As Melhores Interpretações da Década | Atrizes Coadjuvantes
Se montar qualquer lista de filmes já é um exercício que, por mais divertido que seja, tende a se tornar exaustivo quando levado a sério (o que, infelizmente, acabo fazendo), elencar as principais performances em um período tão longo é uma tarefa mais do que ingrata.
Pois pense só, muito provavelmente em todos os bons filmes que viu havia ao menos uma boa interpretação, mas além destes há aqueles filmes medianos que trazem performances inspiradas e até aquelas atrocidades salvas pelo trabalho de um ou outro intérprete. Além disso, se um filme já é um mar de elementos que funcionam de acordo com a subjetividade - e bagagem cinematográfica, é claro - de cada um, imagine avaliar atuações que, em atos mínimos, e muitas vezes desapercebidos, acabam nos tocando de formas que nem bem sabemos como.
Acho interessante apontar também como, nas listas de atores e atrizes coadjuvantes, a diversificação étnica é mais visível, algo que diz mais sobre os estúdios - e sobre nossa sociedade - sobre a capacidade dos interpretes pertencentes a minorias.
Para facilitar meu trabalho e torná-lo mais prazeroso, decidi apenas listar aquelas interpretações que mais me cativaram, por um motivo ou por outro e, antes de começar, aviso que dividi os atores em duas categorias, assim como na grande maioria das premiações, por motivos óbvios. Além disso, atores e atrizes presentes em uma postagem não poderão ser incluídos em outra, por motivos de variedade.
Abaixo, aquelas as quais considero as 10 melhores performances femininas em papéis coadjuvantes nestes últimos dez anos:
Menções Honrosas: Naomie Harris em Moonlight; Lesley Manville em Trama Fantasma; Allisom Williams em Corra; Rachel McAdams em Spotlight; Janelle Monáe em Moonlight; Amy Adams em O Mestre; Sônia Braga em Bacurau.
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lupita nyong’o, 12 anos de escravidão (2013)
Nem sempre há justiça no Oscar, por isso, ver Lupita saindo com a estatueta em 2013 não apenas é uma imagem gratificante de se ter na memória, mas um minimo, ínfimo, comentário sobre o quanto nós, como raça opressora no passado, não apenas nos solidarizamos com as tantas vidas marginalizadas pelo racismo, mas como nos envergonhamos.
Sempre que me lembro de 12 Anos de Escravidão, a primeira imagem que me vem à cabeça é a de Patsey, desesperada, implorando por piedade após ter se submetido à algo que arriscava sua vida em troca de um pouco de dignidade que vinha na forma de um mísero pedaço de sabão. Utilizando seus grandes olhos para provocar tanto desespero como piedade, Lupita constrói nela uma mulher forte, capaz de entonar a voz com força para confrontar uma injustiça, mas que ao mesmo tempo se encolhe e aceita as punições a ela imposta, pois aquilo é a vida que conhece.
É uma performance inesquecível, de extremos tão verdadeiros que a própria atriz ainda deve sentir as chibatadas, sendo elas verdadeiras ou não.