No Te Va Gustar @ Araújo vianna - 27/09/25


Neste sábado, 27, o Auditório Araújo Vianna foi invadido por bandeiras, camisetas e sotaques uruguaios provocados pela banda No Te Va Gustar. O octeto completa 30 anos e, nessa turnê, apresenta um panorama geral de sua trajetória tocando suas composições mais populares.   


O show de abertura de Marcelo Gross, ex-Cachorro Grande, foi curto e com público irregular, além de não chamar muita atenção sonora ou performaticamente. A escolha parece ter se dado pelo vínculo da banda principal com bandas da cena gaúcha, como com o conjunto Nenhum de Nós - que em dado momento do show recebeu agradecimentos do vocalista Emiliano Brancciari

Agora com a casa lotada, o conjunto entra em cena com os riffs marcantes de Cero a la Izquierda, do álbum Por Lo Menos Hoy (2010). Durante o espetáculo a banda avança e retrocede na cronologia de maneira aparentemente desordenada. Se desloca para 2012 e 2014 com Ese Maldito Momento e Paranoia, respectivamente; retrocede à 2006 com De Nada Sirve; e, ainda mais, em 2002 com No Necesito Nada e Clara

O que mais me impressionou foi que ao longo do show a empolgação e o acompanhamento das canções por parte dos fãs não diminuiu. No entanto, as interações da banda com a plateia me pareciam robóticas e esse conjunto de músicas não parecia criar um diálogo conjunto. Me lembrou um pouco ir a um show de bandas com Jota Quest e Capital Inicial, porém com sotaque gaúcho. Não me entendam mal, sonoramente NTVG me agrada muito mais. Mas pensando em postura no palco e no artista como personalidade, pouco pude ver dos componentes da banda para além da qualidade técnica deles. Me esforcei muito nas fotos pra tentar captar algum momento de espontaneidade. 

Retornando ao álbum de 2010, o público que já se mostrava fiel e letrado nas canções, fez o chão tremer acompanhando a canção Chau. Não bastasse as bandeiras e camisetas para se sentir em uma noite de Libertadores em Montevidéu, a energia contagiante conseguiu que até o novíssimo ouvinte que vos escreve pudesse acompanhar a letra com perfeição (eu conferi no Google depois, ok?!). 

Para finalizar a apresentação o octeto voltou não com uma, nem com duas, mas com TRÊS canções bis. Sinceramente nesse ponto eu já não conhecia as músicas e queria ir embora. Porém, uma delas tinha uma pegada reggae e isso foi o suficiente pra me fazer ficar até o final. Além disso, eu já sabia que tava acabando, então a espera foi facilitada.

Por fim, entendo que, por se tratar de um show de 30 anos da banda, a experiência não foi feita exatamente para alguém que conhecia meio albúm mais alguma coisa fragmentada de outros lançamentos como eu. A mistura de ritmos que passam pelo reggae, ska, murga e candombe, sem nunca deixar de lado as influências rockeiras, formam um belo conjunto. Por mais que às vezes a proposta pareça um pouco datada, tanto pelo lado rockeiro com uma veia oitentista, quanto pela energia tumblr-indie-somos un pueblo sin piernas pero que camina, não se trata de uma perda de tempo, só é necessário suspender todo esse julgamento excessivo.

Acho que umas cervejas e um amigo ao lado seriam o suficiente pra esse trabalho. 

A banda segue em turnê pela América Latina e é composta por Emiliano Brancciari, Guzmán «Chule» Silveira, Diego Bartaburu, Denis Ramos, Mauricio Ortiz, Martín Gil, Pablo «Bambino» Coniberti e Francisco Nasser.

Próximo
Próximo

Crítica | Big Thief - Double Infinity