Crítica | Bixa Travesty

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Trazendo um retrato íntimo e cru sobre a essência de Linn da Quebrada, “Bixa Travesty” expressa muito.

Caótico e provocativo, o filme parece nos transportar para dentro dos pensamentos e ideias transgressoras da cantora, compositora e atriz ao mesmo tempo em que nos conecta fisicamente ao corpo dela - corpo este que é tão protagonista da história quanto a artista que o habita.

Composto por cenas emblemáticas e físicas que abordam a relação do ativismo de Linn da Quebrada (que se trata simplesmente de ela ser ELA ao máximo, chegando a literalmente tatuar isso na testa), o filme também intercala depoimentos gravados diretamente a um microfone com apresentações musicais impactantes de alguns de seus shows. A montagem flui com tanta facilidade que chega a ser quase impossível separar o que é uma performance artística e o que é uma cena de vida rotineira no universo de Linn da Quebrada.

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E se a sua obra é uma arma, nada mais justo que um exército ao seu lado. O esquadrão de Linn, que é quem a acompanha durante a sua vida, é composto por figuras extremamente individuais e talentosas como Liniker (que traz um contraponto mais sereno mas igualmente revolucionário à protagonista) e Jup do Bairro (que muitas vezes rouba a cena com sua personalidade cativante e suas declarações que, apesar de curtas, são sempre certeiras e agregadoras, refletindo suas participações nos números musicais).

A utilização de arquivos pessoais e a apresentação de cenas íntimas e do cotidiano permite uma imersão completa na experiência artística e na vivência de Linn da Quebrada. Esse mergulho no corpo, na mente e na alma da artista é o que torna o documentário tão eficiente em sua missão: é possível assistir não somente como a artista compreende o mundo mas também como o mundo a compreende (ou falha em compreender).

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Fica fácil perceber que a música dela é o grito de uma voz que tenta ser constantemente silenciada. Sua fisicalidade é a de um corpo que tenta constantemente ser escondido. E o que “Bixa Travesty” faz com muita originalidade, desde seu título e pôster (que fazem uma simples compra de ingressos na bilheteria se tornar um ato atípico - e maravilhoso) até os créditos finais, é escancarar uma personalidade tão catártica de si mesma que ajuda a libertar e legitimar tantas outras que nela se inspiram.

Espelhando a personalidade de Linn da Quebrada, o filme acerta ao apresentar uma narrativa que se preocupa menos em “chorar” suas tristezas e muito mais em atacar preconceitos, tabus e convenções. A música dela é como uma “arma”, ela mesmo diz. O documentário também - e está apontado para nós.

8,5


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