Crítica | A Lenda de Candyman
O pintor Anthony (Yahya Abdul-Mateen II) e sua namorada galerista Brianna (Teyonah Parris) mudam-se para Cabrini Green, sem a noção do passado conturbado da área. Anthony está vivendo um período de bloqueio criativo, não está indo muito bem. Quando ele descobre o mito urbano do Candyman, ele pensa que encontrou o ouro, porém acaba sendo mais um tiro no pé.
A partir daí começam os terrores, que, neste longa, co-escrito e dirigido por Nia DaCosta com o produtor Jordan Peele, naturalmente propõem as provocações sociais do filme original. Sendo o Candyman um mito comunitário, uma explicação de porque os residentes de Cabrini Green são tão aterrorizados todos os dias.
Principalmente quando os policiais aparecem o filme aborda um conjunto de novas questões contemporâneas, sobre artistas negros e a economia de interesses brancos, sobre o egoísmo da mobilidade de classe, sobre a violência policial que nós, especialmente pelo que rolou no ano passado, estamos mais propensos a entender hoje.
O filme original tinha suas falhas, é preciso dizer: as vítimas do Candyman eram em sua maioria negros. Sua heroína, Helen Lyle (Virginia Madsen), é uma personagem com o complexo de salvadora branca. Porém, em um gênero tradicionalmente dominado por brancos, o filme de Bernard Rose (que foi seguido por duas sequências inferiores) criou um dos poucos ícones do terror negro na cultura popular. Demonstrando a importância do conceito de uma espécie de figura mitológica para a qual você pode transpor muitas histórias através do terror, um gênero mais fácil de aceitar passivamente algumas verdades duras.
Afinal, o terror sempre foi político, melhor quando permite que imagens e personagens falem sobre as preocupações integrais de uma determinada obra. Por causa dos comentários sociais e do foco que este filme tem, meio que se esquiva do terror intenso e vai mais para temas de trauma e injustiça social. O filme parece apressado e muitas cenas são sem contexto, é incompreensível o porquê de certos personagens escolherem certas ações e, portanto, o filme está cheio de buracos na trama e comportamentos irrealistas. As cenas de mortes do filme não são assustadoras porque você não sente pelos personagens. Simplesmente não há tempo suficiente para investir neles e no que acontece com eles.