Crítica | John Wick 4: Baba Yaga

John Wick voltou disparando cenas de ação.

Novo longa da franquia falha em achar um espaço para ação sem explicação.

A franquia “John Wick” é um grande fenômeno dos últimos anos, enquanto outras séries de filmes de ação são mal recebidas pela crítica essa tem sido aclamada, isso acontece pois o diretor Chad Stahelski soube como ninguém mediar a relação dos seus personagens com seu público, criando uma relação em que se aceita trocar texto por ação. No novo lançamento da saga do assassino de aluguel, porém, há indícios que essa relação começa a deixar de funcionar, com os pontos fortes dos filmes anteriores ainda intactos, sequências maiores, mais sangrentas e super coreografadas, parece começar haver um incômodo do roteiro com sua falta de histórias, o que faz “John Wick 4” ser o mais longo entre os filmes da série.

Depois que John mata o Ancião, a Cúpula dos assassinos decide fazer de tudo para executá-lo, para isso promove e dá todos poderes possíveis ao Marquês de Gramont (Bill Skarsgard) que contrata o antigo amigo e colega de John, Caine (Donnie Yen) para cumprir a tarefa. A partir daí são três horas de pura adrenalina que vemos na tela. Com uma estrutura simples de três atos, cada um construído em torno de uma grande sequência de ação em uma cidade diferente e encontros mais explosivos entre John, Caine, os soldados da Cúpula e o novo personagem Mr. Nobody (Shamier Anderson) que tenta ganhar o contrato milionário de John.

Como sempre, as três grandes sequências são executadas com perfeição, a coreografia das lutas que envolve multiplicidade de cenários, armas, golpes de artas marciais, carros e motos todos com papéis nítidos no confronto entre os personagens empolga qualquer fã do gênero, como eu mesmo sou. Esse sempre foi o coração da franquia, e é o que fez se destacar tanto, enquanto outros grandes produtos hollywoodianos como “Vingadores” e “Velozes e Furiosos” se transformam em filmes que dependem excessivamente do texto, do que é dito, das explicações, “John Wick” tira quase tudo da frente e se entrega para a experiência a partir da produção de imagens.

O que decepciona é a falta da variação dessa experiência, como não se muda quase em nenhum momento a velocidade da câmera, como os enquadramentos são quase sempre os mesmo (com uma exceção muito bem feita na sequência final), com a edição sempre idêntica, por falta de coragem ou de capacidade técnica, “John Wick 4” não consegue se desprender totalmente do roteiro hollywoodiano e se tornar o grande, explosivo filme de ação por ação que tanto quer ser. Ao contrário disso, joga mais texto do que nunca na nossa frente, mais relações entre personagens que justifiquem tantos tiros e por isso as três horas parecem longas demais, sobram diálogos entre tantos tiros e o filme se torna lento, porque entre cada grande momento temos cenas pequenas e insignificantes.

6,5

Anterior
Anterior

Crítica | Creed 3

Próximo
Próximo

Crítica | The Last of Us