Crítica | A Morte de Stallin
Este é um filme que, para muitos amantes de história, pode ser uma prato cheio. Para quem não é tanto assim, baixe suas expectativas.
"A Morte de Stallin" conta os acontecimentos em seguida a morte do revolucionário político soviético Stallin (duh), por hemorragia cerebral em sua casa, e como os primeiros ministros decidem agir quanto ao comando do país.
É apenas o quarto filme do diretor escocês Armando Iannuci, sobre um dos grandes nomes políticos do auge da União Soviética, com atores ingleses e norte-americanos. Não é uma crítica, diversos filmes históricos sobre países que não são os Estados Unidos são feitos em inglês, mas é algo curioso de se pensar. É um fato que combina em especial com esse filme, que, apesar de mostrar fatos verdadeiros e ter diálogos realistas, aposta em um humor satírico para fazer a história andar.
O resultado vai depender do seu investimento. É importante ressaltar que todas estas figuras históricas não são vistas com bons olhos pelo público em geral e em momento algum qualquer personagem dê qualquer indício de que você possa gostar ou se identificar a ele. São homens velhos, que abusam do poder e a todo o momento tentam mover as coisas de forma que os melhor sirva. Os próprios horrores que todos mencionam, ou fazem, destoa um tanto do tom de comédia do filme. Não é um balanço legal quando você tem cenas pesadas sobre abuso de menores em meio a diversas piadas de humor pastelão.
A direção de Iannuci é dinâmica, utilizando vários curtos planos sequência intercalados a fim de não permitir que a história amorne demais. O trabalho de edição é sólido, mas algo da fotografia parece não ter acertado por completo, sendo que o filme é bastante claro com intuito de provocar a leveza que a comédia pede, mas qualquer peso visual que poderia ser adicionado a narrativa é ignorado. A construção de mundo, por exemplo, é excepcional, mas nada enfatizada pelo trabalho das câmeras.
Praticamente todos os atores estão bem aqui, mesmo que interpretem personagens (propositalmente, acredito eu) unidimensionais. Jeffrey Tambor, Jason Isaacs, Michael Palin e o, em teoria principal personagem, Steve Buscemi estão todos nos controles de seus papéis e apesar de não conseguirem elevar o nível das piadas, as entregam com a naturalidade necessária. O roteiro falha mais com os filhos de Stallin, interpretados por Andrea Riseborough e Rupert Friend que falam uma boa quantidade de coisas sem sentido, e ainda mais com Olga Kurylenko e Paddy Considine, reduzidos a minutos.
O grande destaque fica por conta de Simon Russel Beale, um renomado ator de teatro, que consegue captar todo o sadismo e perigo iminente que Lavrentiy Beria em teoria passava. Você termina o filme o odiando, e isso é ótimo.
Não se engane, o principal objetivo de um filme de comédia é um só, fazer você rir, e a "Morte de Stallin" não conseguiu surtir efeito em mim. O nível das piadas é consideravelmente raso, sendo que um humor mais ácido cairia muito melhor com o período histórico sendo contado. É um filme tecnicamente bom, mas que só pode atingir seu potencial real dependendo de se quem o assiste está realmente afim de se entregar a esta história.