Crítica | Bumblebee
Durante 5 filmes, Transformers talvez se tornou a pior franquia do cinema. Poluição sonora e visual, personagens sem nenhuma conexão emocional entre ele e com o público, explosões gratuitas e um tom exageradamente obscuro. Não havia nada que se salvasse aqui até então e nenhum dos filmes possuía um apelo chamativo que conquistasse o espectador. Quem iria apostar que “Bumblebee” sairia do padrão?
Travis Knight, pra quem não sabe, dirigiu ‘‘Kubo e as Cordas Mágicas’’, ou seja, ele sabe trabalhar com a emoção e criar personagens facilmente relacionáveis. Em “Bumblebee” o diretor traz basicamente todos os elementos que deram certo em ‘‘Kubo’’. Um ótimo personagem principal, um tom leve, transitando constantemente entre drama, comédia e ação e, principalmente, a capacidade de humanizar um ser não humano e intensificar sua relação com seu personagem principal. Olhos abertos para os próximos trabalhos do diretor.
O mais incrível aqui é que, além de todas as qualidades citadas acima, o diretor consegue consertar o pior problema da franquia. Desde a primeira cena, que já é um prato cheio pra qualquer fã, a ação é limpa e nítida, se perpetuando pelo resto de suas 1 hora e 50 minutos. Tanto o visual dos robôs quanto a coreografia das batalhas são realmente boas e intensas e o senso de perigo e preocupação com Bumblebee é constante pelo fato de ele ser consideravelmente menor que os dois Decepticons, outro pequeno detalhe que intensifica nosso vínculo com o robô amarelo.
Por incrível que pareça, o fato de ‘‘Bee’’ não falar foi outro fator de humanização e importante. Ao ter que se comunicar através de música o filme trás um pouco do melhor dos anos 80 (A-ha, ‘‘Take on Me’’; Steve Winwood, ‘‘Higher Love’’; The Smiths) e usa desses sucessos como modo de diálogo. É inteligente e cria um ambiente evocativo sem parecer forçado e não se utiliza desse recurso a todo instante, não sobrecarregando a narrativa desses elementos por querer dizer que ela se passa em tal época.
Hailee está ótima aqui. Diferente de Megan Fox, que não por demérito seu, mas sim por toda circunstância que a envolvia (direção ruim, péssimo roteiro) apenas foi sexualizada e nada mais. A jovem atriz que apareceu para o mundo em ‘‘Bravura Indômita’’ cada vez mais cresce. É impressionante a naturalidade e eficiência com que ela age diante das câmeras contracenando com CGI. Ela já demonstrou interesse em continuar em seu papel como Charlie. Não que seja necessário. Travis Knight e Hailee Steinfeld fizeram o impensável e trouxeram um pouco de hombridade para franquia ‘‘Transformers’’ e todos os atores coadjuvantes se esforçam para o filme dar certo. Obviamente, o longa cai em clichês e apesar de ser um filme engraçado por vezes a comédia deixa muito a desejar. Se metade das piadas que dão certo dão realmente certo, a outra metade que não funciona é quase anti-climática.