Os Melhores Filmes da Pixar (Rankeados)
Ah, Pixar...
Se há um estúdio de cinema que chega perto de receber amor universal é este segmento da Disney, iniciado nos anos 90. Ao longo de mais de duas décadas as animações da empresa tomaram conta dos calendários ano após ano, construindo uma das séries de filmes mais consistentes e inventivas do Cinema contemporâneo e revolucionando a forma de fazer animação algumas vezes no caminho.
Justamente por receber tanto amor e não ter um concorrente tão acirrado como no caso de DC e Marvel (no mundo ocidental), por exemplo, muitas vezes esquecemos de, justamente, discutir quais os melhores filmes dos estúdios.
Aqui, dou meus dois centavos, não me matem, e digam quais os seus favoritos nos comentários!
Os que não ligo
24 | Carros 3
Sejamos honestos, se “Carros” já não figura entre os melhores projetos do estúdio, sua sequencia em um mundo onde ainda esperávamos pelo segundo “Incríveis” pareceu ainda mais desnecessária.
Os visuais são legais e tal, Relâmpago Marquinhos é amado por muitos, principalmente no Brasil, mas falta tanta coisa que nem parece ser um filme da Pixar.
23 | Carros 3
"Carros 3" sofre por ser a sequência indesejada de, obviamente, "Carros 2", que por sua vez já foi a sequência indesejada de seu primeiro filme.
"Incríveis", "Procurando Nemo" e "Monstros S.A." demorariam anos para voltar as telonas, enquanto um dos filmes menos amados da Pixar ganharia um novo capítulo. Foi tentado melhorar em cima do original, mas, apesar da qualidade técnica continuar impressionante e servir à narrativa, falta substância e uma história realmente envolvente para fazer este mundo habitado por carros realmente se sobressair.
22 | Procurando dory
Aqui vai: nunca fui muito fã de “Procurando Nemo”, e com “Dory” não seria diferente.
A personagem é especial justamente por ser representativa, e até diria que este filme derivado era necessário visto o quanto todos amam o original, mas não funciona pra mim.
21 | Carros
A premissa de "Carros" é, de certa forma, muito inteligente. Os brinquedos são alguns dos favoritos de qualquer criança e criar um mundo inteiramente habitado por eles é uma ideia interessante.
Porém, duas coisas são perdidas nesse filme, a primeira delas sendo o mal desenvolvimento deste universo (o que os carros comem? eles são máquinas? são seres vivos? existem outros seres?) e a segunda é a falta de uma personagem criança, para se identificar aos olhos do público infantil que, em tese, é o público alvo. Todos adoramos Relâmpago McQueen, talvez por ele ser literalmente um Neymar em forma de carro, mas falta algo que o conecte com todos nós - talvez como o próprio Neymar.
20 | Valente
"Valente" merece destaque nessa lista por mostrar a primeira princesa da Disney que não tem um par romântico e por sua trama não se tratar de uma história de amor. A relação familiar, principalmente entre mãe e filha, é o foco principal, o que a torna diferente das suas princesas antecessoras e, talvez até por isso, acabe inovando o repertório dos estúdios, abrindo espaço inclusive para animações como "Frozen" (onde o amor das irmãs Elsa e Anna são o foco do filme).
Infelizmente, e talvez até por conta da prima gelada, “Valente” meio que caiu no esquecimento, e visto o histórico da Pixar, sinto como se fizessem tão pouco com o cenário medieval que a vontade de retornar pra ele é minima.
Não Gosto desse
19 | Divertidamente
Uma recorrente polêmica no site tem a ver com “Divertidamente”, uma das mais aclamadas e amadas animações dos últimos anos.
Para muitos, é um dos capítulos mais inventivos do estúdio, que trabalha temas atemporais como a transição da infância para adolescência, ao passo que também investiga a natureza complexa das transformações que nossas emoções e imaginação passam.
Para outros, eu incluso e sou eu que estou fazendo esta lista, é um filme que repete uma fórmula comum e conta com personagens óbvios em cada uma das suas limitadas e genéricas cinco emoções, ao passo que perde a chance de expandir mais todo este conceito.
esses são Ok
18 | O Bom Dinossauro
Não posso esconder: chorei duas vezes, de soluçar, assistindo a este filme.
Talvez por ter sido influenciado pelas pessoas na minha volta, mas muito porque há ali uma relação bonita entre o Littlefood e o caverninha, mas aqui a Pixar começou a apresentar uns problemas que seguiriam: os cenários ultra realistas destoando dos personagens cartunescos e da própria narrativa.
Bobinho demais, ligeiro demais, desenvolvido de menos, é um filme que fica na premissa e se salva por essas duas cenas que, convenhamos, tem que ser um fóssil pra não se comover.
17 | Up: Altas aventuras
Sinceramente acho que todos amam esse filme por conta do curta envolvendo Carl e Ellie, que sim, é maravilhoso.
E a mensagem de capitalismo, conformismo e amizade é relevante e bonitinha, mas a jornada soa muito menos exploradora (no bom sentido) e reveladora do que a casa com balões promete.
Parece, literalmente, faltar criatividade após os primeiros 20 minutos, e o resto parece só uma desculpa pra o curta funcionar.
Desnecessária, inclusive.
16 | Procurando Nemo
*não gosto tanto do filme, mas o texto (que não é meu) é ótimo
Um dos temas mais abordados pela Pixar é o das relações paternas, talvez para suprir o fato de que muitas crianças que assistem estes filmes tem como imagem paterna alguém ausente, ou até inexistente.
Sully, Beto Pera, Frederiksen… todos eles demonstram carinho pelos seus filhos (sejam biológicos, de coração, ou uma humana que entrou por acaso no mundo dos monstros). Mas nenhum deles supera Marlin, o peixe-palhaço que se aventurou pelo oceano para reencontrar seu filho em “Procurando Nemo”.
Navegando em um oceano de possibilidades criativas, “Procurando Nemo” traz bordões incríveis (“continue a nadar”, “minhoca u-ha-ha”), situações hilárias (tubarões vegetarianos e tartarugas hippies) e uma gama de criaturas memoráveis (o aquário do dentista tem um dos melhores grupos da Pixar). Liderados pelo rabugento Marlin e a irresistível Dory, que ganharia um filme solo depois, é um filme que transforma o fundo do mar em um lugar que deixou todos maravilhados e marcou a infância de diversas crianças.
E, talvez, no futuro, contribua para que todos aqueles meninos se tornem pais como Marlin, que jamais deixam seus filhos para trás.
Eu gosto desse!
15 | Universidade Monstro
A primeira prequel da Pixar encontrou o lugar perfeito para continuar as histórias de Mike e Sully dando um passo para atrás.
Apesar de, assim como em outros filmes da Pixar, parecer algo menor ainda mais dentro do que poderia fazer, gosto muito de como aliam toda a cultura da faculdade com outro tema recorrente: da mediocridade, do talento e da coisa que aproxima e distancia um do outro, no trabalho duro.
Além do que, todo o cenário é um dos mais legais e é também um dos filmes mais engraçados dos estúdios (a Oozma Kappa é algo).
Tão bom quanto qualquer outro estúdio conseguiria fazer
14 | Toy Story 4
Se todos achávamos que uma sequência para uma das melhores trilogias da história do cinema era um tanto desnecessária, “Toy Story 4” fez com que víssemos que estávamos certos, mesmo que não signifique que não gostamos, e rimos e choramos com o filme.
Talvez o mais engraçado de todos da saga, seu grande problema está no fato de que seus três predecessores são todos excepcionais e por mais que a série continue a mergulhar em questões filosóficas e existenciais dignas de um filme de Charlie Kaufman, é como se apenas víssemos algo sendo esticado além do ideal.
Ainda assim, é mais um belo filme e que conta com outra temática que a Pixar vem abraçando ao tornar suas personagens femininas em verdadeiras heroínas.
13 | Incríveis 2
A continuação que todos esperamos desde que saímos do cinema, e incomodamos nossos pais para já entrar na próxima sessão, não decepcionou. “Os Incríveis 2” tem todo o charme que tornou o primeiro uma das melhores animações dos anos 2000 e conta com um trabalho de animação sublime.
Porém, se tem algo que não conseguiu igualar foi em um dos pontos que seu antecessor era mais forte: o vilão. Enquanto Síndrome fora simplesmente genial desde sua construção à seu papel na narrativa, é possível perceber a reviravolta de “Incríveis 2” à quilômetros de distância, mas o problema é que ele nem funciona de verdade - pelo contrário, até contradiz alguns dos temas de sororidade e papéis de gênero que o filme trabalha tão bem.
O que não tira o brilhantismo da animação, a complicada e relevante dinâmica familiar que acena para a independência feminina e para o papel do pai com relação a seus filhos e é claro, todas as cenas com Zezé, que caso fossem isoladas em um curta sem qualquer sentido, valeriam todo seu dinheiro do mesmo jeito.
12 | Soul
Sim, “Soul” tem um discurso de coach, tem um diretor branco competindo com Ryan Gosling por quem salva o Jazz primeiro e sofre por ter as amarras que um filme da Disney sempre tem, mas segue sendo um dos melhores originais da Pixar nos últimos 10 anos.
A dicotomia entre o realismo do mundo real (Jazz, um mundo com textura carregada) e o pré-vida (música eletrônica, abstrato, minimalista) faz maravilhas com a história simples, e mesmo sendo até meio óbvia, a mensagem final não deixa de ser um abraço quentinho na alma depois de um 2020 tão horrível.
11 | Luca
Talvez o menor dos filmes da Pixar, mas também um dos que mais podia ser uma obra prima se não fosse segurado pela necessidade da Disney de sempre ter algo acontecendo.
Isso nas mãos do Ghibli era perfeito, mas ainda do jeito que é soa refrescante (piada não intencional) e ainda oferece um mundo de interpretações que combina tão bem com os temas que traz.
Que seja um final que, talvez, os estúdios estejam perdendo o medo de arriscar nem que seja um pouco mais em uma fórmula tão certeira, mas já tão batida.
A magia da Pixar
10 | Vida de Inseto
O segundo filme da Pixar, e talvez um dos mais esquecidos de todo o conjunto, "Vida de Inseto" sofre um pouco pela própria influência em tudo que o estúdio faria a seguir. Fundamental em estabelecer sua forma de sucesso, é um filme que prende a atenção do público infantil enquanto traz questões tão complexas e bem encaixadas que até os adultos mais atentos não vão conseguir captar tudo sem revisitá-la novamente.
Gosto muito de toda a dinâmica da colônia de formigas e como o Flick contesta ela conceitualmente e com ações também. Começa ali o tema recorrente da Pixar de falar sobre mediocridade, e aqui além de trazer um dos melhores paralelos com “Os 7 Samurai”, ainda tem uma alegoria forte e bem colocada pra gênios incompreendidos (Galileu vem a mente).
9 | Coco
“Coco” (o título traduzido não dá) ganha pontos por ser lançado logo após a eleição de Trump com toda sua caracterização Mexicana, mesmo que perca alguns deles pela polêmica envolvendo a Mama Coco.
Confesso que não sou o maior fã do Miguel, poderiam ter feito um personagem menos comum, mas gosto demais das influencias culturais e como elas funcionam não só com a narrativa, mas com algumas semelhanças do Cinema clássico dos EUA mesmo (lembra “Noiva Cadáver” até). A própria reviravolta aponta bastante pra isso.
A forma como amarram memória com toda a história e o uso de “Remember Me” é coisa de outro mundo (literalmente!).
8 | Toy Story
O primeiro filme da Pixar é também um dos mais revolucionários dos últimos 30 anos.
O primeiro longa gerado inteiramente por computador teve sua inspiração em um curta dos estúdios ("Tin Toy", 1987, na época presididos por Steve Jobs) e teve um impacto absurdo na indústria cinematográfica.
Não era pra menos, a qualidade e inventividade da história contada em "Toy Story" é quase messiânica quando pensamos na inteligência superfície e na genialidade sob ela. Brinquedos que tomam vida e se tornam os heróis que depois serão vendidos como… brinquedos! Seu objetivo na narrativa? Fazer crianças felizes.
Além disso, o novo (Buzz) ameaçando o velho (Woody), um conflito de gerações, a evolução gradual da coisa toda. “Toy Story”, além de bom pra caramba, é visionário e, apesar de ser um produto da empresa mais capitalista do mundo, ainda soa como uma tentativa - duradoura, afinal - de manter a arte no comercial. Por isso, podemos (quase) ser eternamente gratos.
7 | Wall-E
Uma obra ser capaz de figurar entre as melhores de dois gêneros distintos é algo fascinante, agora ser um exemplo perfeito de três é algo tão raro como a plantinha que Wall-E encontra.
Como uma animação é mais um exemplo de que a Pixar consegue tornar qualquer cenário e criatura algo adorável - incluam uma barata e um robô que parece feito de sucata na lista. Como ficção-científica é um retrato pessimista e crítico da forma como vivíamos na época onde o filme fora lançado e que, inevitavelmente, continuamos vivendo até nos aproximar cada vez mais do futuro que prevê. Como um romance, mostra o amor entre dois seres programados que mostram como a humanidade não será reservada apenas para nós, humanos.
Não gosto tanto da parte dos humanos (é meio batido hoje né?), mas fato é que “Wall-E” é um filme atemporal e poético por tudo que propõe, sem precisar falar sequer uma palavra por quase metade de sua projeção.
6 | Onward
Aqui muitos vão discordar, mas “Onward” me ganhou de um jeito que não esperava.
Abraçando e homenageando o gênero da fantasia enquanto brinca com algumas subversões divertidas (o pai pela metade, a fadas motoqueiras, a quimera dona de restaurante, por favor!!!), o mais incrível é como constrói todo o drama principal ao lado de toda a magia.
Valorize suas raízes, abrace quem é e aquela cena final deve ser um dos momentos mais bonitos (e arriscados) de toda a Pixar.
Nível Ghibli
Das raras sequencias que não só são melhores, mas expandem tudo que tinha de bom no primeiro filme.
O conflito entre gerações é trazido de volta, mas com mais força: entendemos o medo do esquecimento dos caubóis, mas também o apreço pela tecnologia (os videogames ajudando a salvar o real) - tecnologia que também vem com sua parcela de generalização da identidade (os vários Buzz). Mas apesar de conversar com o conservadorismo, se desprende ao fazer Woody juntar o passado, presente e futuro: não esquecendo e abandonando suas raízes ao trazer o cavalinho (coisa fofa esse cavalinho) e a Jess junto pra seguir movendo em frente, e não fossilizado em uma estante.
As referências de outros filmes (“Star Wars” e “2001”, perfeitamente selecionados) são hilárias e adicionam aos temas, as sequências envolvendo o supermercado e a rua são sensacionais, e é incrível como a roupagem infantil do filme é perfeita pras crianças, mas não deixa de trazer uma narrativa cheia de coisas pros adultos.
“Toy Story 2” é aula de Cinema, e uma das melhores sequências de todos os tempos.
“Ratatouille” é um caso a parte.
Nostálgico ao reconstruir uma imagem cinemática e apaixonante de Paris, que vai desde o vislumbre das paisagens abertas à sujeira de seus cantos mais escuros, é um dos trabalhos de animação mais difíceis e louváveis da Pixar. Dando para seus personagens humanos características físicas que combinam com suas personalidades e achando o balanço perfeito para que Rémy seja suficientemente fofo sem que estranhemos torcer por um rato, é um filme quase extra-sensorial, onde podemos sentir as texturas, ouvir o som dos ingredientes e cheirar o aroma de uma receita bem feita.
Mas o mais incrível é todo o subtexto envolvendo a arte. “Qualquer um pode ser um chef” é perfeita quando entendemos o que traz: o talento pode vir de qualquer lugar, não que qualquer um o tenha. Assim como “Incríveis” e “Vida de Inseto”, temos aqui esse tema de fugir da mediocridade, de achar no que você é bom de verdade e a figura do crítico não podia ser um contraponto melhor. “Eu não gosto de comida, eu AMO comida”, uma frase tão forte como toda a caracterização de Drácula do Anton Ego, e o clímax é lindo porque une os três lados da arte como produto: o artista fazendo o crítico voltar a ser público, a lembrar das memórias de infância, ao lembrar do prato que o fez se apaixonar por aquilo do qual decidiu dedicar toda uma vida.
Tudo isso, enquanto ainda traça uma mensagem forte sobre discriminação que tem de ressonar não só com as crianças.
“Ratatouille” é mesmo um prato a parte.
Imagine que incrível (haaaa) um filme sobre uma equipe de quatro super-heróis, cada um com os seguintes poderes: elasticidade; super força; invisibilidade; controle do fogo. Sim, esse filme existe, mas não se chama "Quarteto Fantástico", afinal o grupo da Marvel ainda precisaria do Mercúrio/Flash pra chegar próximo da família Incrível.
O sexto filme da Pixar é, facilmente, o que mais provocou reações ansiosas do público sobre uma continuação, algo que geralmente vêm com a frase "Como "Carros" consegue duas continuações e "Os Incríveis" não tem sequer uma?". O motivo disso é porque os estúdios entregaram, aqui, uma obra prima tanto das animações como dos filmes de super-heróis, podendo figurar facilmente entre os dez melhores deste último - está na minha lista.
Pense bem: quantas vezes tanto Marvel, ou DC, conseguiram aliar, com a perfeição apresentada aqui, o difícil balanço entre a vida pessoal e profissional de seus heróis, onde as vezes derrubar um robô gigantesco pode ser menos desafiador do que cuidar do filho pequeno? Ou melhor, de criar uma narrativa que faça jus à toda ideia de um super herói.
O filme ainda acha espaço para criar metáforas e paradoxos que tornam as habilidades de cada um dos integrantes da família em uma síntese de seus papéis com relação a mesma: Beto tem super força, mas teme não ser forte o suficiente de proteger a esposa e os filhos; Helena se estica como qualquer mãe que tem que cuidar de mais de um filho ao mesmo tempo e, por isso, acaba não cuidando de si mesma; Violeta se esconde e cria campos de força em volta de si que impedem que os outros se aproximem, mesmo que o que ela mais precise seja atenção; Flecha tem um super poder que o impede de fazer aquilo no qual seria incrivel, competir esportivamente; enquanto Zezé é um exemplo de como os pais raramente compreendem o que os filhos estão passando, mesmo já tendo passado por isso.
As referências visuais e sonoras aos filmes de James Bond são um a mais, suas cenas de ação, humor e dublagem - que, pasmém, fica excelente na versão brasileira - estão entre as melhores do estúdio, e se “Os Incríveis” é tão bom como todos lembramos, é porque sempre foi muito mais do que o já maravilhoso filme que guardamos em nossas memórias.
Poucas coisas são mais marcantes na nossa infância do que o medo de coisas que possam estar escondidas em nossos guarda roupas ou embaixo de nossas camas.
O quão incrível é a nossa imaginação de crer que, ao fechar uma porta, um mundo inteiramente diferente se abre, um que não conhecemos e, por isso, tememos. A Pixar, em uma de suas jogadas mais geniais, transformou tudo isso em um de seus universos mais fascinantes.
"Monstros S.A." é um filme mágico.
Nele, os monstros estavam em seu próprio mundo e tinham o mesmo medo de nós, que nós deles. Um medo regado a ignorância e controle de empresas que lucravam em cima dele, que impedia que dois mundos tão semelhantes se conectassem por acreditarem que suas diferenças os tornariam inimigos.
Aos olhos de Boo - uma das coisinhas mais cativantes de toda a Pixar - aquelas criaturas gigantes, repletas de escamas, pelos e penas, que mais parecem saídas de seu caderno de desenhos, são apenas mais amigos com quem pode brincar e nos relembra como, quando somos criança, o mundo é um lugar maravilhoso, até que o próprio corrompa nossa forma de ve-lo.
Auxiliado pelo carisma da dupla composta por Mike e Sully, “Monstros S.A.” é uma carta de amor da Pixar à própria imaginação que a permite ser um dos estúdios mais valiosos da sétima arte.
É um filme, como disse anteriormente, mágico.
Muitos destes filmes acima marcaram a infância de uma geração, mas nenhum conseguiu traduzir o final dela de maneira tão triunfal.
O grande vencedor desse ranking é, assim como outros acima, um exemplar próximo a perfeição de diversos gêneros. Um drama poderoso sobre abandono, saudade e medo do desconhecido proporcionado pela transição; uma comédia hilária com personagens divertidos, coloridos e cativantes; uma animação feita com maestria, atraente para crianças e adultos; um coming of age maduro e reflexivo que eleva ainda mais os temas filosóficos levantados pelos seus antecessores.
Aqui, a odisseia destes seres que acreditam que seu grande propósito na vida é fazer uma criança feliz parecia chegar finalmente ao fim, até todos perceberem que ainda não estavam prontos para dizer adeus à única vida que conheceram até então. Nesse sentido, é um filme que conversa diretamente não apenas com nossas mudanças na adolescência, mas com o próprio significado de envelhecer e estar conformado que tudo, um dia, chega ao fim. E por mais que constantemente sejamos lembrados que estamos assistindo a um filme feito para encantar crianças por conta de suas cores e personagens, é inevitável perceber como até mesmo seus momentos de maior leveza parecem piscar para memórias que fizemos em nossa infância.
Ao final, “Toy Story 3” se consagra como a obra máxima da Pixar por trazer um pouco de tudo que os estúdios pregaram durante sua longa jornada e cativa um espaço em especial em nossos corações por, também, nos fazer sentir uma montanha russa de emoções que vai desde a saudade de uma época que não volta, à aceitação de que é assim que a vida é.
Em sua mais tocante cena nos damos conta que, em um determinado dia, brincamos com nossos brinquedos pela última vez. Sem saber, sem nos sentir emotivos, sem nem cogitar esta possibilidade. Poucos filmes evocam a magia proporcionada por momentos triviais do cotidiano que, no fundo, são muito mais importantes do que parecem. Esta linda e divertida animação sobre uma turma de bonecos de plástico faz com que sintamos isso na alma.
Coisa que eles tem de sobra.