As Melhores Interpretações da Década | Atores Coadjuvantes
Se montar qualquer lista de filmes já é um exercício que, por mais divertido que seja, tende a se tornar exaustivo quando levado a sério (o que, infelizmente, acabo fazendo), elencar as principais performances em um período tão longo é uma tarefa mais do que ingrata.
Pois pense só, muito provavelmente em todos os bons filmes que viu havia ao menos uma boa interpretação, mas além destes há aqueles filmes medianos que trazem performances inspiradas e até aquelas atrocidades salvas pelo trabalho de um ou outro intérprete. Além disso, se um filme já é um mar de elementos que funcionam de acordo com a subjetividade - e bagagem cinematográfica, é claro - de cada um, imagine avaliar atuações que, em atos mínimos, e muitas vezes desapercebidos, acabam nos tocando de formas que nem bem sabemos como.
Acho interessante apontar também como, nas listas de atores e atrizes coadjuvantes, a diversificação étnica é mais visível, algo que diz mais sobre os estúdios - e sobre nossa sociedade - sobre a capacidade dos interpretes pertencentes a minorias.
Para facilitar meu trabalho e torná-lo mais prazeroso, decidi apenas listar aquelas interpretações que mais me cativaram, por um motivo ou por outro e, antes de começar, aviso que dividi os atores em duas categorias, assim como na grande maioria das premiações, por motivos óbvios. Além disso, atores e atrizes presentes em uma postagem não poderão ser incluídos em outra, por motivos de variedade.
Abaixo, aquelas que considero as melhores performances de atores em papéis coadjuvantes em toda a década:
Menções Honrosas: Tom Hardy em O Regresso; Leonardo DiCaprio em Django Livre; Michael Shannon em Animais Noturnos; Christoph Waltz em Django Livre; Christian Bale em O Lutador; Mark Ruffalo em Foxcatcher; Oscar Isaac em Ex-Machina.
Foi uma decisão difícil, mas todo o arco emocional e social de Moonlight não seria possível sem a presença do Juan de Ali que é sentida tanto quando o mesmo está em tela, como quando não mais o vemos.
Interpretar o tipo marrento e insensível não é uma tarefa genuinamente difícil - além de ser algo que vemos ano após ano -, o complicado é construir a personalidade da pessoa por trás da carapaça, algo que apenas grandes atores conseguem e, aqui, o que vemos é um grande ator concebendo um trabalho que sucede justamente em ser coadjuvante para o arco central da história.
Capaz de evocar delicadeza e, principalmente, afeto e empatia, o Juan de Ali é um homem falho, mas louvável. É parte dele a culpa pela dor que pessoas próximas a ele sentem, mas ao vermos confrontar seus próprios demônios quando colocado frente a esta realidade, e desabar em lágrimas ao ver como sua maneira de ganhar a vida afeta o menino que tomou quase como seu filho, é impossível não entendermos que ele é apenas mais uma vítima em um ciclo vicioso.
Que, infelizmente, não pôde ser quebrado nem quando um de seus componentes percebe o mal que o mesmo causava.