Melhor Música Nova | Emicida - Pantera Negra

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Em meio a tantas faixas feitas para a trilha sonora do próximo filme da Marvel, que estreia no dia 15 aqui no Brasil, poucas tiveram a ousadia e audácia que a mensagem política e social do filme requerem. E não estamos falando de nomes pouco conhecidos. Kendrick Lamar, o melhor Rapper dos últimos anos e sua gravadora, TDE, são os responsáveis e, apesar de o trabalho aqui estar eficiente, faixas como "All The Stars", que conta com a também maravilhosa SZA, não trouxeram o impacto necessário.

Emicida, que deveria ser promovido pela nação para que fosse incluído na trilha, então lança uma versão brasileira do hype sendo criado para o longa e é talvez a melhor música relacionada ao herói até agora. 

"Pantera Negra" é tão excepcional que poderia ser a música tema do filme. Enquanto a batida comandada por Felipe Vassão, um colaborador recorrente de Emicida, parece simples, pequenos toques a tornam o apoio necessário para as rimas. Adicionando à batida com percussão durante os versos o uso de trompetes (o tipo de instrumento mais utilizado para anunciar a chegada de um rei), que acontece diversas vezes e de forma rápida, ele cria antecipação para o refrão, onde a música é engrandecida. Batidas militares, um peso climático quase cinematográfico e que, na segunda repetição, se junta à percussão, criando uma composição sonora arrepiante. 

Com uma produção feita com a intenção de chamar todos para esta luta, contra o racismo e a favor da perseverança, Emicida precisava dar show, e seus versos são uma dilaceração. É uma chuva de reverências e ataques que se conectam e começam logo na primeira linha:

Minha pele, Luanda
Antessala, Aruanda
Tipo T’Challa, Wakanda
Veneno black mamba

As referências ao filme e aos seus heróis vem em diversos momentos, sempre colocando suas filosofias e ideologias em meio ao comentário social que ele procura: 

Sou vingador, vingando a dor
Dos esmagados pela engrenagem
Cês veio golpe, eu vim Sabotage

Lanterna Verde, Super-Choque, mas também Superman, Emicida não pensa na cor na hora de entender a grandeza de alguém, mas mostra que qualquer um que tente discriminá-lo por conta dela não está livre ("Vim esmagar boy que debocha da cultura black"). Ao mencionar Stan Lee e Spike Lee, ele se coloca como visionário, Bruce-Lee como um lutador, que a todo tempo tenta encontrar seu lugar na mesa. Uma referência sempre enriquece demais uma rima e em meio a tantas delas, uma é de um dos melhores álbuns de 2016 e tem como assunto essencialmente o tratamento das mulheres negras na sociedade, ele acerta outra vez e ainda responde o jeito certo de se tratar uma mulher negra. 

Se ela for "tipo a Solange, 'negra ou morena?', na dúvida, chame-a de princesa", isso tudo enquanto se compara à T'Chala, que é rei. Uma das melhores faixas deste começo de 2018 e é muito provável que continuemos falando isso no final do ano.

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