Crítica | 007 - Sem Tempo para Morrer

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007 - Valeu a espera!

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A nova aventura de Daniel Craig como James Bond é empolgante e, bom, explosiva, assim como os melhores momentos do ator na franquia. Seguindo um Bond agora aposentado que é forçado a voltar a ativa, “Sem Tempo para Morrer” é eficiente onde importa, lidando com um número grande de personagens, alguns novos e alguns veteranos é capaz de dar tempo de tela suficiente para todo mundo e criar uma trama instigante e razoavelmente complexa que envolva o público. Capitaneado por Craig, que se despede da franquia em grande estilo, o elenco conta com retornos de Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Cristoph Waltz e Jeffrey Wright e ainda traz Ana de Armas como Paloma, agente da CIA, Rami Malek, como o vilão Lyutsifer Safin e Lashana Lynch, como Nomi, nova agente “007” do MI-6 que funciona como uma rival e eventual aliada de Bond. Como há de ser, a parte técnica é muito bem executada, o som em especial chama atenção pelo mergulho que proporciona o espectador em situação diferentes, a parte visual não fica atrás e mais uma vez viaja por países e paisagens diferentes coroando um belo filme. Às 2h40 minutos de duração passam rápido diante de tudo isso.

Depois dos anos servindo à Coroa, Bond se aposenta e vive com seu par Dra. Madeleine Swann (Seydoux), um dia uma armadilha da Spectre acaba colocando as reais intenções da sua amada em cheque e por isso o casal é obrigado a se separar. Cinco anos depois, o ex-agente vive retirado em algum lugar do Caribe quando é contatado pelo oficial da CIA Felix Leiter (Wright) que o pede para recuperar um cientista sequestrado pela Spectre em Cuba, após aceitar a missão, Bond conhece Nomi, a nova 007, com ele trabalhando para a CIA e ela pelo MI6 os dois entram em atrito tentando achar Dr. Valdo Obruchev (David Dencik). O primeiro ato de “Sem Tempo para Morrer” equilibra longas sequências de ação com a estrutura típica de blockbuster levantando as perguntas essenciais como: qual envolvimento de Swann com os vilões? Qual o objetivo real de Obruchev? E qual a ligação do MI6 com essas pessoas? O filme vai além, tem no seu primeiro terço uma história fechada, com espionagem e intriga, com bons personagens como Paloma e o capagana de Blofeld, Primo (Dali Benssalah) o que segura o espectador do começo para o resto do filme são justamente as perguntas abertas, digo, o roteiro não tenta fisgar o publico com plots simples como costumeiramente filmes de ação fazem, o vilão principal se revela de fato quase na metade da trama, que é mais ou menos quando a história principal se torna mais nítida, explicito isso pois é raro hoje em dia um roteiro deixar o público por tanto tempo se perguntando o que está acontecendo e “007” mostra como se faz isso de uma bela maneira.

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Vale a menção ao diretor Cary Joji Fukunaga, que tem como crédito mais importante no currículo a direção da primeira temporada de “True Detective”, me parece ter sido um dos responsáveis por resgatar a parte das intrigas na franquia e filmou muito bem, investindo em planos fechados nos atores e trabalhando muito bem com escala nas sequências mais complexas: nota-se a perseguição de carro que termina em uma floresta com um tom meio apavorante no final do segundo ato, isso dá a sensação de progresso na narrativa e reflete a personalidade dos personagens envolvidos. As duas primeiras sequências chamam atenção, a abertura na neve com o assassino misterioso é assustadora enquanto a segunda na Itália em que Bond foge dos agentes Spectre em meio a um conflito de diálogos com Swann é emocionante. Destaco também a trilha sonora assinada por Hans Zimmer que retoma o ar de filme de espionagem dos clásscos 007, a música tema do filme “No Time to Die” escrita por Billie Eilish incorpora o tema de Zimmer e é apresentada em momentos sentimentais da história sempre de maneira eficiente. Os maiores problemas vêm de alguns personagens que soam desnecessários ou por más atuações, o personagem de Obruchev parece cômico e verborrágico de mais para um filme com um tom tão sério, sobra em muitos momentos e em outros serve as explanações desnecessárias para o propósito de irmos entendendo as coisas após elas acontecerem e não durante. Rami Malek é um destaque negativo no elenco, o personagem é um vilão apenas decente para James Bond, em alguns momentos o roteiro tenta forçar a ferramenta de antagonistas que são espelhados, sem muito sucesso, mas Malek deixa a desejar em intensidade entregando um ar blasé incoerente para alguém que deveria ser movido por pura emoção.

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“007 - Sem Tempo para Morrer” surpreende e é o melhor filme da sua franquia desde “Casino Royale”, é um filme que não tem nenhuma ambição muito grande mas com um roteiro bem escrito e um diretor competente ele apresenta ao que veio e vale a pena o seu longo tempo de duração, apesar de Craig ter anunciado sua aposentadoria, a perspectivada franquia se torna seguir Nomi como a nova 007 e isso pode ser muito bom para novas histórias. Temos uma espécie de despedida para o James Bond dos últimos 15 anos a altura, na minha opinião esse é o melhor Bond que tivemos então fico satisfeito se essa for a última vez que ele aparecer na franquia. A receita simples é confiar nos atores e trabalhar muito nas sequências, o destaque é o trabalho escrito - mais uma vez - por Purvis e Wadde, dessa vez com a inclusão de Phoebe Waller-Bridge na equipe, o texto deixa a desejar apenas quando tenta ser mais inteligente do que o necessário, e ainda bem que tenta pouco. De fato, valeu a espera!

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