As 10 Melhores Músicas de 2012

A segunda década do século 21 está chegando ao fim e para comemorar (?) decidimos retornar à todos os anos desde 2010 e listar os melhores álbuns, filmes e músicas de cada um.


Em 2012 a onda de EDM que tomou conta do início da década começou a se dissipar e, com ela, diversos artistas novos de gêneros variados começaram a disputar atenção do que seria o próximo grande movimento musical da década.

O R&B e o Hip-Hop, que haviam atingindo seus auges em épocas passadas, começariam então um processo de rejuvenescimento e adaptação, liderados por alguns dos artistas na lista a seguir.

Chegamos à 2012, e estes são seus melhores singles:


10 | death grips - I’ve seen footage

Talvez você conheça e até goste muito da versão social de Death Grips, lançada um ano depois de “The Money Store”, por um rapaz chamado Kanye West. Porém, antes de simplesmente dar o play no vídeo acima - caso a capa no mínimo criativa não tenha te afugentado - saiba que, definitivamente, não é para todo mundo.

O grupo composto por Zach Hill, Stefan Burnett e Andy Morin representa o auge que o experimentalismo no Hip-Hop tem a oferecer, com um som disruptivo e corrosivo, que é atraente na mesma medida que é repugnante. Não é uma boa pedida para dias ensolarados, mas há algo de magnético em toda essa dinâmica urbana e obscura que simplesmente te impede de ignorar.

Enquanto não há um claro destaque em “The Money Store”, não poderíamos deixar pelo menos uma de suas músicas de lado.


9 | carly rae jepsen - call me maybe

Tecnicamente lançado em 2011, “Call Me Maybe” só veio a tona um ano depois, quando se tornou o single mais bem sucedido de 2012, se alastrando mundo afora. Infelizmente, talvez, o hit ofuscou toda a carreira de uma das artistas Pop mais talentosas dos anos 2010, fazendo com que Carly Rae Jepsen ficasse para sempre na sombra do big bang que catapultou sua carreira.

E é engraçado, pois, quando se ouve a discografia da cantora, não é difícil se deparar com diversas outras músicas que tinham o mesmo - ou até mais - potencial de infestar as rádios e quebrar recordes de downloads e streaming, mas parece que toda a magia foi gasta neste, que se tornou o 50º single de maior sucesso da longa história da Billboard Hot 100.

Açucarada, doce e ingênua, a canção talvez tenha conquistado tantos corações justamente por expressar algo que todos já passamos, ou você nunca sentiu vontade de simplesmente dar seu número para um@ estranh@ que viu na rua? Jepsen tem uma mão calibrada para a música Pop adolescente, mas nunca acertou - e nem vai - tanto como em “Call Me Maybe”. Uma pena.


8 | disclosure - latch

Um dos primeiros hits da carreira tanto de Disclosure como de Sam Smith, “Latch” teve um caminho muito peculiar em sua caminhada pelas paradas.

Um sleeper hit que ganharia o mundo apenas em 2014, a música é a combinação perfeita da maestria do duo de música eletrônica com os vocais apaixonados de um jovem ainda relativamente desconhecido. Com letras quase desesperadamente apaixonadas e um refrão que se joga de cabeça em um amor totalmente incerto, “Latch” representa muito bem a ideia que todos um dia tivemos de nos prender à alguém.


7 | kendrick lamar - bitch, don’t kill my vibe

Hoje Kendrick Lamar é, indiscutivelmente, o maior rapper e um dos artistas mais populares do planeta Terra, tendo emplacado uma variedade de hits que fixaram seu espaço na cultura popular. Foi uma longa jornada, de um jovem que, diferentemente de muitos ao seu redor, escolheu não sucumbir à crueldade do meio em que nasceu, virou voz do movimento negro norte-americano e difundiu o Hip-Hop para áreas que nenhum dos grandes antes dele conseguiu chegar.

Mas, no quinto e último single de seu primeiro álbum de estúdio, o seminal “Good Kid, M.A.A.D City”, ele era apenas um jovem rapper incomodado com o controle dos estúdios sobre sua carreira, travestindo suas rimas com uma leveza contrária à todo o resto do álbum que, se não forem interpretadas do jeito certo, poderiam enganar qualquer executivo mais preocupado com o dinheiro do que com o que ele realmente queria dizer.

É o único momento do álbum que sai completamente da narrativa, um episódio impar em sua carreira e, até hoje, um de seus singles mais irresistíveis.


6 | miguel - adorn

Um dos líderes do movimento que repaginou o R&B moderno, Miguel não conseguiria atingir o status de super estrela de The Weeknd ou de guru da música de Frank Ocean, mas não é errado dizer que ele, pelo menos durante o pico de “Adorn”, foi o que passou mais perto de evocar Marvin Gaye em toda sua universal sensualidade.

Um take moderno de “Sexual Healing”, o primeiro e mais bem sucedido single de “Kaleidoscope Dream” é uma celebração da sexualidade livre que moldou nossa década, mas que ainda estamos aprendendo a nos acostumar. Esticando sua amaciante voz como súplicas extremamente bem - ou deliciosamente mal - intencionadas, Miguel canta, para todas que queiram se deixar permitir, como seu amor pode preenchê-las, melhorá-las, adorná-las. Mas, apesar das letras sexuais e de ser uma música assumidamente dedicada à uma garota em específico, a voz mansa e os trejeitos oitentistas do cantor a tornam um hino de amor que deve estar na playlist secreta de diversos casais.

É até hoje seu melhor single, um exemplo de seu gigantesco talento e um dos maiores desperdícios da música nos anos 2010 em não abraçar um hit tão poderoso.


5 | tame impala - feels like we only go backwards

O gênio de Kevin Parker ainda não é apreciado como deveria.

Ele e sua voz, quase uma imitação exata de John Lennon, protagonizam um dos atos mais interessantes da música alternativa com o Tame Impala, uma banda de um homem só que evoca com tanta vivacidade a psicodelia que marcou o Rock em seus anos de ouro que é quase como se fosse capaz de trazê-lo de volta.

Assim como seu lisérgico e hipnótico vídeo, o single não perde tempo em construir sua atmosfera, a entregando com força total e capturando sua mente assim que o festival de instrumentos invade seus ouvidos. Kevin canta sobre a sensação de andar para trás em um relacionamento, assim como todos já sentimos antes - e, caso não tenha sentido, ainda vai sentir - e, não fosse a produção alucinógena e sua voz completamente desprendida do mundo real pela semelhança com a de Lennon, perceba como as letras soariam depressivas e até excessivamente comuns.

Ele tem um entendimento cirúrgico da visão que quer passar, mesmo que ela em si seja composta de ideias abstratas sobre seus próprios pensamentos e emoções. É uma música que nos leva a uma viagem nada convencional, mas que, quando acaba, já estamos loucos para embarcar de novo.


4 | grimes - oblivion

Considere que talvez a coisa mais convencional sobre Grimes seja seu controverso e inexplicável relacionamento com Elon Musk. A partir daí, você pode traçar um paralelo.

A artista canadense nunca fez barulho nas paradas internacionais e, muito provavelmente, não vai fazer, mas sua influência e imagem pouco ortodoxas não podem ser subestimadas quando olhamos para o panorama da música Pop desses últimos dez anos. Grimes é uma garota com visões (seu álbum, “Visions” é de 2012 e sim, isso foi uma piada) fortes e um gosto muito particular por música e talvez nada exemplifique melhor suas peculiaridades do que seu melhor single.

“Oblivion” conta uma paranoica e ambígua história de assédio - o qual a cantora sofreu no passado - tão visceral e sombria que é quase como se ela nos colocasse dentro das memórias que ainda perturbam sua saúde mental. São letras fortes e, em diversos pontos, metafóricas que sugerem tanto uma superação como um medo interminável, o mesmo que aterroriza tantas meninas como ela em pleno século 21. A simples ideia de ter medo de qualquer lugar escuro por não saber o que se esconde naquela escuridão já evidencia a potência da canção, mas é o fato de ela estar travestida de uma música Dream Pop que a torna tão diferente.

Uma música que, infelizmente, se relaciona com metade da população do planeta Terra e que, após você superar a aparente estranheza de sua produção, vai te fazer viajar cada vez mais fundo na complicada, e cheia de mistérios, psique humana. Grimes é uma artista que honra o real sentido da palavra.


3 | frank ocean - pyramids

Se The Weeknd e Miguel serviram como vitrines para o R&B experimental que tomou conta dos anos 2010, Frank Ocean pode ser definido mais como uma espécie de fonte.

Ele e sua personalidade única, que mistura timidez e alienação à um rosto aparentemente tranquilo e em paz consigo mesmo, se tornou uma das maiores histórias musicais graças à tudo que seus contemporâneos fazem de pior. O silêncio. Afinal, o único método com que Ocean quer realmente se comunicar não apenas com seus fãs, mas, aparentemente, como a humanidade, é por meio de sua música, onde todas as camadas de proteção que ele parece ter sobre si são despedaçadas e o vemos em sua forma mais vulnerável.

A magnitude dos nove minutos de “Pyramids”, onde ele faz uma viagem luxuosa pela ostentação do Antigo Egito e outra depressiva pela decadência do relacionamento de um homem desempregado com uma Stripper, nos mostram uma pessoa completamente escondida por trás do personagem que ele parece viver com tanto realismo. Flertando com diversas ideias músicas - desde seu já clássico, melancólico R&B à toques espaçados de música eletrônica e uma guitarra psicodélica, cortesia de John Mayer - o single é uma jornada ambiciosa que, de acordo com o próprio cantor, desafia os limites do que uma música deve ser.

É fácil se pegar maravilhado ou confuso em meio à sua estrutura metamórfica, mas o verdadeiro impacto vem na forma da disparidade de seus versos. Uma história de traição, queda e devoção, onde a rainha de uma das maiores civilizações da Terra é reduzida à uma garota de programa que têm de, ainda por cima, contentar o homem a qual já sustenta. Em “Pyramids”, Frank vai da realeza à mais baixa escala do proletariado, desconstruindo justamente a força que mais rege seu próprio trabalho.

Até onde tudo que ele canta ali é amor? E por que, ao re-ouvir esta música tantas vezes, sentimos vergonha de nossos próprios atos? São definitivamente mais perguntas que respostas, mas a dúvida, nesse caso, é atraente demais.


2 | usher - climax

Há aproximadamente 15 anos era simplesmente impossível sair de uma festa sem ter ouvido a voz de Usher.

Dono de uma quantidade absurda de hits (9 no topo da Billboard Hot 100, apenas Rihanna tem mais entre seus contemporâneos) e de uma imagem que apresentou ao mundo a junção de um cantor de R&B com o estilo de um rapper (influenciando desde Chris Brown a Jason Derulo e Justin Bieber), não haviam muitas coisas maiores do que Usher Raymond IV no auge de sua popularidade.

Porém, apesar de muitos de seus hits serem canções genuinamente boas (“Yeah”, “Burn”, “My Boo”, entre outras), ainda faltava aquela música que utilizaria de todo seu imenso potencial como cantor. “Climax” não é apenas esta música, mas também o último suspiro de um artista que influenciou toda uma geração logo antes do gênero, que ele tinha para si por tantos anos, se jogar e ir embora junto à nova onda, liderada por artistas já citados nesta lista.

Com o single, Usher não apenas responde à todos os que louvaram a chegada dessa nova escola como pioneiros e salvadores, mas relembra que ele ajudou a construir os tijolos de um império que ainda está sendo formado. A mensagem só não é tão poderosa como sua performance, apresentando o falsete mais eficaz de sua carreira, sutilmente deslizando pela produção eletrônica de Diplo e traçando um paralelo genial entre um relacionamento que atingiu seu clímax final e sua própria carreira.

O resultado é glorioso, sua melhor música, praticamente finalizando sua era como maior nome do R&B enquanto abraça o início da próxima.


Menções Honrosas: japandroids, the house that heaven built; solange, losing you; alt-j, breezeblocks; beach house, myth; bat for lashes, laura.


1 | frank ocean - thinkin bout you

Dentre as muitas histórias envolvendo Frank Ocean - a minha favorita é sobre como ele mora em uma caverna - poucas são tão interessantes quanto as teorias de fãs e estudiosos para entender sobre quem ele canta suas melhores canções.

Após revelar em uma carta aberta no Tumblr, seu refúgio nas redes sociais, que seu primeiro amor havia sido por um outro rapaz, Frank se tornou, sem desejar ou tentar, uma das figuras centrais da cultura popular de toda a década justamente por desafiar paradigmas e tabus praticamente intocáveis no Hip-Hop - gênero esse o qual fez parte durante toda a carreira, desde seu tempo com a Odd Future à suas frequentes colaborações com Kanye West e Jay-Z. Curiosamente (ou não) “Thinkin Bout You” foi escolhida como o primeiro single de seu magnífico álbum de estreia, “Channel Orange” e, apesar de não se tornar um sucesso imediato, atingiu um status muito mais importante.

Assim como aconteceu com Beyoncé - que teria chorado ao ouvir a música pela primeira vez -, o single tocou corações de forma tão profunda que seu impacto vai muito além de barreiras físicas que podem ser medidas com números. Pergunte à qualquer grupo considerável de pessoas qual o maior hit de 2012 e veja todas virarem os olhos ao lembrar dos líderes das paradas que enjoaram de tanto ouvir. Pergunte a esse mesmo número de pessoas como se lembram de “Thinkin Bout You” e perceba que, apesar de muitos não a conhecerem, alguns vão simplesmente sorrir e perder seu olhar em amores de verão distantes por um breve momento.

Simplesmente, é uma canção que não conquista ouvidos, mas que, justamente por parecer tão pessoal para todos que a ouvem, faz com que as pessoas a tomem para si. A dor em sua voz, a sinceridade com que se entrega aos seus sentimentos, a vulnerabilidade que escancara sem ter medo do que venha a seguir. Realmente não importa se você se relaciona com sua história de perda ou não, todas essas emoções que Frank Ocean dolorosamente canta são universais e o fato de, justamente, não ter sido ouvida em excesso em nenhum período específico de tempo, apenas aumenta o apreço que muitos tem pela canção.

“Thinkin Bout You” é a definição de uma carreira, um atestado de coragem e, provavelmente, uma favorita de muita gente. É a canção de amor que define o sentimento não apenas em 2012, mas em qualquer época ao perguntar a si mesmo o que todos iremos um dia: você ainda pensa em mim?

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