Crítica | Euphoria 1ª Temporada
O paradoxo efervescente do tédio adolescente do subúrbio norte americano banhado por neon.
Produzida por Drake. Inspirada na série israelense que carrega o mesmo título. Rue (Zendaya) é uma jovem viciada de dezesseis anos. Após passar o verão na reabilitação, ela retorna para casa, escola e infelizmente para seus velhos hábitos. Narrada pela protagonista onisciente, cada episódio foca na história de um dos personagens. Ferramenta muito útil para o desenvolvimento e compreensão da trama, mantendo uma construção cronológica interessante. Além disso, o nome de cada episódio é uma música que se relaciona com as temáticas reproduzidas no tal. Como no quinto episódio “ 03 Bonnie and Clyde” delata o abusivo relacionamento entre os jovens Maddie (Alex Demie) e Nate (Jacob Elordi). Remetendo ao famoso casal de criminosos americanos perseguidos nos anos 30.
Como a maioria das ex estrelas Disney; Zendaya opta por um papel maduro na busca de se livrar do estigma infantil. Demonstrando versatilidade na atuação. Não sendo a única do elenco a surpreender. Jacob Elordi que recebeu visibilidade pelo papel no filme original da Netflix: “A Barraca do Beijo” ganha o merecido reconhecimento pela assustadora interpretação de um jovem conturbado.
Sam Levinson criador e diretor (de alguns episódios) da série. Dirigiu o filme “Assination Nation (2018)” com a estética saturada e eletrizante, como em “Euphoria” . No longa, a falta o desenvolvimento de personagens resulta em uma rasa narrativa. Já na série crua e carregada de artifícios fantasiosos com personagens que fogem dos arquétipos ordinários. Pinta fielmente a adolescência atual. Representativa, complexa porém disposta a revelar somente o que há em seus feeds do Instagram.
“Euphoria” demonstra as inúmeras recaídas e dificuldades sobre a superação com o vício, E como eles não se resumem apenas ao abuso de substâncias. No caso da protagonista é uma nova amizade: Jules (Hunter Schafer). Para outros personagens pode ser: Adrenalina,poder, dinheiro, manipulação etc.
Carregando a similaridade de outras séries que exploram as temáticas da adolescência: “Skins”, “Skam” e “13 Reasons Why”. Como eventos na infância têm um impacto permanente na formação de caráter, a superficialidade nas relações contemporâneas que atualmente são representadas pela falta de noção do que a pessoa é versus como é sua persona online. Sendo assim,“Euphoria” reformula os mecanismos e ferramentas para contar a história, e de quebra apresenta novas, excelentes e talentosas faces para televisão.