Crítica | Lil Uzi Vert - Luv is Rage 2
Liz Uzi Vert é uma estrela, mas não daquelas convencionais. É caótico e excêntrico. É por vezes um cantor sombrio e por outras um personagem de anime. Uma estrela do Rock, Rap e um artista simplesmente incrível, cujo ídolo é Marilyn Manson. E não, seu sucesso não apareceu da noite pro dia. Mixtape atrás de mixtape, constantes ótimos singles (''Money Longer'', ''Ps & Qs'', ''XO TOUR Llif3'') construíram a hype e a dúvida de como seria o primeiro álbum de LUV.
Talvez as principais causas do sucesso de Lil Uzi sejam sua irreverência e seu timbre diferenciado, num mundo onde o Trap fica cada vez mais saturado de artistas que soam mais do mesmo.
Para falar de Luv is Rage 2, precisamos falar sobre XO TOUR Llif3. O contraste entre a produção acelerada, contagiante e infestada de percussão e sua letra sobre suicídio e traição é hipnótica e irresistível. É até incrível como a música parece algo que qualquer artista demoraria anos pra fazer, ou algo feito no quarto do rapper enquanto apenas esbravejava sozinho por seu término de relacionamento. De qualquer forma, é uma track excepcional e impôs um certo nível pra qualquer coisa que viesse a seguir.
O álbum começa com ''Two'', dando a primeira impressão totalmente oposta da esperada maturação musical de LUV. A faixa, arrogante, apesar de muito provavelmente sincera é entediante e lembra a todo instantea produção de Ps & Qs, com seu tempo levemente mais lento. ''444+222'' e ''Sauce it Up'' são uma injeção de ânimo, mas extremamente superficiais e nada do que não tenhamos visto em qualquer uma das mixtapes dele até então.
Mas entre refrões entupidos de auto-tune, as coisas melhoram a partir da faixa número 5. Provavelmente a melhor do álbum. ''The Way Life Goes'' é uma batalha triste porém madura contra seus relacionamento fracassado, quando Uzi admite:
''I like that girl too much, I wish I never met her'' ou
''I know it hurts sometimes but you'll get over it; You'll find another life to live''.
O refrão aqui é acompanhado de vocais quase perfeitos dele, e uma preocupação inusitada com o seu flow aparecem. The Way Life Goes era a variável que eu precisava pra saber que o álbum não seria ordinário como muitos diziam que seria.
É nesse tipo de ''balada'', quando Uzi arrisca sair do mainstream do conceito de Trap Music, e mistura isso com um sentimentalismo confuso e até um pouco engraçado que o álbum ganha força. ''Feeling Mutual'' é exatamente a variação entre a percussão pesada durante alguns versos e um piano e uma produção mais leve durante o refrão. ''Neon Guts'' é a perfeita razão para ''Two'' não existir. É confiante, colorida, e o toque criativo e produtor de Pharrell é nítido quando se consegue ouvir todos instrumentos em seu perfeito lugar.
Uzi consegue amadurecer em relação aos seus trabalhos anteriores em Luv is Rage 2. Seu maior êxito é quando consegue consegue deixar seus sentimentos transparecerem, seja de forma cafona (''How to Talk'', ''Malfunction'') ou mais sombria (''X'', ''Dark Queen''), e sua maior falha é que não se entrega a isso. Já estabelecido como um dos artistas mais populares da atualidade e um ''hit-maker'', era hora do Rapper arriscar. Aguardamos o próximo álbum.