Crítica | Niall Horan - Flicker
Durante os 5 anos de One Direction sempre tivemos algumas evidências de como seria a carreira solo de seus integrantes. Zayn sempre teve os vocais e o estilo para o R&B com uma mescla pop e ''Mind of Mine'' é basicamente isso. Harry Styles sempre teve presença de palco e voz excelentes, se vestindo e agindo como alguém que almejava, um dia talvez, ser uma estrela do rock e seu álbum que leva o próprio nome nos da amostras disso. Niall, por outro lado, sempre procurou ficar fora dos holofotes deixando sua guitarra falar por si, com uma voz suave sem o mesmo alcance dos outros, sempre procurando representar algo genuíno e palpável. É basicamente aquele artista gente como a gente.
''Flicker'' é isso. Um álbum folk/Pop (as vezes flertando com country) simplista, que como Niall disse, busca inspiração em Fleetwood Mac e The Eagles e leva consigo durante seus quase 36 minutos uma vibe cantor/compositor e seu violão. É admirável a tentativa de demonstrar algum tipo de vulnerabilidade aqui mas o grande problema é que mesmo com apenas pouco mais de meia hora, o álbum inteiro parece reciclado de vários artistas que já vem fazendo esse tipo de música. A imagem de garoto bonzinho buscando o amor fará sucesso e é comercial (Ed Sheeran e Shawn Mendes que o digam), mas é um nicho que já possui um tipo de estereótipo forte para o artista que se insere nele, e originalidade não é uma característica presente aqui.
Deve-se dar o devido mérito aos dois singles (e hits) do álbum. This Town é despretensiosa e clichê, mas conta com Niall talvez no seu melhor momento do álbum, tanto em voz quanto em transmitir o sentimento pretendido com esse LP e com um refrão convidativo e aconchegante. Já Slow Hands se afasta da vibe geral do álbum. Se afasta do estilo acústico, e busca um rock mais sexy e rápido. É infecciosa.
Fora as duas faixas, quase nada se destaca. ''On The Loose'' começa com o riffle de guitarra que parece muito com ''Want You Back'' do grupo Haim, e lembra muito também algumas intros de músicas do ''Two Door Cinema Club'' junto com uma letra que parece ter sido escrita pro novo álbum do ''Maroon 5'', sendo completamente esquecível. Passado isso e diversas baladas genéricas, ''Too Much To Ask'' consegue ser atrativa. Não que seja diferente do resto aqui, mas a voz de Niall transparece uma dor que não conseguimos sentir em um álbum que fala tanto sobre um coração partido.
No final das contas, falta ambição à Niall Horan. Mas entre um romantismo trivial e músicas arrastadas, ele se mantem verdadeiro consigo mesmo e com a música que quer fazer. Pode ser reciclado e faltar qualidade, não vai fazer o barulho que Zayn fez ou empolgar críticos como Harry Styles, mas Niall não precisou mudar ou se esforçar para provar algo. Apenas foi inteligente. As milhões de fãs do grupo vão apoiá-lo não importa qual caminho artístico ele decidir seguir, ainda mais quando parece que as músicas são para elas. Inteligente e talvez preguiçoso.