Crítica | Rua do Medo Parte 2: 1978

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Apesar de gostar muito da ideia da Netflix de fazer uma trilogia de Terror em um espaço de três semanas, comentei na crítica do primeiro como o ideal seria coincidir o lançamento com o Halloween e que claramente faltou certezas e constâncias na abordagem. Ainda assim, o “1994” consegue divertir em alguns dos seus momentos e me deixou no mínimo curioso pra ver o que a Leigh Janiak faria a seguir.

Tenho a impressão que esses filmes estão realmente sendo feitos ao contrário, e não só como contam a “história”, mas no desenvolvimento cinematográfico mesmo. Se o primeiro tinha um mundo de elementos e referências muito nítido, praticamente já construído, esse ignora completamente e foca única e exclusivamente no recurso de tensão do anterior. E seria legal ver aquele universo ser construído ao longo dessas duas sequências, mas esse “1978” foi só uma parada com uns sustos fabricados no meio, que no fim não adiciona/explica/explora nada e telegrafa tanto o suspense que acho difícil (até pra um cagão como eu) se assustar de verdade. Além do que, alguns dos jumpscares parecem dessincronizados, como se o grave na trilha sonora viesse alguns segundos depois das imagens, tirando o peso do susto.

O curioso é que se esse até tem uma unidade dramática mais definida, ela engaja ainda menos. Se aquele tinha uma inconsistência entre querer se divertir e ser sério em outras, aqui tudo parece um terrorzinho adolescente aborrecido, com personagens desgostáveis e que forçam tanto pra serem paródias dos estereótipos que a única solução possível é virar o olho centenas de vezes. Quando acontece qualquer coisa com algum deles não é como se fosse possível sentir qualquer empatia, ou mesmo aquele prazer gore que alguns tem por ver personagens idiotas morrerem. O que fica é uma mistura de já saber que ia acontecer e realmente não ligar.

Por conta disso, mesmo com a diretora tendo domínio das referências visuais que adota, elas são usadas meio que em vão, com o filme parecendo mais uma tentativa de emular os slashers do que de ser um filme por si só. Parece um episódio de série de TV que só prepara pro próximo, mas é tão passageiro que aposto que daria pra pular e não faria diferença nenhuma entre esse e o último capítulo. O que, de certa maneira, faz sentido que a ideia toda é uma espécie de serializarão do Cinema, mas que acaba tornando evidente o que de pior tem essa conotação e não explorando seu potencial.

Sigo curioso pro desfecho (voltar centenas de anos no passado parece, no mínimo, interessante), mas me parece bem claro que a ideia toda foi mal calculada pela Netflix.

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