As Melhores Músicas de Jay-Z
Jay-Z falou à Rolling Stone, em sua lista das 500 melhores músicas de todos os tempos, o seguinte:
"Uma grande música não pretende ser nada - apenas é.
Quando estou escrevendo uma música que sei que vai funcionar, é uma sensação de euforia. É como um jogador de basquete deve se sentir quando começa a acertar cada arremesso, quando você está naquela zona. Assim que começa, você sente aquele sentimento mágico, um sentimento além. Músicas como essa saem em cinco minutos; se eu trabalhar nelas por mais de, digamos, 20 minutos, provavelmente elas não vão funcionar."
Um dos maiores rappers de todos os tempos, se não o maior, e dono de dezenas de prêmios e recordes mundo a fora, Jay se tornou o primeiro rapper a ser induzido ao Hall da Fama de compositores. Das centenas que lançou em toda sua carreira, decidimos selecionar as 25 melhores (e trouxemos uma pequena parte de cada) como forma de homenagear e comemorar uma das maiores conquistas da história do gênero. It's Hova, the God.
25 - I Just Wanna Love U (Give It 2 Me)
Same song, i'm back, been around the world, ro-mancing girls that dance with girls
Pharrell e The Neptunes sempre encaixam bem com rap, e na melhor faixa de "The Blueprint 2" vemos uma história que supostamente aconteceu em uma festa de Mary J. Blidge. É desafiante tentar acompanhar toda a linha de raciocínio, se é que realmente há uma.
24 - heart of the city (ain't no love)
Can I live? I told you in '96 / That I came to take this shit, and I did handle my biz / I scramble like Randall with his / Cunningham, but the only thing runnin' is numbers, fam / Jigga held you down six summers, damn, where's the love?
Lembrando de diversas separações no mundo da música, possivelmente impulsionadas pela fama excessiva, aqui Jay-Z pergunta a todos onde está o amor, após o tanto que ele se esforço durante seis anos fazendo música quase sem parar. O sample utilizado por Kanye é o grande trunfo aqui, e ambientação da faixa junto à performance de Jay é algo extremamente imersivo.
23 - Who You Wit II
Drop the top, let her feel the moonlight, it entranced her, she jumped all in my seat like some private dancer
Não tão conhecida como várias acima nesta lista, o funk de "Who You Wit II", e seus versos envolventes são o exemplo perfeito das suas habilidades como storyteller, sem nunca parecer preocupado em contar uma história tão detalhista.
22 - My 1st Song
Treat my first like my last, and my last like my first.
A que a principio seria a última música de Jay-Z fala sobre seu perfeccionismo em sempre dar tudo que tem para cada composição. Seu flow retoma um pouco de "Reasonable Doubt", e sua habilidade em tornar faixas complexas em algo leve é excepcional, mas o maior valor aqui está em sua dedicação. Não é a toa que é uma das favoritas de Obama.
21 - Fallin'
He can't beat the ods, can't cheat the Gods.
Um dos destaques de "American Gangster", "Fallin'" não é uma de suas músicas mais lembradas, nem entre os maiores fãs, mas sua qualidade é pura. Com um refrão crescente de Bilal, Jay-Z faz algumas das melhores bars da carreira, enquanto contempla sua possível caída, e o atual estado de sua carreira.
20 - Song Cry
They say you can't turn a bad girl good / But once a good girl's gone bad, she's gone forever
I'll mourn forever / Shit, I've got to live with the fact I did you wrong forever
Falando sobre o fim de um relacionamento, esta é a mais próxima de uma balada que Jay jamais fez. A produção enraizada no soul é o terreno perfeito para sua performance, emotivamente carregada, mas mesmo assim sem nunca perder o foco. Uma de suas músicas mais vulneráveis, e uma das mais bonitas.
19 - Can I Live
I'd rather die enormous than live dormant, that's how we on it.
Fazendo uma simples pergunta, Jay precisa de apenas dois versos para, subjetivamente, exemplificar todos os problemas que vivia no momento. "Can Live" é uma de suas músicas favoritas, talvez por ser extremamente pessoal, mas também por mostrar um lado menos comum em suas músicas. Ela é cadenciada, quase triste, mas nunca deixando de ser engrandecedora.
18 - Anything - Dividida em três partes em "Life and Times...", a primeira, "Anything" é uma de suas músicas mais pessoais, e de acordo com ele próprio, uma tentativa de repetir o sucesso de "Hard Knock Life". O refrão cantado por crianças, a produção com sons quase infantis, mas mais do que isso, uma homenagem para sua mãe, enquanto descreve com uma performance alegre as dificuldades de sua infância e vida até aqui. I know mama, your little baby, but these streets raised me crazy.
17 - This Can't Be Life
Everybody doing them, I'm still stretching on the block / Like "Damn, I'mma be a failure" / Surrounded by thugs, drugs, and drug paraphenalia / Cops, courts, and their thoughts is to derail us
Jay-Z e Kanye West tem um longo histórico de parcerias bem sucedidas, e isso começou bem cedo, com a melhor música de "Dinasty: Roc La Familia". Os samples de soul que se tornariam característica de Yeezy se misturam muito bem com o refrão quase chorado de Jay e suas letras penoas, quase singulares em sua discografia. Pensando, quase de luto, sobre se vale realmente apena viver com toda a loucura que a fama traz.
16 - Feelin' It
I keep it tight for all the nights my momma prayed I'd stop / Said she had dreams that snipers hit me with a fatal shot / Those nightmares, ma, those dreams that you say you've got / Give me the chills but these mills, well, they make me hot
Jay-Z é provavelmente o único rapper a explicar seu uso de maconha, ainda sim, parece mais estiloso do que qualquer adoração a ela. Sobre a produção de Ski, que mistura jazz e hip-hop, este é um dos maiores exemplos de suas habilidades no começo de carreira. Tremendo jogo de palavras, enquanto continua tão liso que é difícil de acreditar, enquanto detalha os perigos da vida que levava e ainda leva, e como lida com tudo isso com uma tranquilidade assombrosa. Ele estava realmente sentindo dessa vez.
15 - Roc Boys (And The Winner Is...)
Red Porsches, rare portraits / Wear guns if you dare come near the fortress / This apple sauce is from the apple orchard / This kinda talk is only reserved for the bosses
"Roc Boys" não tem uma de suas melhores letras ou performance, mas é sua melhor faixa sobre o amor a festas, com trompetes saudando a boa vida, e um refrão bastante irresistível. Enquanto ele conseguir manter a linha entre as ruas, e as festas de gala, qualquer rima vai sempre ter mais valor do que o aparente.
14 - Can't Knock The Hustle
You ain't having it / Good me either / Let's get together and make this whole world believe us huh / At my arraignment screaming / All us blacks got is sports and entertainment, until we even / Thieving, as long as I'm breathing / Can't knock the way a nigga eating, fuck you even
Em seu primeiro atestado de grandeza em toda sua carreira, Jay parecia não ter dúvidas sobre o que ele se tornaria. Em meio a todos os relógios, champanhes, carros, jatos, ele atesta que ninguém pode derrubá-lo, com Mary J. Blidge repetindo sua mensagem em um maravilhoso refrão. Até hoje, ninguém conseguiu.
13 - Street Is Watching
Public apologies to the families of those caught up in my shit / But that's the life for us lost souls brought up in this shit / The life and times of a demonic mind, excited with crime / And the lavish luxuries that just excited my mind / I figured, "shit, why risk myself I just write it in rhymes
And let you feel me, and if you don't like it then fine?" / The mind state of a nigga who boosted the crime rate / So high in one city they send National Guards to get me
Na melhor música de "Vol. 1", ele dá uma escala gigantesca à como as ruas assistem sua ascensão. Com inveja e torcida ao mesmo tempo, medo e esperança. Ele já está pronto para sair das ruas, mas elas não vão nunca sair dele, e as dúvidas em sua cabeça sobre os resultados de suas ações o assombram. Aqui todas suas letras são puras, um estilo de rap clássico, que muitos poucos artistas conseguem alcançar.
12 - PSA
Only God can judge me, so I'm gone / Either love me, or leave me alone
Sempre que você perder qualquer tipo de competição, e tiver apenas uma chance de revanche, esta é sua música. "Public Service Announcement" é estrondosa, desde o começo aonde ele se re-introduz, ao final quando deixa todos no chão. Mas mais do que tudo, é extremamente simples e direta em seu objetivo.
11 - Dirt Off Your Shoulder
I drop that Black Album, then I back out it / As the best rapper alive, nigga, ask 'bout me / From bricks to Billboards, from grams to Grammy's / From O's to opposite of Orphan Annie
Melhor Rapper Vivo é um termo muito comum hoje em dia, utilizado por qualquer rapper que ouse se colocar neste posto. Em respeito à Notorius B.I.G. e Tupac Shakur, Jay queria se auto proclamar o melhor rapper, e essa foi a melhor forma de fazer isso. Em "Dirt Off Your Shoulder" ele varre todos os haters, e chama os fãs para fazerem o mesmo.
10 - Girls, Girls, Girls
I got so many girls across the globe...
À primeira vista, você pode pensar que esta é uma música do tipo "eu tenho mais garotas que o número de vezes que a palavra garotas foi falada nessa música", e sim, essa é a ideia geral. Mas é o pequeno conceito que queremos. Essa garota chinesa que contrabandeia minhas coisas, essa modelo que não limpa ou cozinha, a jovem que é tão imatura, a francesa que ama beijos franceses, e a lista continua. A cada garota descrita aqui, Jay, irônica e carinhosamente, dá um olhar adentro de diversos esterótipos sobre nacionalidades e estilos de vida, enquanto preza pelo amor universal, e, naquela época, à não monogamia, enquanto ainda relata tudo isso ao seu status de super estrela. Como alguém consegue fazer isso?
9 - Regrets
This is the number one rule for you set, in order to survive gotta learn to live with regrets
Estado da mente é algo na discografia de Jay-Z. Aqui, especificamente, ele está em uma paz tão relaxada, em um momento tão particular de sua vida, descobrindo algo tão importante. Aqui ele diz, eu fiz o que fiz, e não estou orgulhoso, mas isso fez o que eu sou. Que canção maravilhosa.
8 - Takeover
The takeover, the break's over, nigga / God MC – me – Jay-Hova
Takeover talvez não seja uma diss melhor que "Ether", mas como uma canção, é melhor. Estamos falando sobre música acima de tudo, e com essa batida seca de Kanye, um flow arrastado e pesado como suas letras, Jay destrói sua competição. Dura cinco minutos, mas é o auge da maior rixa da história do rap, uma resposta desafiadora, que acontece de estar em um dos melhores álbuns da história do gênero.
7 - D'evils
Come test me, I never cower / For the love of money, son, I'm giving lead showers / Stop screaming, you know the demon said it's best to die / And even if Jehovah witness, bet he'll never testify, D'evils
"D'evils" ou em português, "os males" de Jay-Z não são diferentes de vários outros rappers, mas como ele responde a eles é o que mais impressiona. Ele está bastante atento sobre todo o perigo a sua volta, sobre essa batida obscura, quase entristecedora, ele perfeitamente descreve outro dia nas ruas, aonde ninguém fala. É uma de suas poucas músicas realmente sombrias, e uma das mais profundas, aonde ele reconhece o quão perto o perigo está, e até mesmo dúvida sobre sua vida. Para alguém sempre tão relaxado, vê-lo preocupado é demais para nossa curiosidade.
6 - Izzo (H.O.V.A)
Crack's in my palm, watching the long arm of the law / So you know I seen it all before / I've seen Hoop Dreams deflate like a true fiend's weight / To try and to fail: the two things I hate
/ Succeed and this rap game: the two things that's great
Utilizando o sample de "I Want You Back", Jay fala sobre as três fases de sua vida. Traficante, rapper, e a criança que crescendo em um meio difícil foi influenciada a seguir ambos os caminhos, enquanto ouvia Jackson 5. Em uma de suas músicas mais alegres, ele conseguiu seu primeiro top 10 nos Estados Unidos, e mais do que isso, utilizou uma canção clássica a seu favor, e ainda conseguiu levar Michael Jackson para um de seus shows.
5 - Empire State of Mind
Caught up in the in-crowd, now you're in-style / And in the winter gets cold en vogue with your skin out / The city of sin is a pity on a whim / Good girls gone bad, the city's filled with 'em
"New York" de Frank Sinatra nunca vai ficar velha, mas sejamos honestos, "Empire State of Mind" pode entrar na conversa da melhor música da cidade mais famosa do mundo. Aqui ele mostra outra parte dela, um ponto de vista tanto da cidade como de um residente dela. As garotas que procuram os holofotes, os lugares, a cultura ao redor de cada passo que você dá, até mesmo os taxistas e suas más maneias. O refrão de Alicia Keys é um dos mais memoráveis dos últimos anos, e o maior hit de Jay-Z é um clássico indiscutível que vai viver para sempre.
4 - Dead Presidents
And now they not sane and not playing, that goes without saying / Slingin' day in and day out, 'til money play in, then they play you out / Trying to escape my own mind, lurking the enemy / Representing infinity with presidencies, you know?
Não uma, não duas, mas três é o numero de vezes que ele pegou a mesma música e fez algo incrível com ela. Os presidentes mortos estão nas notas de dólar, e são eles que todos queremos, mesmo que nenhum deles nos represente. Minha favorita é a número um, a número dois é igualmente poderosa, e a número três tem Nas. Poucas vezes alguém rimou tão bem sobre uma batida tão polida e elegante, e não preciso de nada mais do que versos diretos para criar uma obra prima do rap que pode ser colocada como música ambiente em qualquer situação.
3 - Hard Knock Life
From standin' on the corners, boppin' / To drivin' some of the hottest cars New York has ever seen / For droppin' some of the hottest verses rap has ever heard
A música que fez de Jay-Z uma estrela não podia ficar de fora. Mesmo tendo alguns dos versos mais quentes que o rap já ouviu, aqui ele não tem o mesmo estilo que em outras músicas de "Vol.2", não está tão fluído como em "Reasonable Doubt," a produção (refrão excluído), não é nem de perto tão diferente de todo o resto lançado naquele tempo.
Ainda assim, tinha algo a mais, o que, eu não tenho certeza. Talvez ele esteja mais próximo dessa faixa do que de outras, existe uma forte conexão aqui, que volta para sua infância com um senso de felicidade muito subjetivo, que afeta a todos.
O refrão, cantado por crianças, a batida cadenciada, seu flow, lento e pensativo, tudo encaixa na perspectiva certa, em uma música tão fenomenal como é estranha para um hit.
2 - Big Pimpin'
Me give my heart to a woman? / Not for nothin', never happen; I'll be forever mackin'
Jay-Z pode fazer músicas de ostentação parecerem brindes de champanhe para a boa vida, em uma grande mansão, com a melhor comida, as melhores garotas, tudo enquanto veste terno e Air Jordans. Aqui, bem, ele está de regata, vai para um iate, e nos dá uma música sobre nada a não ser, ser um cafetão. Ainda assim, parece mais com a primeira parte deste texto.
Ele não gosta das letras agora, mas não pode nos pedir para fazer o mesmo. Seu verso é vazio de qualquer pensamento em suas palavras, curto e rápido, com um flow que segura cada bar no lugar que tem que estar. As duas performances de UGK capturam o sentimento da canção, uma peça de música egípcia, penetrada por uma batida insistente de Timbaland, algo preguiçoso, completamente sem preocupações, e que vai te pegar sempre que tocar.
"Big Pimpin'" pode muito bem ser a melhor música de ostentação de todos os tempos, e isso vale muito em um mundo cheio delas. Enquanto é um mau legado perante a seus olhos, é irresistível demais para todos os outros.
1 - 99 Problems
If you're having girl problems, I feel bad for you son / I got 99 problems and a bitch ain't one / Hit me!
Não deveria ter necessidade de explicar por que esta é a melhor música de Jay-Z, e uma das melhores peças de arte do século. Mas ainda assim, deixem me tentar.
Logo na entrada, sem batidas, Jay-Z usa o refrão de uma conversa de 2 Live Crew, e então música, "Table Dance", e daquele momento em diante, esse refrão é para sempre dele.
Então a batida começa, despojada, com um riff de guitarra insano, nada hip-hop. É absurdo, é alto, e está soltando muita raiva.
Então, vem os seus versos. Não existem 99 problemas definidos aqui, existem claramente dois, mas na verdade apenas um, e que pode muito bem ser, sim, o racismo. Jay ataca críticos que ficam no seu pé, fala sobre outros rappers e a brutalidade da mídia com eles, e em um dos versos mais icônicos e estudados da história do rap, ele detalha a vida de qualquer pessoa negra no planeta, com uma simples, bem conhecida história.
Um homem negro é parado por um policial, por que ele é negro, e ele sabe muito bem disso. Jay descreve a cena com seu verso com maestria, tudo enquanto se junta ao sentimento de raiva da batida de Rick Rubin. Jay ainda está no controle, ele ainda está sentado no trono enquanto larga cada bar, mas por dentro ele está puto, e aquela história sendo verdade, o que provavelmente é vendo sua cor e aonde ele nasceu e vive, apenas torna as coisas ainda mais enervantes.
Ao final, você quer pegar o refrão para si mesmo. "I got 99 problems and a bitch ain't one". Obama já utilizou isso, diversos rappers já utilizaram isso, e todos reconhecem como um verso de Jay-Z. Você não pode dizer que ele roubou, que usou ilegalmente, a culpa de que agora ele lhe pertence é nossa, que validamos sua grandeza amando cada parte dessa música.
"99 Problems" é um marco cultural, uma parte da história dos negros na América resumida em três versos de letras poderosas e diretas. Enquanto não pode ser a melhor música de rap de todos os tempos, por que é tão pouco ortodoxa, está muito, muito perto do topo. "99 Problems é, definitivamente, a maior conquista artística de Jay-Z. A cereja, não no bolo, mas na taça do champanhe mais caro.