Do Pior Ao Melhor | Drake
Aubrey Drake Graham não parece gostar do conforto e da vida mansa, workaholic quando se trata em fazer hits estrondosos tocarem por todas as rádios, ecoar em todos os carros, 24 horas por dia, 7 dias por semana. “God’s Plan” atualmente ocupa a primeira posição em todos os charts globais sem previsão de saída. Além disso, recentemente Drake divulgou o vídeo do single “Nice For What”, o que nos deixa na eminencia de um novo álbum do nosso rapper canadense mais querido.
Cada álbum da discografia tem um tom, um clima, um sentimento diferente. Sem sombra de duvidas alguns tem maior êxito nessa tarefa, outros com pontos altos, mas sem a regularidade necessária para um disco clássico, a perseguição de Drake pela coroa do Rap passa pela capacidade de criar um disco coeso e com qualidade para ser um clássico instantâneo. Enquanto Drake trabalha para isso, nós temos trabalhamos para destacar os erros e os acertos de cada álbum de Drizzy.
7 | What a Time To Be Alive (2015)
“I wake up in a daily basis / I count this money up and I’m already rich”
"What a Time To Be Alive", o álbum conjunto entre dois dos maiores superstars da atualidade, rendeu 11 músicas embrulhadas numa bela capa, que já dá o tom do álbum mesmo antes do play.
O projeto é fruto de uma viagem de 6 dias de Drake a Atlanta, cidade natal de Future, e o que era pra ser um single conjunto, virou um álbum. A produção impecável do já legendário jovem produtor, Metro Boomin’ é sem dúvida o maior destaque no álbum, os Hi Hats em ritmos tercinados e 808’s ondulantes, característicos do produtor, foram a estrutura principal do álbum, desviam a atenção do ouvinte, fazendo-nos esquecer o quão clichês e pouco interessantes são a maioria dos versos de Future. A falta de relevância nas faixas incomoda quem esperava mais do canadense nessa parceria.
Melhor Faixa: 30 for 30 Freestyle
Pior Faixa: Change Locations
6 | Views (2016)
“I dropped out right before I graduate / Six credits left, momma had the saddest day / It’s only up from here, you just gotta wait”
Construído em cima do hype de “Hotline Bling”, a espera por “Views” era gigantesca. Não demorou muito após seu lançamento para todos perceberem que as altas expectativas não foram atendidas. Mas a verdade é que Views era exatamente o que esperar de Drake naquele momento, é um álbum com a essência do cantor, perambulando pelas ruas de Toronto num dia frio de inverno com letras carregadas de nostalgia e arrependimentos que assombram a qualquer um que já teve que deixar a cidade que ama para trás.
Existem boas sequências, existem sequências fracas, há pouca coisa muito boa, há muita coisa mediana. A certeza é que Drake de “Views” não é o melhor Drake nem liricamente e muito menos musicalmente, mas ao mesmo tempo, é um álbum muito diversificado, apresentando pequenos vislumbres de Drakes antigos que de vez em quando dão o ar da graça em alguma faixa ou outra.
Melhor Faixa: Pop Style
Pior Faixa: One Dance
5 | More Life (2017)
“America’s most wanted man, I’m still on the run / All these number ones and we still not the ones.”
“More Life” é o primo rico e bem-sucedido de Views, mesmo carregando algumas irritantes semelhanças com o seu antecessor. É um álbum, ou playlist, que apresenta mais entrega de Drake nas faixas, beats mais explosivas e melhor acabadas e um melhor desempenho vocal, destaque para o registro médio em algumas músicas como “Passionfruit”, valorizam a bonita voz que as vezes esquecemos que Drizzy possui.
Além disso, o flow entre as faixas é bem mais agradável do que Views, boas sequencias de músicas, e mesmo as que não agregam muito ao álbum parecem passar despercebidas quando ouvidas no contexto. No entanto, More Life tropeça nos mesmos obstáculos do seu antecessor, é um álbum absurdamente longo, com muitas músicas abaixo da média do álbum e poderiam ser facilmente cortadas do mesmo.
Melhor Faixa: Lose You
Pior Faixa: Madiba Riddim
4 | Thank Me Later (2010)
“My fifteen minutes started an hour ago / Truth over fame, you know I respect the blatant shit.”
O debut de Drake no mundo dos álbuns de inteira duração foi um projeto tímido e quase despretensioso, mas também um álbum com canções muito sólidas e arranjos belíssimos com ingredientes pouco comuns no rap atual. Como Drake mesmo diz na ótima faixa de abertura “Fireworks”, o prazo dos “15 minutos de fama” do artista realmente já havia expirado, depois de 3 EPs consistentes do underground do rap game, Drake entrou em campo aos 45 do segundo tempo com a moral em alta e muita expectativa, e soube dar a resposta à altura.
"Thank Me Later" é a evolução das boas canções e arranjos de R&B dos EPs anteriores e apesar da imaturidade nas letras e da performance vocal nervosa, Drake consegue manter o nível durante 15 faixas, construiu um bom álbum de refrãos pop e arranjos que mesclam a agressividade do rap e a suavidade instrumental do R&B.
Melhor Faixa: Over
Pior Faixa: The Resistance
3 | Take Care (2011)
“They take the greats from the past and compare us / I wonder if they would ever survive in this era.”
Um gênio uma vez disse na sessão de comentários do YouTube que introduções com toques de celulares ou vibração são um prenuncio para músicas sentimentais de Drizzy e acho que ninguém pode discordar que esse álbum é o “sad R&B songwritter” em acrílico e papel.
“Take Care” é um álbum muito bem produzido, sequenciado e ambientado, te introduzindo a uma aura que paira sobre toda a melhor parte da discografia de Drake. Desde os clubes de strip às noites mal dormidas, aos términos de namoros, às dores por conta disso. Somos imergidos nesse mundo, que Drake ostenta durante todo este projeto. O tom é mais lento, justamente para aliar da melhor forma suas habilidades de storytelling e o sentimentalismo que ele procura provocar.
Excelentes destaques como “Headlines” e a deslumbrante “Marvin’s Room” e “The Real Her” estão até hoje entre suas melhores faixas. “Take Care” é um passo corajoso e em cheio de Drake, a dificuldade de fazer um álbum de 19 faixas soar coeso e equilibrado é gigantesca, quem produz sabe o quão é difícil fazer um conceito soar tão vivo quanto foi apresentado em Take Care.
Melhor Faixa: The Real Her
Pior Faixa: The Ride
2 | Nothin Was The Same (2013)
“I’m tired of hearing ‘bout who you’re checking for now? / Just give it time, we’ll see who’s still around a decade from now.”
Os singles “Started From the Bottom” e “Worst Behavior” já nos davam grandes indícios da mudança drástica que “Nothing Was The Same” traria a carreira de Drake, finalmente se afastando do rótulo R&B e sendo levado a sério como um rapper de reputação mundial.
A inovação aqui é o ponto principal, com Drake se negando a manter a imagem de um triste cantor de R&B e sim ir em direção ao topo do hip-hop. Até hoje ele ainda não alcançou esse objetivo traçado anos atrás e é muito difícil que consiga, mas na época de lançamento do álbum, a expectativa girava fortemente em torno disso. Com excelentes participações e uma de suas melhores faixas em “Worst Behavior” e o hino “Hold On We’re Going Home”, “Nothing Was The Same” foi um dos álbuns de rap mais consistentes de 2013, se não o mais.
Regularidade é a palavra chave para nivelar esse álbum acima de outros já citados, como todos de Drake é longo e diversificado e flutua perfeitamente entre o Drake mais em contato com os seus sentimentos e o Drake cético que disputa o trono do hip-hop. A jornada é interessante o suficiente para acompanharmos bem atentos, esperando os próximos passos.
Melhor Faixa: Worst Behavior
Pior Faixa: The Motion
1 | If You're Reading This It's Too Late… (2015)
“Please do not speak to me / Like I’m that Drake from four years ago, I’m at a higher place / Thinkin’ they lions and tigers and bears, I go huntin’ / Put heads on my fire place.”
Se a criatividade de Drake permitir, este não será seu melhor trabalho, mas até agora, nada que o nosso rapper canadense favorito tenha feito figura acima de sua mixtape de 2015.
Depois de anunciar seu terceiro álbum de estúdio em julho de 2014, Drake, ainda tem turnê, sentiu necessidade de por para fora toda a angustia de quartos de hotéis, longas viagens e noites mal dormidas em versos de rap, a sua vontade na época era trabalhar com o produtor Boi-1da, que tinha produzido parcialmente o seu segundo álbum “Take Care”, e também com uma proposta mais agressiva e músicas mais pesadas.
Em “If You’re Reading This Is Too Late...” ele está definitivamente em sua melhor forma, tanto lírica como musicalmente com performances que deixaram fãs e críticos impressionados logo nas primeiras semanas de vida do álbum (opa, álbum não... mixtape). Justamente por ter sido feito em turnês e com uma pressa incomum em seus projetos, o álbum passa essa sensação, mesmo que seus maiores destaques sejam tão bem construídos como qualquer faixa em sua carreira.
Aqui Drake fica mais próximo do topo do hip-hop do que nunca em sua carreira, a pergunta é se ele ainda vai tentar escalar mais alto.