Crítica | Tom & Jerry: O Filme (2021)
A MELHOR EXPERIÊNCIA COM PERSONAGENS HANNA-BARBERA QUE TIVEMOS NO CINEMA EM MUITO TEMPO.
Mexer com cartoons é sempre um risco, Looney Tunes, Pica-Pau, Os Flinstones e a bola da vez Tom & Jerry estão na TV há algumas décadas e marcaram a infância de diversas gerações mundo a fora. Vez ou outra algum desenho entra nesse cânone e conquista o coração das novas audiências, mas a atemporalidade dos clássicos é comovente porque os tempos passam e a maneira que as crianças se relacionam com a programação da TV mudou, mas a capacidade que os estúdios têm tido ao longo dos anos de apresentar seus personagens em novas roupagens os torna ainda mais mágicos e encantadores. Mágico e encantador são dois adjetivos que descrevem “Tom & Jerry: O Filme”. Dirigido por Tim Story o longa é mágico pelo inventivo uso orgânico da animação criando um mundo onde todos animais são desenhos animados em 3D com estética 2D plenamente capazes de interagir com o mundo a sua volta, garantindo as sequências características da TV entre Tom e Jerry. Encantador por conseguir contar duas histórias simples mas eficientes, sem muita pretensões, a narrativa leve mostra que podemos ir no cinema só por diversão e ele ser coeso, dito isso, o filme é um pouco mais longo do que eu gostaria. Como de costume, os dois personagens animados não possuem falas então o carisma impressionante de Chloë Grace Moretz, que interpreta a protagonista da história, é fundamental para conduzir o espectador por essa película.
Centrado na história de Kayla (Grace Moretz) uma jovem desempragada que acaba trabalhando num hotel de luxo por causa de uma mentira sobre seu currículo, o filme se passa durante a semana de um casamento badalado. Como se a situação não fosse tensa o bastante, o hotel ganha dois moradores indesejados nesse momento importante: Tom & Jerry. É boa a proposta de apresentar os dois personagens nesse universo sem eles se conhecerem e parte do filme é a necessidade deles de se conhecerem, sua rivalidade e eventual cooperação para um bem comum, nada fora da estrutura tradicional da TV. As tramas articuladoras do enredo principal são a rivalidade entre Kayla e Terrance (Michael Peña) um dos gerentes do hotel e a história dos noivos Ben (Colin Jost) e Preeta (Pallavi Sharda) que coloca em primeiro plano um comentário sobre amor nas redes sociais ao mostrar um casal perdidamente apaixonado nas suas páginas de Instagram com problemas que impressionam seus seguidores no unisverso do filme. A necessidadeque Ben tem de fazer um casamento hiper luxuoso com toda ostentação nos gera cenas maravilhosamente criativas e ainda promove também discussões sobre a realidade e as expectativas em um casamento.
“Tom & Jerry: O Filme” tem todo potencial para encantar novas gerações enquanto cria identificação no público de desenhos animados de todas as idades, é uma experiência divertida necessária para um momento tão tenso que vivemos no mundo. As referências a momentos marcantes da série animada ajudam na trama e na simpatia do público, Tom tocando piano, a dinâmica com o cachrro Spike, a facilidade de Jerry em manipular objetos e até o ambiente desafiando qualquer lei da física mas colocando alegrando o espectador nos níveis mais profundos da nossa memória. O filme não é nenhuma obra-prima que vai mudar a história do cinema e me agrada muito que nem tenta ser, assumir a alegria, o amor e a ingenuidade como meio e fim da história e da motivação dos personagens é exatamente o que faz cada vez mais falta na telona e fico feliz “Tom & Jerry: O Filme” foi capaz de trazer naturalmente essa essência.