Crítica | Guardiões da Galáxia 2

Falam muitas coisas sobre expectativa. Alguns dizem para deixá-las baixas, esperar pelo pior, e se satisfazer com o que vier. Outros dizem para deixá-las altas, e deixar a vida te surpreender. E ainda há aqueles que dizem que se você estabelece uma expectativa elevada, você vai se decepcionar. A esse ponto qualquer pessoa deve estar pensando que devemos ter odiado "Guardiões da Galaxia 2". 

Nós amamos.

Quando James Gunn decidiu que iria voltar para a série, já podíamos concluir muitas coisas, afinal, foi o diretor que, com "O-o-h Child" e "I Want you Back", nos mostrou que um filme de super heróis pode fazer você querer dançar e cantar, ter uma ação incrível, personagens excepcionais e uma comédia que, transitando entre o inocente e o malicioso graças aos protagonistas, faz qualquer um perder o ar. Nossa certeza era que o longa seria divertido, não importando que caminho escolhesse seguir.

A opção por desenvolver a fundo cada personagem, mesmo essa sendo uma história focada em Peter Quill, parecia a mais certa e foi a escolhida. Quem assistiu e se apaixonou pelo primeiro filme sabe que ao mesmo tempo que heróis incríveis nos foram apresentados, muito de suas histórias foram retidas e mesmo que aqui não tenhamos aquela troca de farpas constante entre os 5, que estavam a todo momento juntos e que foi o principal ponto do primeiro filme, podemos descobrir um pouquinho mais sobre cada um deles. 

O elenco original, todo de volta, dispensa comentários sobre atuações e sinergia. Tudo continua muito orgânico, e a diferença é que, sim, esse é um filme sobre personagens, e não sobre o grupo como um todo. Ao sair da sala a satisfação de conhecer um pouquinho mais sobre cada um é imensurável. O passado de Quill e tudo sobre seu pai, Ego, representado com excelência por Kurt Russel, a história por trás da relação odiosa entre Gamora e Nebula, por que Rocket rouba coisas desnecessárias e se fecha para qualquer outro ao seu redor, e principalmente o aprofundamento dado a Yondu. Tudo isso tem extrema relevância dentro do filme, até porque, como sabemos, toda ação tem uma consequência dentro do roteiro de GOTG, sem pontas soltas.

Apesar de ser um filme sobre descobrimentos, "Guardiões da Galáxia 2" se entrega à comédia. Tanto que, por vezes, diz muito sem precisar ou usa piadas em momento demasiados e, por vezes, inoportunos. Mas, no final das contas, 80% do que funciona deixa qualquer um sem ar de tanto rir. Muito dessa porcentagem se deve ao novo relacionamento entre Drax e Manti, onde a brutalidade sincera e a inocência mais genuína possível se tornam provavelmente a segunda coisa mais engraçada da Marvel. Bautista tem o papel da sua vida, e o aproveita como se soubesse disso, e Pom Klementieff não poderia estrear de melhor forma e faz bom uso de qualquer tempo de tela.

Segunda coisa mais engraçada, pois temos uma força inegável, extremamente fofa e ótimo dançarino chamado Baby Groot. Números provam e pesquisas indicam que o tempo estimado para se apaixonar pela pequena árvore é de aproximadamente 12 segundos. Simples e eficiente, e novamente com a voz de Vin Diesel, não há uma única cena que não arrancará risos dos mais céticos quanto a qualidade do personagem, e se ele poderia ter sido ser um fardo para o filme. We love you Baby Groot.

Continuações tendem a não ser melhores que seus antecessores. "Guardiões da Galáxia 2" é mais emocionante, mais engraçado, sua criação de mundo é excepcional assim como seus efeitos visuais, e sua ação é precisa. Mesmo considerando isso, o filme é sobrecarregado com piadas, tem problemas de ritmo nítidos no primeiro ato e um dos dois antagonistas é completamente esquecível, embora necessário para o universo. Expectativas a parte, foi exatamente o que deveria ser. Faz o muito parecer pouco e o difícil parecer fácil.

Meio que um lance não verbalizado.

E o awesome mix vol.2 é tão bom quanto o primeiro.

8.7

Anterior
Anterior

Crítica | Antes Que Eu Vá

Próximo
Próximo

Crítica | Alien: Covenant