Crítica | Sonic 2
“Sonic 2” é longo de mais e sem graça.
Com muita ação sem objetividade, os efeitos rapidamente se tornam monótonos e a sentimentalidade vazia.
Eu tenho até dificuldade que de acreditar que existe um “Sonic 2” que custa 110 milhões de dólares e vai ser um sucesso de bilheteria, conceitualmente é algo que ainda tenho dificuldade de me acostumar, mas é essa a Hollywood que temos hoje e é com isso que temos que lidar. Dito isso, esse filme é exatamente tudo que se espera dele, é sem graça, a ação não faz muito sentido e a história tem muito mais a ver com vídeo game (por que será?) do que com cinema, o adendo são seus desnecessários e longos 120 minutos de duração. São diversas tentativas de criar momentos emotivos desde os primeiros minutos, mas elas são espalhadas e não fazem muito sentido, são usadas apenas como intervalos das cenas de ação, que são confusas demais. Há um excesso de personagens com Knuckles e Robotnik atuando como antagonistas e Tails, Tom e Maddie sendo os aliados de Sonic na jornada, poderia não depender tanto do primeiro filme que contaria uma história mais objetiva.
Depois dos eventos do primeiro filme, Dr. Robotnik (Jim Carrey) está exilado no Planeta Cogumelo quando Knuckles (Idris Elba) o procura para que ajude a rastrear a Sonic e a Esmeralda do Poder que só ele sabe a localização. Na Terra, o roedor azul tenta se tornar um herói mas causa mais confusão que ajuda, seu amigo Tom (James Mardsen) tenta aconselhá-lo. Quando Sonic fica sozinho em casa os seus dois antagonistas o rastreiam e tentam captura-lo e ele é salvo por Tails (Colleen O'Shaughnessey) que veio a Terra alertar o protagonista que Knuckles está atrás dele e da Esmeralda do Poder. Os dois então passam a procurar o objeto mágico que faz pensamentos virarem realidade. Na jornada ele e Knuckles se conectam a partir do passado trágico compartilhado pelos dois.
O primeiro filme funciona como uma buddy movie em que Sonic e Tom precisam se aliar e se conhecer melhor para derrotar Robotnik, se essa sequência fosse exatamente o mesmo filme só que com Tails e Knuckles poderia ter funcionado, mas ao misturar todos personagens é necessários muito roteiro e muitas subtramas para todo mundo, isso toma tempo de tela e faz tudo ser confuso. Isso atrapalha a ação também porque o filme não é capaz de fazer tantos elementos interagirem então as grandes sequências perdem efeito para mostrar o que cada um dos envolvidos está fazendo ao invés de focar em um ou dois personagens. Tails é o ponto mais interessante, a quantidade de dispositivos introduzidos com a entrada dele na trama deixa tudo mais interessante e a ligação entre ele e Sonic soa genuína, gostaria que o roteiro tivesse se concentrado mais nisso.
Sem dúvidas, “Sonic 2” vai fazer uma grande bilheteria, mas a essa altura isso já nem mais faz diferença, Hollywood virou uma máquina de filmes escritos por Inteligência Artificial sem nenhum risco e sem nenhuma recompensa, esse é mais um desses. Se isso já não tivesse criado uma imensa indiferença já, a reação a ele seria muito pior, mas são dezenas de longas iguaizinhos todo ano a ponto de já ter toda uma métrica para escrever sobre eles e isso é frustrante. Mas essa é a realidade que se impõe e dentro disso “Sonic 2” ainda consegue no máximo ser medíocre, a performance de Jim Carrey é nitidamente cansada e ele parece mais uma sombra do ator que foi nos anos 1990 do que uma pessoa de verdade e de muitas maneiras isso resume a Hollywood que produz esse filme.