Crítica | Ed Sheeran - Divide
álbum disponível no fim do post
Chegamos ao terceiro e antecipado álbum de Ed Sheeran. Aquele cara comum, pé no chão como todos nós, que ama escrever sobre amor, ou a perda dele, e que, diferente da grande esmagadora maioria dos artistas pop atuais, conquistou o mundo escrevendo suas próprias músicas e subindo em palcos com seu violão, seu loop pedal, e nada mais. E cara, como ele gosta daquele pedal.
Enfim, Ed é um ótimo cantor, ótimo músico e instrumentista, e claramente queria e estava preparado para explorar coisas diferentes. Estava? Entre versos de rap, um folk mais acelerado e o bom e velho Ed Sheeran explorando seu alcance vocal com baladas sentimentalistas, "Divide" foi divido em coisas demais. Não me entenda mal, afinal, há pontos bons aqui, mas nada que seja novidade. É aquele consistente, porém sempre dentro da zono de conforto, e talentoso artista que mesmo em busca de novas aventuras, faz mais do mesmo.
Não que isso seja algo ruim. Ed sabe, inegavelmente, como fazer hits. Todas músicas de Divide tem potencial para ser um. E se depender de seu talento, podemos esperar algo excepcional vindo dele daqui 4 ou 6 anos. Mas, por enquanto, temos que nos contentar em analisar algumas músicas que parecem recicladas de todos seus trabalhos anteriores.
O álbum começa com Eraser, que aparenta ser algo como um diário, e que, somada a um violão e uma bateria, soa como a produção mais simples possível de ser feita - e não de um jeito efetivo. Em seguida, temos o single Castle on The Hill, que com suas guitarras incansáveis e seu refrão extremamente eloquente, lembra bastante Mumford and Sons, sendo minha possível favorita do álbum, disputando com Shape of You.
A mesma Shape of You que parece tão ''catchy'' e diferente como single, se torna tão dissonante de todo conceito de Divide. Ela continua ótima, possivelmente a melhor música do álbum, mas entre Dive e Perfect, por causa de sua produção apenas não parece no lugar certo. A primeira, irresistivelmente soul e cativante, e a segunda, uma balada romântica com letras rasas disfarçadas pela voz sedutora do cantor, com um tempo lento e agradável, dão sequência ao álbum. A partir dai, com exceção da diferente, engraçada e ótima Galway Girl, e do contraste desnecessário entre Happier (uma Stay With Me, versão ruiva) e New Man, é tudo que já vimos antes: o gostável, ótimo cantor e escritor, mas que não arrisca, Ed Sheeran.