Os 10 Melhores Filmes de 2001

Estamos no final do primeiro quinto do século 21, e então decidimos retornar a todos os anos e trazer listas dos melhores filmes de cada um, em busca de, ao final de 2020, termos uma lista com os melhores do século até agora.


2001 foi um ano crucial para o planeta Terra como um todo.

Os atentados do 11 de setembro não mudaram apenas a forma de se fazer política em diversos países, mas aumentaram ainda mais nossa paranoia ao escancarar nossas vulnerabilidade e impotência perante guerras travadas por aqueles que deviam, em tese, nos proteger.

E no cinema, sempre uma representação da nossa sociedade, é claro que tudo mudaria drasticamente após tudo aquilo, muito além da completa ausência das torres em filmes subsequentes passados em Nova York.

De certa forma, os filmes desta lista podem aludir, ou não, para o passado de guerras e para esta paranoia coletiva da troca de milênio que, juntos, parecem ao menos desvendar o impacto dos atentados.

Sem mais delongas, estes são os dez melhores filmes de 2001 e, por favor, não me matem por não incluir Harry Potter, mas vou ser econômico com as inclusões da saga nas listas porque sei que todos vocês já assistiram (e tem críticas de todos no site).

Como sempre, alerta moderado de spoilers.


10b | o fabuloso destino de amelie poulain

OS MELHORES FILMES DE 2001

Eu não sou o maior fã deste jovem clássico popular, mas sua influência e apelo são inegáveis.

Afinal, quantas meninas você já não viu imitarem o estilo de Amelie?

E ela é uma personagem interessante, forte e, principalmente, diferente, tranquila com sua singularidade e sem a necessidade de esbanjá-la, o que a torna ainda mais atrativa para as pessoas que conhece e, principalmente, para nós espectadores.

Um filme estiloso e bonito, “Amelie” conquista pelo todo, mas também pelas sutilezas que apresenta em toda sua narrativa e que podem ser descobertas a cada nova revisita.


10 | waking life

OS MELHORES FILMES DE 2001

Richard Linklater é um cineasta obcecado com a vida real e com abordagens heterodoxas em suas produções e isso era visível desde o começo de sua carreira, nos anos 90.

“Waking Life” é uma das animações mais esquisitas que você pode assistir, contando nenhuma história em particular se não a aventura de um jovem enquanto conhece, conversa e descobre diversas maneiras de se ver o mundo, o que resulta em uma experiência quase transcendental para o espectador que, a todo segundo, é desafiado a pensar e repensar.

É um filme que cada vez que penso, cresce mais em mim, e que oferece dias e dias de reflexão.


9 | o filho da noiva

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Juan José Campanella atingiria fama mundial com o vencedor do Oscar “O Segredo dos Seus Olhos”, um filme que, fora por Ricardo Darin, não poderia ser mais diferente que este “O Filho da Noiva”.

De certa forma satírico quanto a vida de seu protagonista e quanto as muitas situações que vive, é um filme que pode ser resumido pela linda imagem de sua capa, que é reproduzida apenas no fim, quando já conhecemos toda a carga emocional que envolve aqueles três personagens. E ambiguidade do momento é justamente a força que rege o filme, pois por mais sincero que seja o sentimento de todos ali, devido a condição da noiva, não deixa de ser um momento artificial do qual ela nem sabia que fazia parte.

A melhor maneira de descrever este filme é com aquela história, que volta e meia cruza as redes sociais: “Mas senhor, sua mulher não o reconhece mais” “Sim, mas eu reconheço ela”.


8 | E SUA mãe também

melhores filmes 2001

Um dos filmes mais curiosos da lista é esse road movie de Alfonso Cuarón, adaptando para o México uma das fórmulas mais repetidas de Hollywood para contradizer os movimentos mais realistas dos anos 90, mas ainda deixando visíveis seu papel na narrativa.

Extremamente divertido pela veracidade com que retrata os dois jovens, Cuarón consegue aplicar leveza mesmo em suas cenas de sexo mais explícitas, fazendo as funcionar em diversas camadas: na mais superficial, são dois adolescentes que não sabem o que fazer da e com a vida, na mais profunda vemos sua amizade se despedaçar ao ponto que outros sentimentos florescem entre o trio.

Apesar de não achar a narração necessária para a narrativa, ao descobrirmos aonde aquela jornada levou cada um dos personagens somos convidados a sentir por eles. E a apreciar todos os momentos que passaram durante.


7 | monstros s.a.

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Já escrevi sobre “Monstros S.A.” duas vezes no site, então vou tentar mudar, novamente, a justificativa.

Não consigo me lembrar, de memória, de um ano mais rico para as animações do que este 2001, como vocês vão ver mais abaixo. “Monstros S.A.” foi praticamente a confirmação de o quão especial é a Pixar, de que “Toy Story” não era um milagre singular, mas parte de uma equipe criativa que entregaria clássico atrás de clássico nos anos seguintes.

A primeira vista é um filme bonitinho com dois monstros destrambelhados que tem que levar uma criança humana de volta a seu mundo, mas quando sentamos para analisar cada porção de sua história percebemos que, além de ser sobre o controle que as corporações exercem na mente de todos (tema comum da Pixar), é principalmente sobre crescer e saber que atrás de cada porta está um novo aprendizado.

Este é um daqueles filmes que não tem como errar, todo mundo na família vai se divertir.


6 | os excentricos tenenbaums

OS MELHORES FILMES DE 2001

O cinema de Wes Anderson é sobre perfeccionismo, mas as pessoas as quais Wes Anderson retrata são o oposto completo.

Em um de seus primeiros trabalhos, o cineasta constrói o mais próximo que poderia de um filme para toda a família assistir, ao passo que qualquer família que escolha assistir à “Os Excêntricos Tenenbaums” provavelmente vai terminar a projeção e não trocar qualquer palavra, perplexos e confusos.

E não por conta de uma trama complicada ou reviravoltas inesperadas, apenas porque este é um filme que se orgulha - e caçoa - da estranheza de seus personagens, e acaba encontrando a glória por nos fazer nos importar e torcer para a felicidade de cada um, por mais que suas personalidades e suas ações não sejam, em nada, atrativas.

É um filme esquisito, divertido e, por incrível que pareça, bonito - não só visualmente.

leia a crítica


5 | shrek

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Shrek está tão inserido na cultura popular que fica fácil esquecer que foi, antes de uma franquia e um personagem conhecido mundialmente, um filme excepcional.

Pioneiro ao subverter e desafiar convenções, importante por seus avanços técnicos e conceituais e influente ao fugir dos padrões de beleza impostos pela Disney - que aprenderia muito com a concorrente DreamWorks aqui -, “Shrek” é uma aventura hilária para as crianças e um mar de referências que apenas os adultos irão captar.

É, sem sombra de dúvidas, uma das animações mais importantes da história recente do cinema que já extrapolou os limites que um filme pode alcançar. Um legítimo clássico moderno.

leia a crítica


4 | a espinha do diabo

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Guillermo Del Toro raramente se mostra infalível, sendo que posso apontar pequenos problemas em praticamente todos os seus filmes, se esticando desde tramas falhas a cenas desconexas.

Porém, sempre que ele acerta, é como se esses erros fossem preteridos pela magia com que nos envolve.

Magia esta que torna este fabuloso “A Espinha do Diabo” no meu favorito de sua filmografia. É um filme com um comentário social tão forte como sua mensagem política, se misturando e, por vezes, passando desapercebido por trás das aventuras que seus jovens personagens enfrentam. Por vezes elas parecem duras demais, por outras assustadoras e sobrenaturais e Del Toro deixa para nós a decisão se o que assistimos foi inteiramente real ou enfeitado pela imaginação de seus protagonistas.

Ao final, nem sei se isso importa, a verdade é que o encanto foi tanto que, até agora, ainda não passou.


3 | senhor dos anéis: a sociedade do anel

OS MELHORES FILMES DE 2001

A trilogia “Senhor dos Anéis” é uma das minhas coisas favoritas. Ponto.

Isso apenas mostra a qualidade dos dois filmes a seguir, pois o que Peter Jackson conquista em cada uma dessas adaptações - que, na verdade, são uma só, assim como o livro - é algo simplesmente surreal.

Por mais de três horas conhecemos o Condado, nos abrigamos na vila do Pônei Saltitante, nos maravilhamos em Rivendell e nos assustamos com a magnitude das Minas de Moria. Vemos feitos inacreditáveis de magia, nos assustamos com uma dúzia de criaturas vindas direto de nossos piores pesadelos, vemos a sociedade nascer e ruir, vemos aliados se tornarem inimigos, e alguns destes se redimirem sacrificando a própria vida.

Talvez essa coisa de magia e historias medievais não seja a sua, mas mesmo assim, ainda estará assistindo à uma história complexa e com uma carga emocional e dramática arrebatadora, que, em seu núcleo, ainda funciona como um paralelo para muitas das fases que passamos como humanidade.

A influência da obra de Tolkien é inigualável, e este filme faz jus a isso.


2 | a viagem de chihiro

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A obra prima de Hayao Miyazaki é outro dos filmes que volta e meia aparecem em alguma lista aqui no Outra Hora, mas é apenas justo.

Talvez o melhor filme de um estúdio com mãos cheias de obras primas, “A Viagem de Chihiro” é uma especie de “Alice No País das Maravilhas” japonês e elevado a enésima potência, com um mundo ainda mais inventivo e detalhista e uma jornada ainda mais reveladora, difícil e fascinante, sendo que a menina que sai de lá não é mais a mesma que entrou.

Em um ano brilhante para as animações, é impossível não classificar esta como a melhor, simplesmente pelo fato de que, bem, vocês viram nosso top de melhores do gênero do século 21?


10 Menções Honrosas sem ordem específica: Lavoura Arcaica; Moulin Rouge; Gosford Park; In the Bedroom; A Última Ceia; O Homem que não estava lá; 11 Homens e Um Segredo; Donnie Darko; Y Tu Mama Tambien; Falcão Negro Em Perigo.


1 | mullholand drive

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Se vocês procuram por respostas, nós não temos aqui, apesar de que ao final do filme mais Lynchiano de David Lynch a confusão seja tanta que nem sabemos se queremos, ou se teremos condições, de encontrar os significados escondidos de um dos filmes mais intrigantes já filmados.

É uma história de amor? Um ensaio sobre a busca incansável pela fama? Um mistério sem resolução? Um sonho acordado? Um acordo sonhado? Tudo isso, de repente?

O próprio Lynch revelou, anos depois, uma lista de momentos chave para se decifrar a história, mas mesmo com eles não é como se tivéssemos uma ideia concreta do que assistimos, pois desde o menor objeto, à uma fala perdida, à uma expressão facial de um dos atores pode levar a narrativa para novos rumos e, apesar de soar frustrante, a sensação de se estar preso no filme supera a da confusão por ele provocada.

Um dos longas mais debatidos dos últimos 20 anos, “Mulholland Drive” é uma obra prima complexa e que, de maneira alguma, você conseguirá esquecer.

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