Crítica | Vingança a Sangue Frio
Que experiência divertida é assistir um filme sem pretensão alguma que acaba sendo muito melhor do que qualquer um esperaria.
Liam Neeson é Nelson Coxman, um homem feliz em viver sua vida isolada, que trabalha abrindo caminho na neve das montanhas, descobre que seu filho fora encontrado morto por conta de uma overdose. Ele desconfia, com razão, que seu filho fora na verdade assassinado, então parte em uma jornada de vingança.
Você com certeza está pensando o mesmo que eu. Liam Neeson, filme de vingança, pós temporada de Oscar, tinha tudo para ser “Busca Implacável 4” com um nome diferente, mas esse remake do filme norueguês de 2014, “In Order Of Disappearance”, consegue ser exatamente o que pretendia: duas horas divertidas com Liam Neeson fazendo o que sabe fazer de melhor.
Sem se apegar em conexões melodramáticas e praticamente livre de qualquer peso narrativo, o longa dirigido por Hans Petter Moland, que foi também o diretor da versão norueguesa, mantém o humor negro como elemento central da história e, mesmo que nem todas as piadas e sub-tramas encaixem, ele é essencial para que o filme se separe de sua dezena de concorrentes que surgem todos os anos. A violência é escatológica e gráfica e contrasta bem com as belas paisagens das montanhas, os diálogos simples e quase caricatos e uma considerável quantidade de reviravoltas não bem te surpreendem, mas tornam a história em algo mais interessante e complexo.
Você pode tranquilamente desligar seu cérebro para assistir esse filme, é até melhor que faça, mas não deixe de apreciar os ótimos elementos que ele tem a oferecer.
Neeson está ótimo, como sempre, em um papel que ele sabe fazer muito bem. A edição valoriza sua linguagem corporal, o que é um colírio para os olhos depois de tantos filmes de ação onde você praticamente não o via se mexer sem uma câmera tremida. Curiosamente, o filme passa uma boa parte sem mostrá-lo e decide detalhar os aspectos entre uma briga de gangues extremamente opostas que, bem, rende uma boa dose de ação e diversão. Performances sólidas de Laura Dern, Emmy Rossum e Tom Bateman, entre outros, compensam o fato das muitas sub-tramas e dinâmicas e de um número consideravelmente grande de personagens secundários. Estranhamente, a maioria deles tem pelo menos um desenvolvimento suficientemente engraçado que os faça parecer válidos em tela.