Crítica | Doutor Estranho
As vezes me questiono: Até quando a fórmula Marvel vai dar certo? Notando ela ou não, seus filmes são bem metodistas, mudando algo aqui ou ali em relação ao seus personagens principais, e mesmo propondo algo bem diferente, com um tom claramente mais obscuro, parece inevitável ficar nesse modelo. Se isso é ruim? Como dito, ela da certo, muito aliás. Dr. Estranho é mais um excelente filme do estúdio.
Qualidades a parte, o que temos certeza que veremos em qualquer filme de Super Heróis, dentro dessa fórmula, hoje em dia? Piadas. Todo longa do gênero sabe que levar-se a sério demais não é a melhor opção (Batman vs Superman), mas as vezes essas piadas sobrecarregam o filme, e embora 70% delas sempre funcionarem, entram em constante contraste com algumas cenas sensacionais, épicas no caso, e tiram um pouco de sua grandiosidade.
Passado isso, mais uma vez, através da MCU(Marvel Cinematic Universe) temos a história de origem de um personagem. Stephen Strange é representado pelo sempre excepcional Benedict Cumbercach. Cirurgião extremamente inteligente, arrogante e bastante cético a qualquer outra coisa fora a ciência (é como se víssemos um filho entre Dr.House, Tony Stark e o próprio Sherlock), Stephen sofre um acidente que debilita suas mãos, e, talvez pela primeira vez na vida, sente-se impotente e com medo.
Explorando a dificuldade de seu personagem, é da onde o filme tira uma de suas maiores virtudes. O processo de mudança de Strange, forçado a repensar tudo que tem como verdade é admirável. A ânsia de melhorar cada vez mais em oposição com seu caráter ainda arrogante é naturalmente engraçado, e é onde muitas pessoas podem, porque não, se identificar com o personagem. Cumberbach explora seu papel da melhor forma possível e consegue dar diversas camadas a ele e tudo na medida certa. Comédia, drama, prepotência. O único problema, não do ator mas do filme, durante essa parte, é o fato desse processo de aprendizado ter sido apressado demais, ou mal explicado, afinal parece que Dr.Strange se tornou o melhor feiticeiro do mundo da noite pro dia.
É irresistível pensar em como esse personagem é especial, mas o que é assombrosamente encantador aqui são os efeitos visuais. As sequências de ação desse filme são extremamente empolgantes, e imagine batalhas incríveis entre seres muito poderosos, enquanto a cidade debora e desmonta (exatamente como em A Origem, só que melhor), o ótimo uso da gravidade e feitiços magníficos, e você estará tão empolgado como eu falando sobre Dr. Strange. É simplesmente surpreendente o quão convincente as coisas são.
Mesmo com algumas falhas, o Dr.Estranho é charmoso, atraente e principalmente intrigante. Com provavelmente os efeitos visuais vencedores do Oscar, o filme conta com o incrível Benedict Cumberbach e um elenco de apoio sem falhas. De verdade, todos, desde Mads Mikkelsen até Chiwetel Ejiofor estão ótimos. E o mais importante de tudo, o filme é algo inédito até aqui no Universo Marvel. Poderes baseados em mágica. Não é como se o bastão de Loki não fosse algum tipo de ''tecnologia''. Estamos falando de um filme que é pura mágica.
8,5