Crítica | Mindhunter (1ª Temporada)

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Com uma produção muito bem elaborada, MINDHUNTER TRAZ UMA NOVA ABORDAGEM PARA SÉRIES POLICIAIS.

"Mindhunter" é um thriller policial que acompanha a vida do agente Holden Ford, (Jonathan Groff), que muda de departamento no FBI. Nessa simples explicação poderíamos apenas substituir o nome da série e do protagonista e teríamos o resumo de várias outras séries policiais, mas não é o caso da série original Nexflix, lançada em 2017. Baseada no livro de mesmo título de John Douglas, o enredo acompanha o surgimento das teorias de perfis criminais. Aqui John dá vida a um protagonista fictício que lida com dramas reais.

O mérito da série é a quebra de expectativas. Não temos cenas de ação, apelo para cenas de corpos expostos ou até mesmo flashbacks dos crimes abordados. O foco é justamente o que poderia ser um tiro no pé: Os diálogos e a decisão do que não mostrar.

Holden se junta ao colega veterano Bill Tench (Holt McCallany), e os dois viajam pelos Estados Unidos atrás de entrevistas com assassinos seriais e, com o trabalho da psicóloga e acadêmica Wendy Carr (Anna Torv), buscam um padrão dentro dos crimes. A atmosfera é banhada por uma fotografia fria, mesmo com a presença constante de um amarelo enjoado. Ao decorrer das entrevistas compreendemos que o ato criminal não é o que os move até as celas, afinal eles possuem todas as informações necessárias nos arquivos, o que leva eles a sentar de frente com assassinos brutais é o porquê.

O espectador é o tempo todo condicionado a pensar junto com os protagonistas. Com a ausência de contraplanos nos diálogos mergulhamos no que está sendo dito e começamos a traçar junto com Holden e Bill o que poderia levar aqueles homens a cometer os crimes.

Por se tratar de uma série factual, as decisões da direção de não ser visualmente gráfica é mais do que coesa, afinal estamos lidando com vítimas e famílias. David Fincher é produtor executivo e dirige o primeiro e últimos episódios, mas seu toque está presente a todo momento. O clima é muito parecido com “Zodíaco”, longa que também vai contra as expectativas dos filmes criminais.

A ambientação dos anos 70 é criada com um primoroso trabalho de cenografia e figurino, além das marcantes transições com letterings grandiosos e uma trilha sonora original criada por Jason Hill. Além disso os clássicos da época marcam demais, o encerramento do segundo episódio ao som de “Talking Heads - Psycho Killer”, por exemplo, é um encaixe perfeito.

Definitivamente, não se trata de uma série para se maratonar, seja pelo ritmo que pode não agradar a todos, ou pela necessidade de foco para acompanhar os diálogos, mas se trata, com certeza, de um grande título da Netflix que garante algumas reflexões e análises sobre o comportamento humano.

8.7

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