Julia Mestre @ Opinião - 24/10/2025
EM SHOW INTIMISTA, CARISMA E TALENTO SE ALIAM
Esvaziado como fora de costume, talvez devido ao final de semana lotado de atrações em Porto Alegre - as custas do Festival Turá, nesta sexta-feira (24 de outubro) o bar Opinião foi palco de um show cativante do início ao fim.
Cantora, baixista e atriz Julia Mestre impressiona no palco ao se apropriar da guitarra, ao mesmo tempo que conquista o público pela simpatia e desenvoltura. Entrando em palco com o hit Sou Fera, a banda chega pronta para nos ter nas mãos. É calor, postura e conexão desde o primeiro acorde. O ambiente sensual, compatível as temáticas do álbum, é amplificado pela voz suave, a coreografia mais ou menos improvisada e a atenção que Julia dá ao público.
Por mais que a pista estivesse relativamente despovoada, Julia e a banda conseguem preencher esses espaços interagindo, também, entre si. Além disso, a presença em palco é tão magnética e o público foi tão engajado que os espaços se comprimiam, em uma via de mão dupla de devoção entre platéia e palco.
Ao longo da primeira parte do show, além de Sou Fera, Julia canta Meu Paraíso, Pra Lua e Deusa Inebriante como um flerte descompromissado, uma brincadeira boba, para na sequência nos imobilizar e capturar em suas presas. Não à toa a próxima faixa, Vampira, poderia facilmente arranjar o público em casais para dançar, não fosse a intensidade dos olhares de Julia que não permitiam o público se mexer (ou respirar).
Permitindo relaxamento após tamanha intensidade, Sentimento Blues, Seu Romance e os covers de Fala Baixinho (Grupo Revelação) e Love, Love (Gilsons) soam como a pausa para um cigarro entre uma transa e outra. Se antes fomos deborados pela vampiresa, agora nos dirigimos ao fim do show com Veneno da Serpente, faixa eletrônica, com destaque pros sintetizadores etéreos e hipnóticos.
E, garantindo a vontade de ficar até o último instante e não querer se despedir, arrematou o público com Marinou, Limou e Maravilhosamente Bem, faixa que dá o nome de seu último disco e da turnê.
Felizmente, agraciou a platéia com duas faixas no bis: Arrepiada e Sonhos & Ilusões, do primeiro álbum da artista, além de abraços calorosos ao final.