Álbuns que Deixamos Passar | Junho/2019
2019 tem sido um ano excelente para a música e, para termos uma maior cobertura dos lançamentos do mês que não ganharem uma crítica individual no site, decidimos criar esta coluna com lançamentos que você devia e não devia conferir dos últimos 30 dias.
Jonas Brothers - Happiness begins:
É oficial, o revival das boybands da década passada é um fenômeno bisonho que parece acontecer simultaneamente no mundo inteiro. Os irmãos Jonas estão de volta para a felicidade de alguns e a indiferença de... quase todo mundo; além do choque visual de ver os três irmãos crescidos lado a lado no palco, a volta da banda não agrega muito mais que isso. Happiness Begin é mais energético, pop, e por incrível que pareça, mais raso e superficial do que os últimos lançamentos da década passada. As guitarras distorcidas genéricas dão lugar as batidas e ritmos mais familiares dessa época, é quase como assistir um viajante no tempo tentando assimilar todas as novidades que o mundo moderno lhe oferece.
Destaques: Sucker, Love Her, Rollercoaster
Jai Paul - Leak 04 - 13:
Lá em 2013, o cantor e compositor Jai Paul teve seu computador hackeado e todo o material do seu álbum - ainda em produção -, roubado e vendido na internet. Como resposta, Paul, uma das grandes promessas do R&B contemporâneo, desapareceu e nunca mais lançou nada... Até agora, o cantor lançou dois novos singles, e junto com eles, disponibilizou o álbum roubado, cheio de demos e ideias do seu nunca lançado primeiro álbum. Paul sabe timbrar como poucos no mainstream, não tem medo de inovar e optar pela escolha mais chamativa; o álbum é repleto de canções luxuosas e snippets curiosos, que acidentalmente acabam se completando como álbum, num contexto que Paul nunca escolheu.
Destaques: St8 Outta Mumbai, jasmine, BTSTU
Thom Yorke - Anima:
Vocês conhecem o ditado: "Thom Yorke vai lançar álbum solo, medo". Brincadeiras a parte, o legendário vocalista e guitarrista do Radiohead nunca deu um tiro certeiro fora da banda britânica, "The Eraser" em 2008, foi o mais próximo que Yorke conseguiu de uma unanimidade entre críticos e fãs, depois disso, nenhum projeto memorável. Anima é mais ousado do que qualquer um desses projetos, contém ótimas composições como "Dawn Chorus" e "Runawayway"; mas as escolhas de arranjo, ainda muito parecidas com as escolhas dos projetos anteriores, infelizmente não deixam o disco dar o passo necessário para mudar de patamar.
Destaques: Dawn Chorus, Traffic, Runwayaway
Freddie Gibbs & Madlib - Bandana:
A aclamada dupla de produtor & rapper está de volta depois de cinco anos. Piñata foi um grande álbum com grandes momentos; Bandana é um álbum gigantesco, o irmão mais novo e mais revolto de Piñata, a entrega e produção estão em sintonia quase perfeita. Freddie vem mais energético e agressivo do que nunca, enquanto Madlib trabalha de forma mais cadenciada e calculada, batidas inspiradas em soul e R&B dos anos 80 se misturam com letras sobre drogas e violência, o resultado da combinação é celestial. Bandana é um fortíssimo candidato a álbum do ano.
Destaques: Crime Pays, Flat Tummy Tea, Half Manne Half Cocaine
Palehound - Black Friday:
Curto e doce, as vezes quase esquelético, as vezes com arranjos mais luxuosos de orquestra. Ellen Kempner não faz muita questão de se diferenciar de outros projetos de folk rock lançados no ano, que não são poucos, são muitos. As composições, curtas mas muito bem feitas, se destacam pelas escolhas de progressões, não tão usuais, de Kempner. Que tomando pouco ou quase nenhum risco, faz mais um agradável álbum de indie folk no ano. (53, e contando)
Destaques: Company, Worthy, Bullshit
Daniel Caesar - CASE STUDY 01:
Freudian foi um dos melhores álbuns de R&B de 2017, Daniel Caesar foi provavelmente meu artista revelação favorito daquele ano, as composições que mesclavam soul, pop e hip hop me deslumbraram desde a primeira audição. Com a exceção de um single no ano passado e algumas participações, Caesar esteve quieto por boa parte desse tempo, e hoje, sem nenhum aviso prévio. CASE emula Freudian do jeito mais desinteressante que poderia emular, instrumentais pouco inspirados, e letras pouco interessantes. Além de algumas participações interessantes na produção e execução do disco, nada é tão interessante como já foi para Caesar.
Destaques: FRONTAL LOBE MUZIK, SUPERPOSITION, ARE YOU OK?