As 10 Melhores Músicas de The Weeknd

Michael Jackson é um dos maiores e mais influentes artistas de todos os tempos e apesar de este especial não ser sobre ele, é inevitável mencionar seu nome sempre que falamos de qualquer um de seus muitos discípulos.

Alguns deles, inclusive, chegaram “perto” de alcançar sua incomparável popularidade. Usher era um nome fixo no topo da Hot 100 durante mais de dez anos, Timberlake teve um clássico em 2006 que gerou quatro números 1, Bruno Mars chegou a cinco destes mais rápido que o próprio Michael e os ídolos teen Chris Brown e Justin Bieber chegaram a fazer mais sucesso do que o mesmo quando tinha a mesma idade. Além deles, Ne-Yo, Jason Derulo, Mario, os nomes são muitos.

Porém, nenhum me fez parar e dizer que, finalmente, tínhamos encontrado alguém que poderia se aproximar do que foi o auge do Rei do Pop, até que Abel Tesfaye - aka The Weeknd - surgiu para a fama em 2015 emplacando um dos hits mais inusitados desde “Billie Jean” e emulando com uma semelhança assustadora a inigualável voz de Michael Jackson. Não havia nada de universal nos temas que cantava - sexo, drogas, álcool, festas que Michael repudiaria -, mas ainda assim era como se houvesse um magnetismo em seu estilo singular, desde o cabelo até as feições entediadas, à imagem de artista underground que manteve por certo tempo quando chegou ao mainstream.

The Weeknd era, mais do que qualquer de seus colegas, icônico.

E por mais que, desde então, tenha abandonado sua postura para uma mais ortodoxa e que, até então, nenhum de seus álbuns tenha superado sua trilogia de mixtapes em qualidade, o canadense continua uma figura fascinante na música popular. Um misto de R&B e Hip-Hop, um produto de sua geração, mas único a sua maneira. Ao explorar a fundo sua já vasta discografia, encontramos vários lampejos do artista que, as vezes, parece se perder atrás da estrela.

Essas são as dez melhores músicas de The Weeknd:


10 | King of the fall

O que nenhum fã de The Weeknd entende é como “King of The Fall” ainda não está em nenhum serviço de streaming.

Lançada em 2014, é como um freestyle fluido e despretensioso enquanto Abel Tesfaye caminha pelas ruas de Toronto, com o mesmo olhar cansado que marcou o início de sua carreira. Aquele mundo de sexo e drogas era tão natural para ele que parecia nem o atrair mais, porém ainda fazia questão de destacar como era reconhecido em seu ciclo antes de ser reconhecido pelo mundo inteiro. É uma das muitas viagens à seu antigo estilo de vida que parece completamente desaparecido de seus lançamentos pós-fama e, por isso, digna de ser revisitada várias vezes.


9 | blinding lights

“Blinding Lights” não é apenas o maior hit da carreira de The Weeknd, mas o maior hit de 2020 e, atualmente, detém recordes como Single com o maior número de semanas no top 5 e 10 da Billboard Hot 100.

Pense só, a música foi lançada em 2019 e até agora (fevereiro 2021) continua no top 5.

O mais curioso: The Weeknd fez isso nos transportando de volta em uma viagem nostálgica para os anos 80, o que se torna ainda mais impressionante, pois a maioria de seus fãs (nós inclusos) tem menos de 30 anos.



8 | the morning

Os sintetizadores começam a cintilar, a guitarra viscosa aparece para lhe prender e então sua voz anuncia: “Listen, Listen”. É quase uma alegoria ou algum tipo de representação de como é acordar na manhã seguinte anestesiado ou reflexivo depois de uma noite de drogas e sexo.

A percussão começa a ecoar na sua cabeça, a voz dele é arrastada, carregada de certo sofrimento ou qualquer tipo de ansiedade.

O refrão, apesar de minimalista, tem muito a dizer sobre não só a vida do cantor como também a de strippers e, porque não, as nossas. Mas, essencialmente, tudo é sobre ele e por ele. A esperança inesgotável de que o dinheiro sare feridas internas ou pelo menos tape o buraco de seus problemas internos.


7 | loft music

Talvez nenhuma música exemplifique tão bem o ambiente onde Abel Tesfaye mais se sentia em casa como “Loft Music”.

Com metade da canção sendo uptempo e até divertida, é no outro, composto de grunhidos e perguntas incisivas regadas as viagens proporcionadas pelo abuso de substâncias que ele finalmente chega aonde quer com a garota a qual apresentou este seu mundo sombrio, mas fascinante.

De certa forma, é como se ele quisesse muito mais do que apenas uma noite de sexo, e sim uma devoção completa das garotas que estavam com ele, por mais que ele não fosse capaz de retribuir na mesma moeda. Hoje é quase possível sentir sua magoa em relação a isso. Quase.


6 | after hours

A faixa título de seu segundo melhor projeto até então é uma daquelas baladas pra ouvir na noite gelada, depois de brigar com a morena e ficar a noite toda pensando em ligar pra pedir desculpas.

Lutando com os próprios pesadelos, ele canta sobre se arriscar voltando a eles apenas para poder ficar perto dela, em uma de suas melhores performances vocais no disco.

Se sua carreira decolou por sua relação perigosa com as drogas e trivial com as mulheres, é possível dizer que ele voltou ao auge ao assumir que sem elas seria impossível ser o artista que é, declarando todo seu amor em uma música que nos permite ver sua parte mais vulnerável, sombria e apaixonada.


5 | wicked games

Sua primeira música a fazer sucesso, “Wicked Games” mais parece um pedido de socorro velado do que o hit apropriado para se iniciar uma carreira de sucesso na música Pop.

Com uma batida cadenciada que acompanha guitarras que precedem o ato que está por acontecer, Abel canta sobre a própria vergonha de se entregar a uma relação que sabe que será destrutiva para ele e não tem condição nenhuma de dar certo. Ele promete àquela garota - provavelmente uma profissional - tudo em troca de ser amado por uma única noite. O surpreendente: ele tinha 21 anos quanto cantou: Bring your love, baby, I could bring my shame / Bring the drugs, baby, I could bring my pain.

Se a maioria dos adolescentes, quando cantam sobre suas dores, soam bobos e pouco informados sobre o que é a vida adulta, Abel parecia já ter vivido um mundo de emoções tão conturbadas que, para qualquer um que o ouvisse na época, é como se ouvissem a um sábio que já viveu vidas o suficiente para saber que resistir a suas próprias tentações é algo fadado ao fracasso. Talvez não seja bem maturidade, mas se entregar a algo sabendo que só vai piorar sua condição é uma atitude, ao menos, consciente.

É, até hoje, uma de suas músicas mais intrigantes.


4 | starboy

Grande parte das melhores músicas de Abel Tesfaye tratam sobre sexo, drogas ou sua vida amorosa, tudo isso de maneira melancólica.

Em “Starboy”, se encontra abertamente a carta de despedida dessa figura “underground” para a fase onde o gosto pela fama e a prepotência, antes mais comedida, se expressam abertamente. A produção frenética criada pelo duo francês Daft Punk, na primeira colaboração com o cantor, é completamente hipnotizante. O futurismo da batida, a melodia, o piano na sub-camada da produção, ainda que submisso à beat em loop que toma conta da faixa, os “haha” mixados junto ao refrão. É, literalmente, a estrela tomando conta, mesmo que se utilize das mesmas tendências que fizeram o artista antes dela.

A morte do antigo Abel é culpa nossa, assim como sua escalada desenfreada ao estrelato. Se ele queria todo esse enfoque ao invés de seguir nas sombras de strippers? Talvez não, e por isso optou por uma mudança completa de persona. Porém, em “Starboy”, tudo é motivo pra certo exibicionismo material. Abel cortou suas marcas registradas: Cabelo, melancolia e tristeza, e deu lugar a imodéstia por seus carros, Bella Haddid e seu próprio talento.

Ele é uma das maiores estrelas que o mundo já viu, sabe disso, e sua arrogância é contagiante e atraente.


3 | the hills

Ouvindo o grande número de hits que emplacou, sempre me fascina constatar que “The Hills” foi o maior e mais importante de todos.

Musicalmente saturado por conta da constância do trap-R&B que tomou conta da década após 2015, é uma música que na época soava fresca - e ainda funciona hoje -, mas é sua narrativa que ainda a configura como um momento singular em sua discografia. Uma narrativa caótica sobre traição e submissão, onde ele revela não apenas sua natureza problemática, mas das mulheres que aceitam se sujeitar à vida que ele as proporciona.

De certa forma, esta é sua “Billie Jean”. O maior hit de sua carreira é também o mais sombrio, o mais inexplicavelmente magnético.

Quem ouvimos aqui, com a voz distorcida nos versos e completamente solta no refrão - é, fácil, uma de suas melhores performances vocais -, é um personagem que habita um mundo sombrio e caótico com regras e costumes que não se aplicam a maioria de nós e, talvez, nem mais ao próprio Abel Tesfaye.

Esta faceta que criou para si sempre foi seu lado mais criativo e fascinante e é uma pena que pareça ter ficado no caminho de sua ascensão ao estrelato, por mais que “The Hills” sugira um componente de auto-destruição que parecia fadado a se confirmar caso ele continuasse naquele caminho.


2 | i feel it coming

“I Feel It Coming” é uma obra prima e só não se encontra na primeira colocação desse Top por talvez não expor a ânsia de alcançar o apogeu do mundo musical. Aqui The Weeknd já tinha ele aos seus pés.

Apesar de reciclada em muitos aspectos, Pop em sua melhor forma e misturando toques de House e Funk, é uma composição que ressalta a genialidade de Daft Punk, apesar de inacreditavelmente não ser o ponto principal da faixa e sim um complemento para a excepcional performance de Abel.

A comparação com Michael Jackson aqui se solidifica mais do que nunca. A produção ajuda por seu “Mid-tempo” e grita anos 80, mas isso não muda o fato de Abel parecer estar mais confortável do que nunca. Tudo isso acrescentado ao fato da abordagem sobre amor, paixão e sexo aqui ser tratada por ele com cuidado ao falar sobre os aspectos físicos e emocionais de um relacionamento. É algo novo para seu repertório.

Nesse ponto, o que The Weeknd fez foi provar que poderia pegar várias coisas já vistas no mundo da música - porque “I Feel It Coming” não é inovadora em quase nenhum sentido - reciclá-las, e ainda assim criar algo excepcional que estamos fadados a ouvir em loop por muito, muito tempo.


1 | Can’t Feel My face

Retornando a introdução deste especial, caso qualquer fã dos artistas acima tenha ficado ressentido, basta fechar os olhos e ouvir esta música para se entusiasmar por um breve momento. É perfeitamente possível imaginar Michael Jackson cantando - e dançando - “Can’t Feel My Face”.

Concebida pelo lado mago de Max Martin com uma perfeição quase esquisofrênica e interpolando Funk e R&B de forma ao mesmo tempo retro e futurista, esta é, diferente da maioria das outras da lista, uma canção destinada ao topo das paradas que, mesmo sendo sobre cocaína e sobre os efeitos devastadores que causam em seus usuários, está fadada a ser tocada em todos os lugares, desde baladas à casamentos por muito, muito tempo.

Se auto introduzindo com um crescendo para logo ser acompanhado por seus vocais magistrais, é possível perceber até um certo desconforto em Tesfaye enquanto canta: ele devia saber, quando gravando a música, que seria um divisor de águas em sua carreira.

Os temas sombrios ainda estão ali, mas dessa vez ele não cantava mais para si, e sim para o mundo todo. Aqui ele fora, novamente e por um breve momento, Michael Jackson, unindo os dois lados de sua persona artística que os fãs passariam a conhecer.

Em “Can’t Feel My Face”, The Weeknd é o cavaleiro das trevas, que não consegue deixar sua vida pré-fama para trás, e a estrela, que não vai descansar enquanto não tiver o mundo a seus pés.


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