As 10 Melhores Músicas de Kanye West
Amar, odiar. Indiferença não é uma opção.
Estamos falando de Ye, Yeezy, Yeezus, o artista mais polêmico do planeta, vencedor de 21 Grammys - e merecedor de pelo menos outros dez -, único rapper a revolucionar o gênero não uma, nem duas, nem três, mas possivelmente sete vezes, pai de North e Saint West, que recentemente embarcou no mundo da moda e se tornou ao longo dos anos em uma das personalidades mais influentes do século 21.
Kanye West.
Suas dez melhores músicas são a representação de toda a sua genialidade, mas escondem uma grande parte dela que infelizmente ficou de fora. "Through The Wire", gravada com a boca costurada pelo acidente que quase o matou; "Drive Slow" e seu storytelling mergulhado em jazz; "Heard'em Say" e sua complexa produção; "Diamonds From Sierra Leone" e seu discutivelmente melhor ainda remix; "Flashing Lights" e sua atmosfera dos anos 3000; "Heartless" e a história mais fria já contada; "All of the Lights" e seu elenco de estrelas; “Gorgeous” e alguns dos melhores versos de sua carreira; "Bound 2" e a definitiva declaração de amor; "Famous" e suas infames letras, "Wolves" e sua assombrosa composição. Nenhuma dessas, e mais outras tantas não fizeram a lista.
As músicas aqui são todas não apenas marcos em sua carreira, mas algumas das mais celebradas de seus anos e décadas. Todas elas reúnem as principais características de seu artista: o sample, o auto-tune, a inovação. Além, é claro, de que todas elas podem ser felizes, tristes, emocionantes, provocativas, irreverentes e revolucionárias.
Ame-as ou odeie-as: estas são as dez melhores músicas de Kanye West:
10 | All Falls Down
Terceiro single de The College Dropout, em All Falls Down Kanye começou sua carreira como Rapper ousando, pegando como sample The Mystery of Iniquity, música de Lauryn Hill ainda não disponibilizada. Por causa disso, a cantora não liberou o uso de sua voz para Yeezy, que pediu então para Syleena Johnson cantá-la. Sob uma linha de baixo sútil e a mais memorável progressão de acordes de um violão na história do Hip-Hop, a Cantora imortalizou um dos melhores refrãos de Kanye (I'm tellin' you all, it all falls down).
A música evidencia uma de suas produções mais singulares e características. A forma como Kanye rima se mantém atual até hoje, e essa é uma das maiores virtudes da canção. É atemporal. Ele ainda não era o melhor rapper, seu flow era inconsistente, e sua voz não parecia suficientemente acostumada com o microfone, mas todas essas imperfeições apenas adicionam à uma faixa que não tem medo de ser o que é.
Anos depois de seu lançamento, continua sendo uma de suas melhores músicas por evidenciar tudo que seu álbum de estreia fez de revolucionário no Hip-Hop.
9 | Stronger
Um fato sobre a música: Você vai saber cantar Stronger no momento que ela começar a tocar, em qualquer lugar e a qualquer hora.
Kanye West é muito conhecido por reutilizar partes de outras canções e melhorá-las em suas próprias. Nesse sentido, de todos os samples que Yeezy pôs as mãos, “Harder, Better, Faster, Stronger”, da dupla francesa Daft Punk, com certeza teve o melhor destino.
Mergulhada em uma mistura de Rap, Pop e Música Eletrônica, produzido por Kanye e mais duas lendas (Mike Dean e Timbaland), Stronger possivelmente é a música mais memorável do artista. O refrão acrônico e a facilidade de Ye rimando a esse ponto da carreira são inesquecíveis e irretocáveis.
8 | Gold Digger
O maior hit da carreira de West também é o maior Hit de Ray Charles.
É exatamente isso, o primeiro número 1 na Billboard de Kanye também foi o primeiro 1 onde Ray Charles tinha escrito a música. Diamantes como Hit The Road Jack e Georgia On My Mind não haviam sido compostas por ele.
A música em si é metalinguística. Trazendo Jaime Foxx para cantar partes de “I Got a Woman”, do célebre cantor que lhe rendeu um Oscar de Melhor Ator por “Ray”, é um dos momentos mais irônicos e geniais. A produção é tão divertida que parece ter sida feita de improviso. A percussão vibrante dita o ritmo da música abraçado na voz de Foxx em Loop e algumas palmas. Nada muito engenhoso, mas extremamente contagiante.
7 | Power
Schizoid ou esquizoide, significa alguém que não tem interesse em relações sociais e, após meses isolado por conta de seus diversos problemas nos últimos dois anos, Kanye West retornou com "Power", a culminação de todo esse tumulto.
Uma de suas melhores músicas para shows ao vivo graças ao “ah… eh eh” - cortesia de um sample de Afroamerica -, “Power” é justamente sobre as massas, o caos provocado por elas e como este afeta a cabeça de um homem que luta para continuar tendo a pureza, e a criatividade, de quando criança.
Aqui Kanye repudia o sistema enquanto descreve a bagunça em que vivemos, crítica programas de TV, menciona Obama, que havia lhe chamado de jackass pouco tempo atrás, e desafia o próprio poder enquanto nos oferece conteúdo suficiente para uma discussão onde perderemos as horas.
De acordo com ele próprio, todo super herói precisa de uma música tema, "Power", apocalíptica e incitando o caos desde o começo, é o perfeito hino para o homem que virou vilão por falar verdades que não queremos ouvir.
6 | Ultralight Beam
É engraçado pensar sobre o que gostamos em “Ultralight Beam” e concluir que pouco é oriundo essencialmente de Kanye. Justamente isso salienta toda sua genialidade como produtor.
Aqui ele não rima, e quando canta, faz de maneira singela. A voz avassaladora de Kelly Price acompanhada por seu fiel coro, a prece de Kirk Franklin no Outro da canção e o icônico verso de Chance The Rapper são todos de uma grandeza imensurável. Kanye West trabalha aqui apenas como mente idealizadora e faz isso melhor que ninguém. Durante toda sua carreira, Ye sempre se mostrou interessado em trabalhar com artistas não tão conhecidos e extrair a melhor versão deles. Ultralight Beam é o exemplo perfeito disso.
Sua composição é etérea e recompensadora. É angelical mas não é de fácil digestão. Tudo sobre a musíca é propositalmente intenso, afinal, ‘‘nós estamos (we on)”, onde o tempo verbal é o presente, nesse feixe de luz (ultralight beam). Ainda não chegamos ao final dele. Até isso acontecer as coisas não serão fáceis e seguiremos clamando por alguma ajuda divina. Não há como escapar da atmosfera da canção, que faz o ser humano mais cético questionar sua religiosidade.
5 | New Slaves
New Slaves foi o primeiro single de Yeezus, álbum mais prepotente e experimental do currículo de Kanye (que afirma que o segundo verso da canção é o melhor em toda história do Rap) e, como de costume, estava bons anos a frente de seu tempo.
Com uma produção visceral, que além de tudo que pode ser ouvido conta com vocais quase irreconhecíveis de Frank Ocean, Kanye entrega uma de suas melhores performances enquanto ataca quase tudo que acreditamos cegamente nesse mundo consumista.
Para West, nós todos somos um novo tipo de escravo, ele incluso. Yeezus é justamente um protesto contra a própria indústria musical e muitas outras coisas que seguiremos descobrindo ao longo dos anos.
4 | Monster
O que podemos destacar em Monster?
O insano verso de Kanye, alegórico e cheio de figuras de linguagem sobre ser um monstro na música e na vida; o ainda mais magnético verso de Jay-Z, onde ele se coloca como mais temido do que qualquer outro monstro, enquanto mostra que sua única fraqueza é o amor; a sinistra aparição de Rick Ross ou as alucinógenas partes onde Justin Vernon canta?
Mesmo com todos esses monstros musicais, o verso de Minaj é absolutamente inacreditável. Não é apenas o melhor de sua carreira, mas um dos mais renomados dos últimos dez anos.
Monster é um filme de terror, onde os vilões ganham, e não ligamos, porque torcemos para eles.
3 | Ni**as In Paris
Aqui, Kanye West e Jay-Z atingiram o auge de sua parceria ao fazer o que todos os rappers fazem alguma vez na vida, mas nunca tão bem: ostentar em suas letras.
Sua beat é irresistível e uma das melhores de todos os tempos, viciando a cada nova ouvida ( Kanye e Jay chegaram a apresentar ela 13 vezes seguidas em um único show).
“No one knows what it means, but it's provocative”
Quanto a frase de Will Ferrell, na metade da canção, Comicamente indica uma prepotência que somente essas duas figuras poderiam apresentar. Talvez nunca saibamos o significado real da música, mas ela é absolutamente provocativa, e como faz as pessoas se mexerem.
2 | Jesus Walks
All Falls Down e Through The Wire foram ótimas cartas de entrada, mas The College Dropout não pode ser definido sem a obra prima que é Jesus Walks.
Combinar rap e religião não era algo inédito, mas nunca ninguém foi tão afundo. A canção revolucionou o gênero, incentivando nomes como Chance The Rapper, Joey Badasss, BJ The Chicago Kid, Kendrick Lamar e todo e qualquer artista do gênero a colocar sua fé amostra e obter sucesso com isso.
A batida militar (representando o som de pessoas marchando), misturada com um coro crescente, uma respiração ofegante e um senso de grandiosidade que se atenua a cada momento, hoje soa um pouco datada, mas não deixa de entrete. Aqui Kanye sob aos céus e bate na porta do inferno e um curto período de tempo, enquanto tudo que ele professa demonstram uma vulnerabilidade paralisante. Ainda assim, sua voz é firme, e sua performance tira o melhor de cada palavra, transformando seu segundo verso em uma importante discussão sobre a presença da religião na cultura popular.
É um chamado para que Jesus caminhe ao seu lado em meio à todas as dificuldades da vida, e para as pessoas espalharem suas palavra. Novamente Kanye consegue a atenção de quem desacredita de sua religião.
1 | Runaway
Se você pegar as principais características das grandes músicas de Kanye West, as palavras engraçado, triste, relacionável, insano, sagrado, profano, vêm todas a mente. Vulnerável talvez não seja a mais comum, mas é ela que torna todos esses adjetivos tão intensos, nessa que é uma das maiores explorações da mente do homem moderno em qualquer forma de arte.
"Runaway" é a peça central de "My Beautiful Dark Twisted Fantasy", provavelmente seu melhor álbum, e aqui ele resume toda a luta contra seu próprio ego, capaz de sugar tudo de bom para um buraco tão profundo que sua luz não consegue iluminar. O piano é solitário por mais de um minuto, e então uma orquestra envolve a batida criando um efeito que gosto de descrever como um encanto. No momento que esta música entra na sua cabeça, ela te suga para a parte mais profunda dela. E a jornada é assombrosa e linda ao mesmo tempo.
Kanye então começa seu brinde aos idiotas, admitindo todos os seus erros, colocando a culpa em si próprio no término do relacionamento que ele descreve aqui, "She find pictures in my e-mail" ele rima com uma voz entre o arrependido e o confuso, até concluir "I don't know what it is with females, but I'm not too good with that shit". Sua própria natureza, e talvez a de muitos homens de forma escondida é repulsiva à normalidade. Ele implora para que a garota fuja dele, o mais rápido que puder, e este é seu único plano. É algo melancólico, verdadeiro, que em diferentes escalas pode se relacionar a qualquer pessoa no planeta. O verso de Pusha-T ajuda a derrubar todas as ideias superficiais sobre sexo, amor e dinheiro tão usadas no hip-hop, enquanto nos prepara para o finale, onde Kanye utiliza um vocoder para distorcer sua voz de forma inteligível, enquanto a orquestra cresce a cada nova repetição de seu magnético som. São três minutos disso, mas a magia não acaba, e talvez nunca acabe.
Uma das muitas interpretações dos últimos três minutos é que seria a percepção de Kanye sobre como a mídia e o público entendem (no caso, não entendem) suas reais intenções. O que seria tanto um atestado de acidentes então recentes, funciona hoje como um prelúdio de que mais coisas estariam por vir.
"Runaway", de acordo com Kanye West, não é um pedido de desculpas a Taylor Swift. É uma aventura pela mente do artista mais polêmico desde Michael Jackson, que reflete a parte mais insana do 21st Century Shizoid Man. Alguém que precisa de isolamento tanto quanto compreendimento. "Runaway" é sua magnum opus, seu maior trunfo como compositor, e uma das melhores músicas do século. Let's all have a toast.
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