Crítica | O Lagosta
“O Lagosta” traz a importante reflexão de como a sociedade; não encara a solitude de uma maneira positiva.
Em uma realidade distópica, solteiro(a)s são enviados para um hotel. No local, eles têm o prazo de quarenta e cinco dias para formar um par. Caso não encontrem, são submetidos a um procedimento que os transforma em animais.
Escrito e dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos. Filmes com assinatura do diretor, contém estranhamento, desconforto e cenas explícitas. Por mais gráficas que sejam as imagens, não há vulgaridade. Sutilmente entregando pistas ao subjetivo. O conteúdo apresentado permite uma reflexão de quão longe as pessoas estão dispostas para não ficarem sós.
Assistimos a dissociação de personalidade, o processo de afastamento que as pessoas têm de sua essência para estar em um relacionamento. Uma série de escolhas, submissão a situações problemáticas. Muitas vezes, dão abertura a relações tóxicas. É difícil para o espectador digerir que a realidade apresentada na tela, é reflexo da nossa.
Abertura ao explícito é uma assinatura do diretor, componentes imprescindíveis. Além da natureza como um personagem ativo, a estética simétrica à la Wes Anderson só que dark e perturbador, roteiros com personagens profundos e peculiares. Somando isto; A presença do tríplice coroa de Lanthimos; Olivia Colman, Colin Farell e a britânica Rachel Weisz. Olivia, tem um papel secundário. Isso não à limita a demonstrar, que já faz algum tempo que entrega brilhantes performances. Sua relação com o diretor flui tão bem pela troca que entrega em sua atuação.
O protagonista David; interpretado por Farrell. Possui uma personalidade vazia e cínica, faz o necessário para poder sobreviver. No segundo momento do filme, ao conhecer “ A Mulher com Visão Curta” (Rachel Weisz). Vemos sua personalidade florescer, e a cena sendo roubada pela excelente interpretação da atriz. Rachel direciona sua consciência social na escolha de seus papéis. Além dos três, o elenco contém fortes nomes e deliciosas atuações. A jovem atriz e protagonista da série “ The End of The Fucking World” Jessica Barden é um desses, comprovando que personagens atípicas são sua marca e desempenha com maestria.
De “Twilight Zone” a “Black Mirror”. “Her” e “Eternas Lembranças de Uma Mente Sem Memórias”. Contos que analisam a condição humana com de cunho ficção cientifica; Uma tendência que leva a necessárias reflexões sobre o impacto das circunstâncias do desenvolvimento em nossos relacionamentos.
8.5
Disponível na plataforma de streaming Netflix.