Crítica | Thor
A coisa mais interessante em "Thor" é o fato de Kenneth Branagh, ou o professor Lockheart de "Harry Potter e a Câmara Secreta", ter dirigido este que foi um dos primeiros passos do universo cinematográfico da Marvel.
Não leve a mal, não é um filme com uma quantidade infinita de erros ou livre de entretenimento, mas é aquele caso clássico de algo que fica tão em cima do muro que cai no esquecimento. Mais uma história de conexão do Deus do Trovão com o mundo humano do que de origem, o longa acaba se apoiando nas performances carismáticas de suas estrelas para sobreviver. Não há nenhuma motivação forte o suficiente ou uma elaboração no roteiro que te mantenha vidrado na tela. É um filme que acontece com leveza justamente por não tentar nada de diferente. Os cenários criados para Asgard são bem feitos e luxuosos, mesmo que pouco realistas, mas acabaram sendo pouco explorados.
Chris Hemsworth tem o físico praticamente idêntico ao personagem e é extremamente gostável, mesmo que não esteja entre os melhores castings de heróis do estúdio. Natalie Portman, Stellan Skarsgard e Anthony Hopkins formam um trio de apoio excepcionalmente talentoso, mas que tem pouco tempo para brilhar. Já o Loki de Tom Hiddleston rouba a cena como um dos poucos bons antagonistas em todo o universo Marvel. O ator parece o único aqui a desenvolver um personagem complexo, com camadas, o que faz com que sua exclusão do combate final seja infundada. O monstro que segue Thor na Terra é genérico e não apresenta qualquer ameaça que não possa facilmente ser derrotada.
"Thor" é um dos episódios mais esquecíveis da agora extensa lista da Marvel, justamente por fazer em excesso o que tem segurado o estúdio durante todos estes anos, o medo de arriscar. Você tem um Deus e uma mitologia em suas mãos, muitas outras coisas poderiam ser feitas além de um pequeno embate no Novo México. Não vai te incomodar e pode até ser revisto, mas nunca chamará sua atenção mais do que da primeira vez, na qual já não chamou muito.