Os 10 Melhores Episódios de Modern Family

NÃO TEM ERRO, POUCAS SÉRIES SÃO TÃO BEM RECEBIDAS PELO PÚBLICO COMO “MODERN FAMILY”. FORAM 11 ANOS NO AR AGRADANDO PESSOAS DE TODAS GERAÇÕES E POR ISSO DECIDI FAZER ESSA LISTA CELEBRANDO SEUS 10 MELHORES EPISÓDIOS E FALANDO UM POUCO SOBRE ELES.

Em 2009, a TV norteamericana teve a última onda de séries antes da concorrência contra os gigantes do streaming. Enquanto a CBS reinava na audiência com “Two and a Half Men”, “How I Met Your Mother” e “The Big Bang Theory” e a NBC era celebrada pela crítica por séries como “30 Rock” e “The Office”, a concorrente ABC apostou em sitcoms de família em sua programação para conquistar o público: “The Middle” e “Modern Family”, a primeira durou nove temporadas e a segunda onze. Os criadores de “Modern Family”, Christopher Lloyd e Steven Levitan falam que a inspiração para escrever a comédia foi perceberem que o único momento prazeroso nas séries onde trabalhavam era compartilhar histórias sobre seus filhos e famílias antes das reuniões começarem. Esse olhar positivo e carinhoso para os personagens e as histórias contadas é percebido durante todos anos que acompanhamos a família Pritchett-Dunphy-Tucker-Delgado e é certamente o principal motivo de ser um sucesso indiscutível, tendo mantido uma audiência alta durante seu tempo de exibição e ganho 22 Emmys, incluindo cinco na categoria “Melhor Série de Comédia” e mesmo as temporadas menos certeiras receberam elogios da crítica televisiva.

Outra força central de “Modern Family” é seu elenco fenomenal, que traz a vida os personagens que aprendemos a amar rapidamente e mantém nossos corações aquecidos até literalmente os últimos segundos da série. Centrado numa figura icônica da TV dos EUA, Ed O’Neill, protagonista da série “Married… With Children” que durou também onze temporadas na TV aberta, no papel do patriarca Jay Pritchett. Construído em torno dele, o elenco apostou em atores com menos nome e revelou para boa parte do público intérpretes com capacidade de fazer rir e chorar, suas atuações chamam atenção pela consistência mantendo seus personagens evoluindo sem perder a essência durante as temporadas. Com destaque para Ty Burrell (Phill Dunphy), Julie Bowen (Claire Dunphy), Eric Stonestreet (Cameron Tucker) e Sofia Vergara (Gloria Delgado-Pritchett). No elenco infantil, Rico Rodriguez (Manny Delgado) é o maior destaque.

Ferramenta muito comum em comédias, “Modern Family” transformou quiprocó, ou quid pro quo, numa rebuscada ferramenta narrativa, isto é, o momento clássico em que dois ou mais personagens entendem coisas diferentes de uma mesma situação, a câmera documental permite ao espectador um olhar muito clínico de tudo o que acontece enquanto os personagens constantemente assumem verdades a partir de meias-palavras e interpretações que partem de premissas equivocadas. A arma recorrente aqui é a insegurança que cada personagem tem de mostrar seus defeitos para sua família, mesmo que todos tenham muito carinho um pelo outro, ao longo dos anos também todo mundo do clã Pritchett-Dunphy-Tucker-Delgado transita em situações entre si e podemos ver o que cada um deles teme que os outros pensem a seu respeito.

Essa lista contém grandes spoilers de enredos importantes de “Modern Family”.

Vamos à lista:


10 | HALLOWEEN

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Esse episódio da segunda temporada é um clássico. Nele conhecemos a obsessiva relação de Claire com o Dia das Bruxas, tema recorrente de alguns episódios ao longo da série, “Halloween” se encaixa perfeitamente na fórmula tradicional da sitcom misturando desenvolvimento de personagens com piadas engraçadíssimas e por vezes elaboradas. Aqui os tradicionais três enredos (um por núcleo familiar) são uma discussão sobre aceitação de Gloria partindo do sotaque forte que a leva a ser pouco entendida ao pronunciar algumas palavras, uma disputa entre Cameron e Mitchell para descobrir quem teve o pior halloween entre os dois e o desejo que Claire de realizar sempre a celebração mais assustdora possível. Os conflitos entre eles escalam na hora da verdade, quando precisam atuar na Casa do Terror e tudo dá errado pois não são capazes de deixar os problemas de lado em prol da brincadeira assustadora, isso leva ao clímax do episódio quando são repreendidos por seu egoísmo. Eventualmente todos se acertam para dar a Claire o “Halloween” que ela sonha.


9 | UM POUCO DE ROMANCE (OU PHIL’S SEXY SEXY HOUSE)

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Pulando para a sétima temporada, queria falar desse episódio que talvez seja um dos conceitualmente mais complexos de “Modern Family”. Phil está vendendo uma casa que é “sexy”, tudo nela cria situações românticas, como o sofá que se torna uma cama ao apertar um botão e uma piscina no meio da sala de estar. O problema é que após um almoço familiar, vários personagens têm a mesma ideia: ir até a casa para aproveitá-la eles mesmos. O que chama atenção é a maneira como a história é apresentada, chegamos até a casa com Haley que vai limpar as provas que esteve na casa já na noite anterior, ela encontra Andy lá e os dois quase se beijam quando outros membros da família começam a aparecer em partes. A cada novo convidado, o antigo se esconde para evitar ser visto e vemos um trabalho complexo utlizando flashbacks de cenas do mesmo episódio a partir de perspectivas diferente para mostrar como o quiprocó se originou. A protagonista do episódio é sem dúvida a casa, pois liga histórias separadas entre si através do seu espaço enquanto vemos Luke tentando beber cerveja com os amigos, Alex com seu ficante, Cam e Mitchell buscando um pouco de romance e um desentimento entre Phil e Claire envolvendo fantasias sexuais e realidade virtual. O episódio acaba engatando um romance entre Haley e Andy há muito tempo esperado pelos fãs o que deixa tudo ainda mais especial.


8 | FIZBO

A atuação de Eric Stonestreet nesse episódio o rendeu um Emmy de melhor ator coadjuvante, e é justamente aqui que conhecemos o seu palhaço Fizbo, personagem recorrente ao longo das 11 temporadas de “Modern Family”. Seguindo uma estrutura um pouco diferente dos episódios normais da série, “Fizbo” se passa em flashbacks, vemos primeiro que alguns membros da família estão numa emergência de hospital e aí passamos a ver imagens da festa de aniversário de Luke. Ao longo da história, alternamos entre o hospital e a casa dos Dunphy, a cada pulo no tempo temos mais pistas do que pode ter acontecido e quem pode estar preocupando a família. Todos personagens acabam interagindo no espaço da festa e podemos visualizar não só os seus usuais dramas mas cruzá-los com outros membros da família, indicando que alguma dessas coisas vá levar ao problema final. O clímax do episódio é brilhante e em poucos segundos toda tensão construída no roteiro explode simultaneamente em efeito dominó, culminando no acidente que os leva ao hospital.


7 | CINCO MINUTOS

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Uma estrutura narrativa sempre bem-vinda especialmente na TV, é quando se corta um episódio em fatias iguais de tempo para histórias separadas contínuas, no caso, ao invés das histórias do episódio estarem ordenadas entre si com o início, meio e fim de cada uma aparecendo um atrás do outro. Em “Cinco Minutos” temos quatro contos inteiros em sequência, aumentando a tensão de cada um deles, pois as narrativas se passam num período de cinco minutos.

As aventuras são:

  • Cam e Mitchell tomam remédios para dormir durante seu voo de 12 horas, mas o avião não decola e eles devem encontrar o novo portão de embarque no aeroporto enquanto estão sob efeito dos potentes remédios.

  • Claire e Phil vão até o dormitório universitário de Alex porque estão preocupados com a filha, lá eles descobrem o relacionamento da jovem com Ben, o bizarro assistende de Claire.

  • Manny tenta achar uma vaga para estacionar o carro enquanto Jay e Gloria esão no banco de trás tendo uma discussão bastante conceitual sobre qual a maneira correta de contar uma história.

  • Haley sai para jantar com seu namorado mais velho Rainer quando ele o surpreende a pedindo em casamento. Mesmo que ela aceite num primeiro momento os dois começam a refletir sobre suas vidas e concluem que não faz sentido estarem juntos mais.

É brilhante pois cada uma das histórias funciona de maneira rápida e por mais que não tenham ligação, estão ordenadas de maneira que começa pela mais engraçada e termina pela mais emocional fazendo a audiência a ter uma jornada diferente com cada núcleo de maneira limpa mas eficiente.


6 | FULGENCIO

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O que coloca esse episódio a cima de outros para mim é que a minha cena favorita da série inteira está nele. Seguindo a estrutura bem tradicional de muitos outros capítulos de “Modern Family”, a história é o batizado do filho de Jay e Gloria, conhecemos a mãe e a irmã de Gloria interpretadas por Elizabeth Peña e Stephanie Beatiz respectivamente, Jay precisa lidar com o fato da sogra não simpatizar com ele enquanto Gloria encara a verdade sobre ter aproveitado de oportunidades de sua irmã e ter ido para os EUA no lugar dela. Enquanto isso, Phil entra em conflito com os filhos sobre a maneira mais eficiente de resolver seus problemas, enquanto ele defende dialogar com as pessoas que nos causam dificuldades, eles querem uma solução mais conflituosa, a maneira de Claire. No clímax do episódio, quando Phil vai batizar seu afilhado Fulgencio Joe, vemos simultaneamente um recorte de Luke lidando com os problemas da sua família de maneiras pouco ortodóxas, fazendo uma paródia clássica do final de “O Poderoso Chefão” e construindo o melhor momento cômico de “Modern Family” para mim.


5 | BEBÊ A CAMINHO

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O último capítulo da terceira temporada amarra muito bem os arcos da série até o momento e marca vários momentos divisores de águas para “Modern Family”. “Bebê a caminho” começa com Cam e Mitchell descobrindo que foram escolhidos como pais adotivos de um recém nascido, a partir daí os dois pedem ajuda de Gloria, pois a família do novo filho só fala em espanhol, deixando Lily no dia de sua apresentação de ballet com Manny e Jay. No outro núcleo da série, Haley sem receber resposta de nenhuma universidade decide trabalhar em uma loja e ir morar com Dylan ao invés de entrar na universidade, e precisa contar isso para seus pais. O tema central do episódio são as expectativas dos pais com os filhos, enquanto Claire e Phil esperam que Haley vá para o baile do seu último ano de escola e depois entre na universidade, ela possui ideias próprias sobre seu futuro enquanto é Alex que está animada para a festa. Do outro lado, Cam e Mitchell esperam finalmente ter seu segundo filho, desejo que os acompanhou durante toda temporada, e para isso acabam deixando Lily em segundo plano, ao final descobrimos que Gloria que terá que lidar com um novo filho, pois está grávida.

O que mais chama atenção em “Bebê a bordo” é a construção do clímax parodiando novelas mexicanas, tema que já é trazido no episódio por Jay e Mitchell antes da cena em que de fato acontece. Com atores muito bonitos e diversas reviravoltas, todos clichês da teledramaturgia são cumpridos culminando na descoberta que Cam e Mitchell não receberão o filho que desejam de fato. Esse evento é importantíssimo e leva a um dos diálogos mais emocionantes da série quando os dois desistem de adotar uma nova criança, ao final do episódio também descobrimos que Haley entrou em uma universidade o que vai colocar seus planos com o Dylan em espera, os dois resolvem ir no baile e ter uma última noite como estudantes do ensino médio juntos. “Modern Family” é essencialmente outra série depois desse episódio, com Haley saindo de casa pela primeira vez e com a chegada do novo filho de Jay as dinâmicas entre os personagens se alteram para sempre, é um dos finais mais marcantes de temporada e chama atenção como várias histórias construídas ao longo dos três primeiros anos de série se resolvem nele.


4 | PILOTO

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Quantas vezes você já ouviu de algum amigo/a “a série é boa, só tem que passar o primeiro episódio” quando era convencido a embarcar em uma nova jornada seriada de personagens. Isso acontece normalmente porque os chamados episódios piloto, tratados como o primeiro episódio das séries, são uma carta de intenções dos criadores para o público e a emissora de TV, na tenativa de convencer os produtores a darem continuidade ao seu programa, o objetivo normalmente é dar uma amostra do que a série pode ser, e costumeiramente os pilotos são gravados meses antes das suas sequências. É por isso que mudar personagens, histórias, cenários e até o elenco da série depois do primeiro episódio não é incomum, quando o programa é escolhido mudanças são necessáris para a produção correr. Esse não é o caso de “Modern Family”.

O episódio Piloto é um dos melhores que tenho lembrança em sitcoms, todos personagens na décima primeira temporada são facilmente reconhecíveis nos primeiros cinco minutos de série e não apenas quem eles são, mas qual a relação entre eles de uma maneira orgânica, sem muitas falas expositivas e muito mais a partir de momentos e histórias que um conta sobre o outro. O primeiro episódio de “Modern Family” escolhe segurar uma informação muito importante durante sua história, se você já assistiu mais de uma vez talvez não tenha se dado conta, mas só ao final dele descobrimos que os três núcleos estão na mesma famíliia. O Piloto trata as três linhas de enredo como histórias desconexas até culminar na última cena, um momento da família na casa de Cam e Mitch em que Lily será apresentada para seu primos, tios e avô.


3 | O CASAMENTO (PARTE 2)

Um dos momentos mais aguardados pelos fãs finalmente chega. O casamento de Mitchell e Cam é construído por toda a quinta temporada desde o primeiro episódio quando o casamento de pessoas do mesmo sexo é permitido, a partir daí vemos muitos momentos dos dois organizando a festa com seu amigo Pepper, um dos melhores personagens secundários da série interpretado pelo ótimo Nathan Lane, que foi indicado ao Emmy por esse episódio. Diversos conflitos entre os noivos são vistos em torno do casamento, o episódio três “Larry’s wife” é um ótimo exemplo disso, além dos dois, há outros problemas e especialmente chama atenção uma briga entre Mitchell e Jay, que só é resolvida em “O Casamento (parte 2)”.

Depois de adiantarem em 4 horas a sua cerimônia para evitar que um incêndio florestal atrapalhe a festa, Cam e Mitchell precisam encontrar um novo lugar para se casarem mesmo assim, além disso, sua amiga Sal (Elizabeth Banks) que deveria ministrar o casamento entra em trabalho de parte forçando Phil a ser o ministro, o enredo secundário é que os pais de Cam estão pensando em se separar depois de muitos anos de casamento, Jay e Gloria ao tentarem ajudar acabam só colocando mais lenha nas discussões dos dois, além disso, começamos a avançar nos momentos dramáticos da relação de Haley e Andy, depois que ela tenta convencê-lo a não voltar com sua namorada Betty e percebe que os sentimentos por Andy são maiores do que imaginava. Uma coisa especial desse episódio é que temos um pouquinho de cada personagem em relação ao casamento, ao final quando Jay ajuda a encontrar o lugar perfeito para a cerimônia e entra com seu filho para entregá-lo a Cam, o clímax está completo e finalmente podemos ver os dois personagens tão queridos se casando.


2 | FINAL (PARTE 2)

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Nunca um episódio de TV me fez chorar que nem esse, o que é impressionante visto que nada efetivamente triste acontece aqui, a não ser o fim de uma longa jornada.

O encerramento de séries longas sempre é um ponto sensível. Por um lado temos “Seinfeld” e “How I Met Your Mother” com reviravoltas que para muitos estragaram toda jornada (não pra mim), há algumas outras, como “Parks and Rec” que escolhem em flashforwards nos contar o que acontece com os personagens depois desse ponto final, outras, como “Gilmore Girls” apenas nos indicam que estamos vendo um ciclo, que mesmo quando as câmeras desligarem, o que acompanhamos continuará existindo e ainda há aquelas, “Todo Mundo Odeia o Chris” por exemplo, que resolvem os conflitos dos personagens e simplesmente se esgotam. “Modern Family” segue uma linha diferente, focando na conclusão do enredo macro das 11 temporadas: a família Pritchett-Dunphy-Tucker-Delgado. A décima primeira temporada inteira é bastante sentimental, episódios que já anunciam em títulos como “O último ação-de-graças” e “O último natal” que estamos realmente vendo o final não de uma série mas de uma história. Também construído por algum tempo o fato de que muitos dos personagens não morarão mais na Califórnia num futuro próximo, o episódio 14 da temporada, “Spuds” é bastante centrado no sentimento nostálgico ao ter toda família acidentalmente reunida em uma situação corriqueira.

Os episódios finais na verdade são o começo do fim, quando os primeiros membros da família oficialmente se despedem e partem para seu novo capítulo. Em “Final (parte 2)” toda família está reunida para dar adeus a Cam e Mitchell, sua partida, porém, é seguidamente atrasada, então os personagens ganham algumas horas juntos para ter seus últimos momentos: Haley partindo para sua nova casa com Dylan, Alex organizando sua ida para a Suíça e Luke para a universidade em outro estado, Manny se preparando para dar a volta ao mundo com seu pai, Jay surpreendendo Gloria ao contar que aprendeu a falar espanhol e irá passar o verão com ela e Joe na Colômbia e Phil com Claire decidindo atravessar o país de carro. Esses são os últimos momentos que vemos de algumas das dinâmicas mais queridas pelo público entre personagens e temos diálogos tão emocionantes quanto engraçados, ao melhor estilo “Modern Family”, ao final Mitchell e Cam realmente se despedem em um longo abraço, encerrando a grande aventura da família constatando duas coisas fundamentais para o final depois de 11 anos: pouca gente tem a sorte de ter uma família como a deles e que eles não sabem quando estarão todos reunidos de novo. O último off da série, ferramenta usada para encerrar a maioria dos episódios, fica por conta de Jay, palavras de alento sobre o fim da convivência entre eles intercaladas com alguns pequenos flash forwards mostrando situações semelhantes, mas diferentes das imagens do “Piloto”. Apesar de toda beleza e graça desses últimos momentos, são efetivamente tristes porque cortam os laços de cumplicidade tramados por uma década entre Jay, Gloria, Phil, Claire, Mitchell, Cam, Haley, Alex, Luke, Manny, Lily e Joe.


10 MENÇÕES HONROSAS: My Funky Valentine (01x15); Two Monkeys and a Panda (2x17); Disneyland (3x22); New Year’s Eve (4x11); A Fair to Remember (5x13); Three Turkeys (6x08); White Christmas (7x09); A Tale of Three Cities (8x01); Can’t Elope (10x20); Paris (11x13).


1 | CONEXÃO PERDIDA

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Já era o melhor episóio de “Modern Family”, mas a pandemia do coronavírus deu um destaque ainda maior para esse episódio da sexta temporada. O que o torna o melhor episódio da série é juntar todas qualidades de trama e humor comuns à série com uma apresentação inovadora: “Conexão Perdida” se passa inteiramente na tela do computador de Claire. Lançado em 2015, o capítulo antecipa muitas estratégias narrativas que não veríamos na mídia mainstream por alguns anos e que só se popularizaram mesmo a partir de 2020 e por mais criativo e inovador que seja, não descaracteriza um outro fator importante de “Modern Family” é extramamente acessível e apenas ganha com o recurso cibernético. E ao contrário do que vemos muitas vezes, a chamama de vídeo não é a única tecnologia empregada para contar essa história, mas vários outros aplicativos utlizados no desktop de Claire, incluindo Facebook, além disso a direção é capaz de maximizar a tela do computador para vermos todas informações necessárias para todos persongens interfirirem na narrativa. É um dos únicos episódios da série que toma a perspectiva de um só personagem, mas aqui é indispensável só termos a visão de Claire dos acontecimentos, a partir de qualquer outro, ou mesmo das câmeras de documentário mais comuns, desvendaríamos com muita facilidade o mistério.

A história é simples: Claire está no aeroporto voltando para casa e não consegue achar Haley, a partir daí tenta recriar acontecimentos da noite anterior para descobrir onde a filha pode estar. Mas a cada pista nova a certeza de que Haley fez alguma bobagem aumenta, como quando Claire usa o aplicativo find my phone na conta da filha e descobre que seu celular está em Las Vegas ou quando entra com seu perfil falso no Facebook e vê que o status de relacionamento da mesma foi alterado para casada. Os membros da família vão colaborando com pedaços de informação a cada entrada na tela, que normalmente aparecem para falar sobre outros assuntos ou por insistência de Claire, aí as histórias dos outros personagens influenciam na linha principal, como o aniversário de Mitchell, o corte de cabelo de Luke e Phil estar aproveitando a viagem da esposa para passar horas jogando videogame. Além de uma boa história e um roteiro absolutamente criativo, o visual do episódio é excelente e mesmo se passando alguns anos e com algumas mudanças na maneira que nos relacionamos com as tecnologias mostradas, não há nenhuma sensação de estar se vendo algo ultrapassado e é por tudo isso que “Conexão Perdida” é o melhor episódio de Modern Family.

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