), mas a identidade do diretor está toda ali e ele faz questão de nos mostrar que esse filme não é sobre um assassino, mas sobre uma comunidade inteira que acaba se tornando paranóica e violenta devido ao medo de tudo que foge de um padrão.

Lee também conta com o jogo de contrastes que ele sabe fazer muito bem, comparando a história de um casal punk, rebelde e diferente em um relacionamento relativamente saudável enquanto um casal que se aproxima mais das normas tradicionais (apesar ou talvez justamente por conter um marido adúltero no meio) em um relacionamento tóxico e abusivo. Ritchie, o punk, também tem suas falhas - e muitas. A homofobia e a vergonha o tornam um homem agressivo, mas isso acaba sendo pouco comparado a Vinny e seus companheiros, todos sedentos para caçar qualquer um que, na mente deles, pareça suspeito. Abordando sexo, medo, culpa, religião e a conivência perversa da masculinidade tóxica e do machismo, "O Verão de Sam" sem dúvida merecia mais reconhecimento entre a filmografia de Spike Lee e o cinema em geral.


3 | Crooklyn: Uma Família De Pernas Pro Ar

melhores filmes Spike Lee

Mesmo com alguns momentos tristes quando vai chegando ao final, “Crooklyn” é um dos filmes mais felizes de Spike Lee.

Aqui ele se compromete a contar um “coming-of-age” divertido e encantador pela visão de Troy, uma jovem que vive no bairro Bedford–Stuyvesant do Brooklyn e seus conflitos e aprendizados na relação com a sua família. Crescendo com uma mãe rígida e responsável que segura as pontas financeiras da casa ao mesmo tempo em que educa os filhos, um pai músico e mais despreocupado e irmãos que vivem se bicando e reclamando por diversos motivos, seja para comer um prato de ervilhas ou brigando para não ter que lavar a louça, Troy vai descobrindo um pouco mais sobre quem ela é e como diferenciar o que é certo e errado. Botando assim parece até um clichê, e talvez seja, mas é um dos clichês que funciona por uma honestidade absoluta.

As cores vibrantes e o estilo lúdico utilizado na narrativa, montagem e até na fotografia cumprem o trabalho de contar a história pela perspectiva da garota. A mudança do aspect ratio durante uma boa sequência na metade do filme, por exemplo, serve para elevar a sensação de estranhamento de Troy ao passar um tempo na casa dos tios. Estamos nos sapatos dela, é claro, enxergando um mundo sem o ceticismo e o pessimismo que vai tomando conta de qualquer um ao longo dos anos. Esse é um Brooklyn doce, sem gangues, drogas e sangue derramado. Existe muita felicidade aqui, algo que pode ser atribuído ao fato de que este é um dos filmes mais pessoais da carreira do diretor. Mas também existe muita realidade, e isso pode ser atribuído ao mesmo motivo. Ele escreveu o roteiro com a ajuda de suas irmãs e baseou a história de Troy em suas vivências na infância.

Mesmo não seguindo o caminho acertadamente furioso e pessimista de outros filmes do diretor, “Crooklyn” funciona tão bem quanto - e melhor que muitos - ao retratar um ambiente com alguns problemas mas, em geral, seguro e confortável. Assim como em “Faça a Coisa Certa” (outro longa que se passa no Bed–Stuy), o conjunto de personagens é múltiplo e cheio de identidade - cada um deles é diferente e memorável, com particularidades que trazem interações divertidas de assistir e que nunca deixam de adicionar valor à trama do filme. Grandioso por uma pureza que nos parece distante, quase fantasiosa, essa é uma história que serve para mostrar como uma vida em um ambiente que, mesmo com as suas adversidades, é receptivo e funcional quanto a criação de uma criança. Troy e seus irmãos cometem diversos erros ao longo do filme, seja jogando lixo no quintal do vizinho, roubando salgadinho do mercadinho da rua ou discutindo por coisas pequenas como o canal da televisão. E esse ambiente simples, cheio de discussões e desavenças, mas onde uma criança pode errar e aprender é a leve utopia inclusa na filmografia de Spike Lee.


2 | Malcolm X

melhores filmes Spike Lee

Há muita coisa para ser discutida aqui. Um dos melhores de Spike Lee e uma das melhores biografias já realizadas em formato cinematográfico, a obra consegue abranger a vida, as mudanças e a ascenção do ativista El-Hajj Malik El-Shabazz, mais conhecido como Malcom X. O tom épico do filme faz jus à grandeza da figura, que preenche o imaginário do movimento negro (especialmente o nacionalismo negro) até hoje.

Malcom é gigante. Sua vida é complexa. E Spike Lee sabe que somente um filme com mais de 3 horas seria capaz de captar mesmo que um recorte da essência de um dos grandes homens da história mundial.

O grande feito do longa é a facilidade com que ele incorpora os temas e conceitos estudados, e que guiaram a incessante luta dessa personalidade, aos acontecimentos de sua própria vida como sua prisão, sua peregrinação à Mecca e suas relações familiares. Denzel traz um Malcom X muito crível e nada caricato (recurso que pode ser facilmente usado em cinebiografias para um resultado fácil). O roteiro também não busca atalhos e caminhos mais fáceis, a história desse herói é contada de forma abrangente e complexa - como ela é. O filme passeia por um filme musical, educacional, de crime, política e quem busca consegue encontrar até mesmo algumas pontas de coming-of-age. É um épico para um homem épico. De Malcom Little a Malcom X a El-Hajj Malik El-Shabazz, a história dele é uma biografia respeitosa e epopeica, que não poderia ser contada de outro jeito sem ser um "Spike Lee Joint".



1 | Faça a Coisa Certa

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É difícil comentar sobre o porquê de um de seus filmes favoritos ser grandioso e essencial para a história do cinema visto que, na sua mente, isso já é extremamente óbvio. Ao mesmo tempo, é uma das coisas que mais gosto de fazer. Em um dia de sol escaldante no Brooklyn, em que acaba sendo necessário desmontar um hidrante ou receber o toque suave e sensual de cubos de gelo pela extensão do seu corpo para que alguém consiga sobreviver, uma vizinhança vive. A voz de Samuel L. Jackson, interpretando um locutor de rádio que nos acompanha ao longo do filme faz questão de nos acordar, como todo outro filme de Spike Lee, e sair de casa para encarar o calor e viver intensamente esse dia colorido ao lado da gama diversa de personagens que habita Bed-Stuy. Mookie (Spike Lee) trabalha entregando pizzas em um negócio comandado pelo ítalo-americano durão Sal e seus dois filhos, um deles completamente tomado pelo ódio racial. Na verdade, o bairro inteiro está assim. Existem negros, brancos, latinos e coreanos vivendo lado a lado em uma panela de pressão. Um vulcão prestes a entrar em erupção. Mas lá de dentro, parece ser apenas o calor do sol. As crianças brincam, namorados flertam, os jovens brigam para ver quem consegue colocar o rádio no volume mais alto. E enquanto "Fight The Power" toca no boombox, a vida continua.

Pouco a pouco, a câmera vai escorregando em ângulos cada vez mais diagonais, os debates se tornam cada vez mais pessoais e o ponto de ebulição vem com uma tragédia. A raiva de Spike Lee se mostra aqui, é claro. Mookie não vandalizou o seu próprio local de trabalho por nada. Mas a grandiosidade desse filme está na precisão e no cuidado ao conseguir traçar relações tão reais e transformar um pequeno quarteirão em uma miniatura dos Estados Unidos e, quem sabe, do mundo inteiro. Em uma obra que faz questão de expor todo o estilo de Lee, desde a fotografia inventiva até os diálogos rápidos e divertidos e as situações completamente hiperbólicas, é um milagre que ele ainda consiga trazer tanta verossimilhança. Mas o milagre acontece.

É muito simbólico que, na obra número um de Spike Lee, ele interprete o protagonista. O personagem centraliza não só a narrativa, repleta de personagens entrelaçados que vivem em um constante embate, mas também centraliza o próprio embate, se pondo em diversos momentos em uma posição apaziguadora, tentando "deixar para lá", esquecer, acalmar. E é ainda mais simbólico que justamente ele veja que a a única maneira de realmente fazer a coisa certa (seja lá o que isso signifique) é atirar uma lata de lixo na janela do estabelecimento do seu patrão (seja lá o que isso signifique).

"Faça a Coisa Certa" não é atual porque é profético. É atual porque o mundo se recusa a mudar. Foi atual ontem, é atual hoje e continuará sendo atual amanhã até o dia em que todos nós nos tornemos capazes de ver o outro, conhecer o outro, entender o outro e assim, finalmente, acordar.


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