Crítica | Vingadores
Ah o longínquo ano de 2012, quando um filme juntando diversos super-heróis parecia um sonho inalcançável, quando toda essa conversa de universo cinematográfico não existia e quando a DC e a Marvel estavam ambas em caminhos de sucesso.
Foi um caminho trilhado com cuidado. "Homem de Ferro" 1 e 2 em 2008 e 2010, "Thor" e "Capitão América" em 2011 e até mesmo o esquecido "O Incrível Hulk" de Edward Norton, também em 2008. A Marvel construiu com paciência seu universo, introduzindo cada personagem com um filme próprio e os ligando pouco a pouco a cada novo episódio da franquia. O resultado é claro. "Vingadores" não precisou se preocupar em estabelecer premissas além da sua própria. Já conhecíamos todos estes heróis, o que deixou o caminho aberto para um festival de ação e interação entre cada personagem, culminando em um filme leve e que se move com as próprias pernas.
Joss Whedon comanda tudo de forma magistral e seu trabalho, em conjunto com o excelente casting de heróis e de um talentoso elenco de apoio, dão ao filme o charme necessário para funcionar mesmo com uma história simples. Não acontece muito em "Vingadores". Loki vem para a Terra para dominar o mundo e o grupo tem de se juntar para detê-lo. O interessante é ver como eles agem para fazer isso; as motivações de cada personagem; os pequenos conflitos que levariam a filmes futuros; os traços de personalidade que definiriam o destino de cada um dentro deste universo. A química entre os atores é muito forte, fazendo com que praticamente todas as piadas funcionem efetivamente, mesmo quando revistas diversas vezes. Há pouco ou nenhum senso de peso na história, o que foi proposital. "Vingadores" é um filme que tem um único objetivo: divertir e entreter, o que faz da melhor forma possível.
Enquanto Chris Evans, como Capitão América, e Chris Hemsworth, como Thor, estão bem identificados como seus personagens, o astro do grupo é facilmente o Homem de Ferro de Robert Downey Jr., e Whedon, sabendo disso, nos entrega uma das cenas mais icônicas dos filmes de super-herói na conversa dele com o excelente Loki de Tom Hiddleston. Mark Ruffalo não é mais ator que Edward Norton, mas combina mais com Bruce Banner e foi uma reposição inteiramente positiva. Scarlett Johansson, além de ser uma das atrizes mais talentosas de sua geração, esbanja sex appeal como a presença feminina que o grupo necessitava. O Gavião Arqueiro de Jeremy Renner ainda é legal o suficiente para funcionar e o Nick Fury de Samuel L. Jackson deu tão certo que o readaptaram para os quadrinhos.
Os efeitos são alguns dos melhores de todo o universo Marvel. Ao trazer a luta para cidade, o senso de realismo aumenta e todas as cenas de ação são excepcionalmente bem ensaiadas e orquestradas, sendo realçadas pelos efeitos, e nunca dependentes deles. Graças a isso, sempre que Hulk ou Thor entram em cena o impacto da destruição causada por eles é grande, mas não exagerado. A trilha sonora é efetiva e a música tema do grupo ficou marcada, especialmente graças ao famoso take com todos reunidos no centro da cidade.