Crítica | Katy Perry - Witness
O quinto álbum de Katy Perry traz algumas certezas. Ela está tentando entrar no mesmo território que Beyoncé masterizou, enquanto inova seu som para o pop que fez Taylor Swift e The Weeknd darem nova vida ao gênero, mas falta aqui a mesma coisa que sempre. O talento puro de artista.
Ela não é uma grande cantora, raramente em uma de suas músicas parece que sua voz é a coisa mais importante, e aqui isso se repete. Ela tenta segurar as notas mais do que deveria, talvez para dar mais consistência a sua voz, mas isso impede que as músicas alcancem outros patamares. Estranhamente isso casa até que bem na primeira parte do álbum, menos barulhenta, dotada de uma pulsação mais controlada. "Witness", "Hey Hey Hey" e "Roulette" são completamente diferentes de tudo que ela tenha feito e poderiam muito bem ser grandes destaques não fossem suas letras, que tentam falar mais do que conseguem. Ela tem a necessidade de explicar cada um dos títulos, "Você pode ser minha testemunha?", "Você acha que eu sou um bebê, mas você não pode me quebrar", "Quero fechar meus olhos e ir com você, assim como uma roleta". Para fazer pop consciente, ou de empoderamento, se precisa de muito mais que isso.
Max Martin é um mago da produção musical. Ele faz de sua parte de "Witness" um pop de primeira, escondendo perfeitamente as fraquezas de Katy Perry, e tornando a composição geral mais impactante que as letras duvidosas. Mas toda essa qualidade também tem um preço, o período em que ele não está presente assombra o álbum, o impedindo de ser consistente, ou até mesmo valoroso. "Swish Swish" é um single viável, mesmo que sua tentativa de atacar Swift seja um pouco embaraçosa, mas a sequência de quatro músicas entre ela e a próxima aparição de Martin é um trabalho tortuoso de resistência.
O mais próximo que Perry chegou aqui de cumprir sua proposta com qualidade foi "Chained to the Rhythm", que consegue balancear bem seu lado single com a mensagem que ela quer passar. Junto com "Bon Appétit" e a sempre carismática aparição de Migos, mantém a reta final do álbum ouvível. Não memorável.
"Witness" não é um bom álbum. É uma tentativa louvável de Perry de alçar voos mais altos para a carreira, mas a falta de qualidade de sua composição lírica, e a presença de muitas canções depressivamente descartáveis fazem desse só mais um álbum pop que não consegue ser mais do que isso. Mesmo que tente. Ainda preferimos sua fase chiclete Katy Perry, música consciente não é o seu forte.
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