As 10 Melhores Músicas de Beyoncé

Queen B é quase uma unanimidade no século 21.

São mais de 100 milhões de discos vendidos entre singles e álbuns (+ outros 60 milhões com o Destiny Child), 24 Grammys e 70 nomeações (recorde feminino), 24 Video Music Awards (recorde geral), e uma legião de fãs que vão além do amor por sua música.  

Uma das artistas mais populares por quase três décadas, hoje Beyoncé Knowles é também uma ativista exemplar, que transformou sua música em uma plataforma de estudo sobre o papel da mulher negra na sociedade e ajuda, pouco a pouco, a transformar a forma como enxergamos velhos tabus. Casamento, maternidade, feminismo, a discussão da própria identidade, é assunto demais para uma introdução tão rápida.  

Pode se discutir que nenhuma artista foi tão importante, quebrou tantas barreiras, ou se reinventou de forma tão eficiente desde que o novo milênio começou, e isso tudo sem perder seu apelo com o público mais de uma década após seus primeiros hits como cantora solo. Para comemorar o aniversário da maior artista pop do planeta, decidimos trazer um Top 10 com suas melhores canções.

E é claro, não foi nada fácil.


10 | "Halo" 

Brasileiros podem ter a ideia errada de que “Halo” é a maior canção de sua carreira pelo fato de este ter sido, simplesmente, o maior hit dos anos 2000 em terras tupiniquins.

Também pudera, com uma combinação de arranjos clássicos da música Pop, a balada apela para todos os ouvidos, desde os mais aos menos atenciosos, que podem ou se impressionar com a bela forma que cada instrumento se soma ao outro catapultando os momentos de catarse, e funcionando em sinergia com os vocais, ou simplesmente se apaixonar pelas belas e reconhecíveis melodias de piano e com os vocais angelicais de Bey.

E apesar de, liricamente, trazer declarações simples e ultra-apaixonadas, não é como se quem procurasse por uma música como esta quisesse algo diferente.

Se “Halo” não tem nenhum impacto emocional sobre você, talvez esteja na hora de fazer um check-up no cardiologista.


9 | If I Were a Boy

Quantas vezes, em uma discussão, pedimos para que nossos companheiros se colocassem em nosso lugar? Para que pudessem entender nossas dores, nossos anseios, nossos sentimentos, ou, também, para ver o mundo de uma forma que não somos capazes de explicar.

"If I Were A Boy" é, praticamente, um divisor de águas na carreira de Beyoncé, um single onde ela ignora completamente a tendência opressora do início de carreiras de jovens mulheres do Pop de sempre ter o hit em primeiro lugar, e abraça os temas que a tornariam um símbolo tão imponente e influente perante as mulheres negras mundo a fora.

Com influências que vão do R&B tradicional à Alanis Morissette e talvez até Tracy Chapman, a produção eclética é propositalmente climática e abusa dos vocais de Bey que, carregados de dor e dúvida, fazem com que qualquer um de nós sinta o que ela sente. É uma de suas baladas mais potentes e uma de suas primeiras e mais verdadeiras mensagens como artista, onde ela finalmente pareceu livre para fazer o que tinha de fazer.


8 | freedom

Única canção da lista não lançada como single, “Freedom” é como uma tempestade guiada pelo mais iluminador raio de sol, que com seu brilho guia um povo tão marginalizado à uma liberdade tão inalcançável que podemos sentir o chão tremendo na mesma proporção que percebemos como os pés daqueles que marcham parecem já estar em carne viva.

As batidas militarizadas e a reverberação dos vocais de Bey, que canta com uma dor entalada que não consegue se mover são, ao mesmo tempo, uma referência à luta da comunidade negra nos Estados Unidos, como da própria artista que parece finalmente ter quebrado de vez as amarras da música Pop em volta de si. E o fato do verso de Kendrick Lamar, atualmente o melhor rapper do planeta Terra, trazer ainda mais anos de raiva contida e opressão à um segmento quase sinistro da produção só reforçam o sentimento de que esta caminhada ainda vai ser longa, e o caminho tortuoso.

É simplesmente impossível para qualquer de suas contemporâneas sequer pensar em fazer uma música como essa.


7 | Irreplaceable 

To the left, to the left. Everything you on in the box to the left.

Por mais que tenha sido composta por Ne-Yo, as primeiras palavras deste que é um dos maiores hits da carreira de Beyoncé - e o maior de 2007, e um dos maiores do século - acabaram por se tornar expressões icônicas do movimento feminista, recitadas em coro a cada show por seus milhares de fãs. Por que?

Bem, pois ao serem cantadas com um desdém delicioso em sua voz, a frase faz uma clara alusão à força da mulher independente ao mesmo tempo que brincam com velhos clichés.

Pois se seu pai vai dormir no sofá após discussões com sua mãe, Beyoncé é mais direta e já logo empacota todas as suas coisas, pois é muita audácia pensar que qualquer homem seria insubstituível para uma mulher como esta.


6 | love on top

Se "Love On Top" não te faz dançar, nada vai fazer. Nada.

Talvez a música mais evocativa de sua carreira - e a escolhida para anunciar sua gravidez de Blue -, este é um daqueles casos raros que une do mais hardcore dos saudosistas ao mais leviano dos Millenials, ao combinar, e repaginar, elementos clássicos dos anos 70 e 80, emulando a vivacidade da música de Michael Jackson e Stevie Wonder, e os vocais recheados de Soul e Funk de Whitney Houston e Janet Jackson.

É uma composição atemporal e irresistível, com simples letras cantadas com a mais sincera das alegrias e que tende a trazer o sol para qualquer seja a escuridão que esteja ao seu redor.

"Love On Top" é uma daquelas músicas imortais e universalmente aceitas que, não importa aonde ela toque, vai contagiar a todos a seu redor.


5 | Countdown

Se “I am… Sasha Fierce” foi como uma manifestação da artista por trás estrela, “4” foi a carta de alforria da mulher que, até então, era praticamente obrigada a ser alguém que a indústria que ela fosse.

Não é de se surpreender que a partir deste álbum os hits tenham diminuído, pois conforme se libertava como artista, Bey começava a experimentar cada vez mais com sua música, e logo em suas primeiras tentativas foi capaz de entregar jóias que as garras do Pop nunca permitiram. Se “Love On Top” foi sua homenagem à música que a influenciou, "Countdown" nos leva em uma viagem ao passado e também ao redor do mundo que, ao final, nos deixa com a constatação que Beyoncé nunca quis, apenas, homenagear seus ídolos.

Uma mistura deliciosa de gêneros, - Funk, Reggae, World Music, DanceHall, entre outros - o single não performou tão bem nas paradas, mas também pudera, a sua produção, por mais vibrante e energética que seja, traz elementos quase fragmentados que desafiam o ouvinte ao mesmo tempo que o faz querer se mexer. A estrutura também não é convencional, com refrão, versos e pontes se misturando e desaparecendo em momentos heterogêneos da produção.

A performance e carisma de Beyoncé aqui são essenciais, com ela abraçando a interpretação da faixa e realçando sua ideia original. É como um show, um musical inteiro resumido em três minutos e meio, facilmente uma de suas músicas mais evocativas e puramente divertidas de sua carreira, por mais que, aqui, suas audiências tenham começado a se confundir.


4 | Single Ladies

O fato de "Single Ladies" ter mais de 10 anos é assustador.

Um dos primeiros grandes fenômenos da era da internet, o single tinha, também, um dos "melhores vídeos de todos os tempos, um dos melhores vídeos de todos os tempos", de acordo com o sr. Kanye West e foi peça central em uma das polêmicas mais comentadas da história recente do cenário musical.

Mas diferente de outros de seus trabalhos, não era um vídeo tão elaborado. Três dançarinas, Beyoncé ao centro, realizando em plano sequência, foram o suficiente para eternizar uma das coreografias mais imitadas de todos os tempos, até por pessoas que não precisaram nem ao menos assistir ao vídeo para saberem que, balançar as mãos abertas é sinônimo de Beyoncé.

E apesar de ter sido lançada em uma era onde Bey ainda se encontrava artisticamente, os temas feministas se fazem claramente presentes, neste que além de um dos maiores hits do século 21 é também um hino do empoderamento feminino, pois, se você não valorizar a mulher maravilhosa que está a seu lado, alguém vai, nem que seja ela mesma.

"Single Ladies" foi um fenômeno, e hoje, mais de uma década depois, continua infalível. 


3 | Drunk In Love

"Drunk In Love" é praticamente um remake da próxima música nesta lista. Um remake mais ousado, atraente e apaixonado, que explora a relação marido e mulher como poucas músicas tiveram audácia de explorar. 

E para vocês que ainda estão se perguntando o que é a surfboard, surfboard, surfboard, talvez ainda não tenham idade, ou a malemolência necessária para apreciar o single por completo.

Composta como um R&B alucinógeno, sintético e cruamente sexy, é uma das produções mais experimentais da carreira de Bey, que canta seus vocais como se tivesse acordado de ressaca e se dirigido ao estúdio pedindo para uma produção que a acompanhasse. E, por cinco minutos, o feitiço é mais do que eficaz, te embriagando do mesmo amor que contagia cada detalhe. Já o verso de Jay-Z, despreocupado como sempre, encaixa com a voz dela da forma que apenas um casal que se conhece tão bem conseguiria. Mas mais do que criar uma boa música, aqui eles transformam o casamento em algo realmente sexy e atraente, talvez uma das maiores conquistas artísticas de um casal com mais de 40 Grammys no armário.

"Drunk In Love" é uma das melhores colaborações, faixas de R&B, e músicas de amor da década até agora. Uma mistura que junta as imperfeições de se estar bêbado de amor de uma forma irresistível. E, novamente, algo que dificilmente possa ser imitado no futuro. 


2 | Crazy In Love

Beyoncé e Jay-Z ainda não estavam "oficialmente" juntos em 2003, mesmo que todos já desconfiassem desde sua colaboração em "'03 Bonnie & Clyde" no ano anterior. "Crazy In Love", o primeiro single do primeiro álbum solo de Bey não apenas reforçaria todas as especulações, mas daria uma nova cara à uma das artistas de maior sucesso da música. Foi aqui que Beyoncé se tornou Beyoncé

Mesmo que fosse seu primeiro single propriamente, aqui ela mostrava todo o talento que a permitiu se tornar relevante por tanto tempo. Desde a energia propulsora que contagia os vocais e explode a cada refrão à performance entusiasmada do já icônico vídeo. A produção é bombástica, a entrada com o sax se tornou icônica e a cada momento de sua execução você está ouvindo o ponto mais alto que a música Pop pode atingir. Jay-Z precisou de dez minutos para fazer seu verso, pois ele sabia que não importava o que rimasse, as atenções ali estariam todas na carta de entrada mais bem executada da história da música Pop.

Beyoncé era forte demais para não funcionar. 

Foram oito semanas em primeiro lugar da Billboard, milhões de downloads, e a maior alavanca de sua carreira. Naquele momento ela começava seu reinado como maior artista do planeta, e incrivelmente, ele continua firme até hoje. Esta é, sem dúvida, a maior música de sua carreira, mas o motivo de não ser também, a melhor, é apenas porque…


Menções Honrosas: Déja Vu, Party, Naughty Girl, Baby Boy, Check On It, Ego, Daddy’s Lessons, Flawless, Diva, Partition, Sorry, Hold Up, Don’t Hurt Yourself, Pretty Hurts.


1 | Formation

"Formation" foi o e único single de "Lemonade", seu icônico álbum de 2016 que fez o mundo parar para apreciar a obra de arte que vinha sendo construída pacientemente ao longo de 20 anos de carreira.

Logo quando saiu, o álbum causou polêmica pela visceralidade com que trouxe críticas a brutalidade policial nos Estados Unidos, pela forma como explorou o racismo e, principalmente, pela narrativa de traição envolvendo Jay-Z. Porém, o centro das atenções continuava sendo ela.

Várias coisas foram determinadas com "Formation". A maturidade de Beyoncé como artista, atingindo seu auge quase 20 anos depois de estrear com as Destiny’s Child; o seu impacto cultural, capaz de fazer todos os veículos darem atenção direta para o lançamento e conteúdo de sua música e álbum; sua força no cenário Pop mesmo depois de tantos anos, capaz de fazer uma música tão pesada se tornar um hit sem ter sido liberada para os principais serviços de streaming. E a espetacular performance no SuperBowl foi o melhor jeito de apresentar a música ao mundo.

Já um clássico, sempre que as sirenes que abrem e perduram por toda a faixa são ouvidas, a euforia dos fãs já sobe a níveis catastróficos, este sendo um toque genial de Mike-Will-Made-It, que serve como um anúncio perfeito, seguido pela voz de Messy Mya que entoa “Bitch, I’m back by popular demand”, para então a produção, que une diversos elementos de Hip-Hop, R&B, Trap e Bounce, tomar conta. É um tour de force, que acompanha as letras ousadas e a energética performance de Beyoncé, dotada com uma ironia corrosiva, intocável assim como seu status.

"Formation" é uma das melhores músicas dos anos 2010 e a mais impactante do extenso catálogo da Queen B. Mas, acima de tudo, é como se fosse um chamado à todas as mulheres do mundo e, quando Beyoncé falar para entrar em formação, é melhor ouvir.

Long live the queen.


(Hey, você que chegou até aqui, gostou do texto? Não deixe de comentar para sabermos o que achou! Outra coisa! O Outra Hora é um site totalmente independente, feito pelo amor de seus colaboradores com a arte, mas se você gostar do nosso conteúdo e quiser nos apoiar, não deixe de conferir nossa página no apoia-se! E caso não tenha condições de contribuir financeiramente, saiba que apenas o clique em nossas postagens já é de muita ajuda, e não deixe de nos seguir nas redes também!)

Anterior
Anterior

Crítica | Homem-Formiga

Próximo
Próximo

Crítica | Vingadores: Era de Ultron