Sessão de Isolamento Outra Hora | Dia 9

Com o famigerado Coronavirus se alastrando pelo mundo, muitas escolas, faculdades e negócios vem suspendendo atividades até que a pandemia seja controlada.

Logo, nós do Outra Hora decidimos criar um guia com dicas para todos vocês que vão passar de uma a duas semanas sem poder sair de casa, na esperança de tornarmos esse período mais agradável para todos. Todo dia indicaremos três filmes (um na Netflix, um na Amazon e outro não necessariamente em alguma plataforma), três álbuns (um novo, um antigo e um brasileiro) e duas séries (uma na Netflix e outra na Amazon) para serem conferidos, e que são de fácil acesso - nada de pirataria (piscadela).

Caso tenham alguma dica, deixem nos comentários, sendo que as sessões vão ser diárias.


Por João Francisco Milani

garotainterrompida.jpg

filme 1 | Garota, interrompida

Aonde assisto? | Netflix

Por que assistir?

Acompanha a história de uma garota que é diagnosticada com transtorno de “borderline” e acaba em um hospital psiquiátrico obrigada a confrontar diversos aspectos da sua vida. Esse é um daqueles filmes que faz a gente pensar: “eu não sei bem porque, mas esse filme me entendeu”. Performances eternas de Wynona Rider e Angelina Jolie certamente colocaram as duas atrizes no status que elas mantém até hoje.

As Vantagens de Ser Invisível na Amazon Prime.jpg

filme 2 | o lutador

Aonde assisto? | Amazon Prime Video

Por que assistir?

Esse filme é um tiro no estômago. Dirigido pelo consagrado Darren Aronofsky, fala sobre um lutador de luta livre, Randy Robison que tenta abandonar os ringues ao entrar em decadecência para tentar se reaproximar da filha. O filme explora os limites da glória e dos vícios que uma pessoa pode ter. É também o último grande filme da gloriosa carreira de Mickey Rourke nas telas, só isso já seria motivo suficiente, inclusive.

fyre.jpg

filme 3 | FYRE FESTIVAL: FIASCO NO CARIBE

Aonde assisto? | Netflix

Por que assistir?

Documentário original Netflix que conta a história do empresário que tenta montar um festival de música para super ricos em Barbados. O filme confronta status e a realidade e demonstra até onde as redes sociais interferem na realidade e a realidade interfere nas redes sociais. Com depoimentos impressionantes e imagens incríveis, “Fyre Festival” é um filme com contrastes que vão te fazer pensar sobre o mundo.


Por Victor Valente

unnamed.jpg

Álbum 1 | In a Poem Unlimited, de U.S. Girls

Aonde ouvir? | Qualquer plataforma de streaming

Por que ouvir?

U.S. Girls, o projeto musical da canadense Meghan Remy, vem lançando álbuns de estúdio desde 2007. Foi em 2015, porém, quando Meg alcançou um maior nível de visibilidade, com o lançamento de “Half Free”, um álbum de pop psicodélico de atmosfera surreal, noturna e extravagante. O passo seguinte foi o lançamento de “A Poem Unlimited”, em fevereiro de 2018, e, neste álbum, U.S. Girls leva seus arranjos e composições para o próximo nível.

Em nove faixas (não contando os dois breves interlúdios), Meghan nos traz o que pode ser considerada uma carta de amor ao art pop, nesse álbum difícil de ser rotulado, pois trafega por diversos gêneros, subgêneros e inspirações, tudo isso em meio a letras carregadas de política e protesto. Em “Velvet 4 Sale”, por exemplo, encontramos uma faixa de neopsicodelia repleta de sentimentos de sororidade; em “M.A.H.” (abreviação para Mad as Hell), por sua vez, temos uma mistura de pop psicodélico com space disco, enquanto Meghan denuncia a falsa glória do governo de Barack Obama; já em “Pearly Gates”, é encontrado um riff capaz de chamar a atenção de qualquer um instantaneamente, agora sustentando uma letra de protesto contra o quid pro quo, narrando a história de uma mulher falecida que é forçada a transar com São Pedro para poder entrar no céu, atravessar os portões de pérolas. E esses são apenas alguns exemplos de um álbum que desafia o status quo tanto na música quanto na política e no cotidiano, de forma que se trata de um projeto que possui muito a ser apreciado.

amorteismo.jpg

Álbum 2 | LOVETHEISM, de Haru Nemuri

Aonde ouvir? | Qualquer plataforma de streaming

Por que ouvir?

Haru Nemuri é uma artista japonesa que surgiu nos holofotes quando do lançamento do seu primeiro álbum, “Haro to Shura”, de abril de 2018. O seu projeto debut apresentava uma curiosa e inovadora mistura de noise pop e J-pop, com a utilização de elementos de hip hop, art rock e até post-hardcore

Praticamente dois anos depois, Haru está de volta, com o lançamento do mini-álbum “LOVETHEISM”, no qual ela dá novos passos, evoluindo o som do seu primeiro projeto. Os elementos essenciais de “Haro to Shura” ainda estão presentes: os riffs de guitarra memoráveis, as linhas de sintetizador atrevidas e os vocais que flutuam entre explosividade (‘愛よりたしかなものなんてない’) e serenidade (‘Lovetheism’ e ‘りんごのうた’). De novidade, o que há é a utilização de estruturas mais complexas para as faixas, principalmente com a implementação de transições inesperadas e extravagantes. Como destaque, temos a faixa ‘Riot’, utilizada para promover o lançamento do mini-álbum, que possui um refrão otimista e hipnotizante, enquanto o instrumental possui linhas de sintetizador e órgão memoráveis, acompanhados por uma percussão que traz variações aptas a ditar o pacing da música, que posteriormente recebe a introdução de uma guitarra e um lindo solo de piano. Em suma, nesse curto projeto de 25 minutos, Haru nos entrega mais uma porção de faixas criativas, progressivas e viscerais, aptas a cativar amantes de ousadas fusões de gêneros musicais.

homem azuis.png

Álbum 3 | Bluesman, de Baco Exu do Blues

Aonde ouvir? Qualquer plataforma de streaming

Por que ouvir?

Baco Exu do Blues, conhecido carinhosamente como Baco, é um rapper nascido em Salvador-BA, que levou seu nome aos holofotes após ter participado da diss track “Sulicídio”, em 2016. No ano seguinte, lançou o álbum “Esú”, que teve o hit “Te Amo Disgraça” e foi muito bem recebido pela crítica. Por fim, em 2018, deu sequência à sua discografia com o lançamento de “Bluesman”, o projeto mais audacioso de Baco até então, que, além do álbum, é acompanhado por um filme de mesmo nome.

“Bluesman” é interessante porque mostra Baco experimentando novos estilos de produção, tornando o álbum mais eclético no que pertine aos beats, mas sem perder a essência daquilo que lhe tornou popular: suas letras memoráveis e entrega emocional ao tratar de temas como racismo e relacionamentos. A temática é coerente e concisa, enfrenta o racismo institucionalizado e evoca empoderamento, o que é perceptível logo na faixa de abertura “Bluesman”, na qual as primeiras falas são de Muddy Waters, seguidas pelas de Baco: “Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos, O primeiro ritmo que tornou pretos livres…”. Mais além, o rapper faz analogias entre a sua vida, dentro e fora da música, com a de alguns de seus ídolos, como em “Kanye West da Bahia”, faixa em que Baco começa relativamente calmo, mas progressivamente se torna mais agressivo, e o instrumental o acompanha em perfeita sintonia. No mais, o projeto também possui algumas faixas no espectro melódico que também merecem destaque, como “Flamingos”, com sua guitarra melancólica, e “Girassóis de Van Gogh”, que adentra uma jornada emocional de amor não correspondido, a qual culmina em uma linda outro psicodélica que nos remete a algo que poderia estar em um álbum do Tame Impala. Assim, a produção refinada e as rimas sólidas de Baco são motivos suficientes para que Bluesman, ainda que em apenas 30 minutos, nos transporte para uma interessante jornada.


Por João Francisco Milani

irmãodojorel.jpg

Série 1 | IRMÃO DO JOREL

Aonde assistir? | Netflix

Por que assistir?

É difícil falar de humor no Brasil no últimos anos sem falar da TV Quase, a produtora criou projetos como os destacados “Último Programa do Mundo”, “Falha de Cobertura” e “Choque de Cultura”, voltados para sátira da televisão e entretenimento e ainda são da equipe do aclamadíssimo “Lady Night”. Mas foi com “Irmão do Jorel” que a produtora ganhou destaque internacional. O desenho sobre um menino que vive à sombra do irmão enquanto lida com os caricatos membros da família e problemas da infância é a primeira e mais importante produção do Cartoon Network na américa latina. A série não cansa de ser engraçada e ao mesmo tempo é o desenho que eu mais gostaria de ter assistido quando era criança. Porque mesmo com os personagens sendo cômico 110% do tempo, mesmo assim há lições de relacionamentos saudáveis entre pessoas, de respeito, amor e amizade. “Irmão do Jorel” é uma das meulhores coisas sendo produzidas no Brasil no momento.

korra.jpg

Série 2 | AVATAR: A LENDA DE KOrRA

Aonde assistir? | Amazon Prime Video

Por que assistir?

Por incrível que pareça há muitos fãs de “A Lenda de Aang” que ainda não assistiram sua sequência. Se você é uma dessas pessoas: assista a “A Lenda de Korra”, agora se você é um fã de Avatar que já assistiu as duas séries, assista de novo. A série conta a história da Avatar Korra, sucessora de Aang, que assume o posto após sua morte, nascida na tribo da água do sul, ela aprende a lidar com bem mais do que os quatro elementos. A série é excelente por si só, os arcos dos quatro protagonistas são deliciosos de acompanhar, os episódios fluem muito bem e os problemas enfrentados pelos personagens são relcionáveis. Para quem assistia o desenho predecessor, a série ainda é uma imensa exploração no universo Avatar, indo onde nenhum Avatar jamais esteves.

Anterior
Anterior

Crítica | O Homem da Máfia

Próximo
Próximo

Mulher-Maravilha 1984 é adiado para agosto