Crítica | Operação: Presente de Natal (Netflix)
Sim Netflix, já entendemos que o Natal chegou.
Ignorem o título caça-niqueis (que é fiel ao original) e o fato de que o longa, provavelmente, seria feito para a televisão caso o streaming não existisse, esta é uma das melhores comédias românticas, especialmente natalinas, que assisti nos últimos anos. Não que queira dizer muita coisa…
Convenhamos, a competição não impressiona e a premissa poderia até causar olhos revirados não fosse o fato de o filme ser parcialmente baseado em uma operação real, que acontece todo Natal, quando tropas dos Estados Unidos, Japão e Australia se juntam para entregar suprimentos à ilhas isoladas. Andrew é um dos oficiais responsáveis pela missão, enquanto Erica é encarregada de inspecionar a base em Guam, afim de encontrar irregularidades que a levem a ser fechada. Bom, pelo menos uma parte do filme vocês já sabem como termina.
Mas apesar de se abraçar à suas convenções de gênero, o diretor Martin Wood consegue fazer bom uso do alto orçamento e belas locações, sempre movimentando a câmera e trabalhando em sinergia com o editor Brad Rines. Juntos, os dois conseguem ilustrar bem o distanciamento inicial entre Andrew e Erica, chegando a nos fazer questionar se ficariam juntos ou não, e gradualmente os aproximam em cena conforme sua relação desabrocha. Mais importante que isso, o filme consegue deixar a comédia-romântica de lado por boa parte de sua hora e meia, se focando na importância da missão e na boa índole daqueles envolvidos sem soar congratulatório em excesso ou nos forçar um “nossa, mas como são bonzinhos”.
Quer dizer, com exceção de Andrew, interpretado por Alexander Ludwig (a última vez que o vi ele estava arrancando corações - literalmente - em “Jogos Vorazes”) que parece um legitimo santo na Terra. Altruísta ao último, ele abriu mão de sua casa para dar a uma família desabrigada e mora em um canto que ocupa quase que inteiramente com doações. Acho difícil, ainda mais depois de 2020, acreditar que exista alguém assim, mas o ator vai além do sorriso bonito e consegue convencer de sua boa vontade. O contrapondo está a Erica de Kat Graham. Inicialmente insossa, mas não por ser má e sim por ser profissional e determinada a suceder em um meio nocivo à uma mulher negra, não precisamos de muito para perceber que tem um bom coração e que enfrenta as próprias dores natalinas que quase a apelidam de Grinch - sim, ri bastante e o filme é até que bem engraçado. Mais importante, os dois conseguem desenvolver química em tela e suas sub-tramas, por mais dramáticas em excesso que sejam, soam plausíveis e são concluídas de maneira satisfatória.