Crítica | Justin Bieber - Changes
Though I'm going through changes
Don't mean that I changed
Após um hiato de 5 anos, um dos maiores ídolos pop da última geração volta com um novo álbum.
Embora tenha participado de diversos feats durante esse meio tempo, Justin Bieber começou a dar pistas de seu novo projeto solo apenas em Dezembro de 2019.
Como vários outros artistas que cresceram (literalmente) na indústria musical, em algum momento durante seu envelhecimento, Bieber tentou se desassociar de sua imagem infanto-juvenil através de uma expressão artística mais madura, e essa mudança veio com o álbum “Purpose”. Agora, em “Changes”, é visível uma nova mudança. Infelizmente, para pior.
Diferentemente de minha última crítica (que você pode conferir clicando aqui), não irei avaliar música por música, mas sim apenas as mais relevantes, pois “Changes” é um álbum feito somente para existir. Não é ambicioso ou agrega algo na carreira de Justin. Diferentemente de seu último lançamento, “Purpose”, “Changes” não oferece bangers absolutos como Sorry, What Do You Mean, Where Are Ü Now e Love Yourself. Ao invés disso, temos como principal single Yummy, facilmente uma das faixas mais preguiçosas já produzidas na carreira de Justin.
”Yeah, you got that yummy-yum
That yummy-yum, that yummy-yummy
Yeah, you got that yummy-yum
That yummy-yum, that yummy-yummy”
É chocante como houve uma regressão nas letras em comparação com seus antigos trabalhos. Não que antes Justin Bieber fosse conhecido pela sua habilidade lírica, mas agora é evidenciado uma falta de capricho ou até mesmo uma falta de vontade de escrever ou aperfeiçoar suas músicas quando ouvimos ele cantar “shout out to your mom and and dad for making you” em Intentions, ao rimar “me” com “me” em 6 versos seguidos em Come Around, e, novamente, por isso:
“Yeah, you got that yummy-yum
That yummy-yum, that yummy-yummy
Yeah, you got that yummy-yum
That yummy-yum, that yummy-yummy”
Outro ponto baixo do álbum são os beats. Durante vários momentos tive a impressão de que eles eram reciclados entre si, com apenas algumas mudanças em sintetizadores, efeitos e progressões. Por exemplo, ouçam os primeiros segundos de Forever, Running Over, That’s What Love Is e Second Emotion. A diferença entre cada música é mínima.
Na faixa All Around Me, onde a produção é simples e atmosférica, com apenas uma guitarra com chorus e o vocal, é possível perceber algo em que Justin é realmente bom: escrever melodias vocais. Outras músicas onde isso podemos perceber isso são Changes e E.T.A. No meio das 17 faixas do álbum, essas três se destacam justamente pela simplicidade da produção e a qualidade dessas melodias.
Infelizmente, não há muito mais no que se aprofundar em “Changes”. É um albúm superficial demais em todos os sentidos e chega a ser triste ver um artista do tamanho de Bieber lançar algo assim. Como disse anteriormente, esse projeto foi lançado apenas para existir, apenas para que Justin continue relevante e obtenha streaming, pois em vários aspectos me soa como um álbum preguiçoso e mal trabalhado.
É possível que por conta do sucesso comercial e amadurecimento mostrado em “Purpose”, o impacto causado pelo tão pouco que é mostrado em “Changes” seja tão grande. Caso a ordem dos lançamentos fosse invertida, Justin teria dado um salto incrível em sua carreira.