Quem Leva | Oscar de Melhor Ator

Muito tem se discutido, nos últimos anos, o que leva um ator a ganhar o prêmio mais alto do cinema. Seriam as mudanças físicas, a dedicação para o papel, a técnica de atuação? A Academia gosta de cada um desses elementos, mas esse ano um deles se sobressaiu.

Com uma esmagadora maioria de interpretações baseadas em figuras reais, a categoria traz em 2019 um show de transformações físicas impressionantes, que por vezes falam mais alto que as próprias atuações.

A ausência de Joaquim Phoenix por seu trabalho magistral em “Você Nunca Esteve Realmente Aqui” é uma pena, mas o filme fora lançado em 2017 em festivais e perdeu força. As ausências de Ethan Hawke (“First Reformed”) e até mesmo Ryan Gosling (“O Primeiro Homem”) são notáveis, mas o alto nível das performances dos cinco atores nomeados não nos permite dizer que os outros foram esnobados.

Estes são os cinco indicados, um mais irreconhecível que o outro.


Os Concorrentes


Christian Bale | Vice

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Christian Bale é conhecido por sua entrega e total compromisso com suas performances. Usando “o método” de atuação, apenas se sente no personagem quando irreconhecível. Perdas, ganhos de peso são alguns dos mecanismos em que o ator se submete para criação de identidades para papéis. Em “Vice”, Christian Bale interpreta Dick Chenney, vice presidente dos Estados Unidos na era de George W. Bush. De todas suas performances, essa pode ser considerada a com maior dissociação de sua personalidade. Voz, peso, ótima caracterização e tiques nervosos parece que não há mais Christian Bale, apenas Dick Chenney. 

Indicado previamente para Melhor Ator Coadjuvante por “O Lutador (2011)”, quando ganhou e por “A Grande Aposta (2015)”, além de Melhor Ator por “Trapaça (2013)”.

Viggo Mortensen | Green Book

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Para muitos, a interpretação do nosso querido Capitão Fantástico, filho de Arathorn, foi forçada e caricata em excesso, mas é impossível não se deixar levar pela energia de Viggo como o italiano e brutamontes Tony Lip. Por baixo de todo o sotaque, a comilança (impressionante o quanto ele engordou para fazer o filme) e os métodos e trejeitos grossos, há uma pessoa realmente boa que se importa muito com sua família e seu novo amigo. É uma amizade sincera de ambas as partes e não seria nada ruim ver Mortensen saindo com a estatueta, mesmo que não mereça exatamente por esse papel.

Indicado previamente para Melhor Ator por “Capitão Fantástico (2016)” e por “Senhores do Crime(2008)”.

Rami Malek | Bohemian Rhapsody

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Bem ou mal. O filme “Bohemian Rhapsody” foi um dos filmes mais esperados e comentados do ano. Qualquer ator que aceitasse a tarefa de representar o vocalista Freddie Mercury tinha a noção de quão difícil seria a tentativa de captar a essência de um dos maiores artistas de todos os tempos. Além disso, a produção do longa foi tumultuada pela demissão do diretor Bryan Singer. Colocando as polêmicas de lado, Rami entrega uma inspiradora e verossímil atuação. Utilizando todos atributos de seu corpo sem pudor algum, e transmitindo uma mensagem de amor e aceitação. Como Freddie na banda Queen, Malek é o coração do filme. Sendo um dos candidatos a levar à estatueta. 

Esta é a primeira indicação do ator.

Willem Dafoe | At Eternity’s Gate

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Um dos atores mais subestimados de seu tempo, Willem Dafoe é um camaleão. Interpretando diversas figuras históricas, algumas muito pouco conhecidas, o ator escolhe projetos cada vez mais interessante e parece elevar suas habilidades a cada ano. Como o famoso Van Gogh, Dafoe entrega um de seus melhores trabalhos, passando toda a genialidade do pintor, além de mostrar o jeito intenso com que ele levava sua vida tão próximo do fim da mesma.

Indicado previamente como ator Coadjuvante por “Platoon (1986)”, “A Sombra do Vampiro (2000)”, “Projeto Florida (2017)”.

Bradley Cooper | Nasce Uma Estrela

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Sinceramente, o que Bradley Cooper não sabe fazer? Além de ser um dos melhores atores de sua geração provou, em seu primeiro filme como diretor, que tem muito talento por trás das câmeras e mais ainda atrás do microfone. Em um show de caracterização, Cooper mudou seu sotaque, jeito de falar, expressões e linguagem corporal. Mais do que isso, seu afeto pela personagem de Lady é sincero e a forma como ele interpreta cada um dos momentos musicais é magistral. Apesar de ter um currículo extenso, essa é sua melhor performance até agora.

Indicado previamente para Melhor Ator em “O Lado Bom da Vida (2012)” e “Sniper Americano (2014)”, além de Melhor Ator Coadjuvante em “Trapaça (2013)”.


Quem deveria (e vai) levar: Christian Bale

Bradley Cooper está maravilhoso em “Nasce Uma Estrela”, dando espaço para Lady Gaga brilhar, mas entregando a melhor performance do filme nesse processo. Ele já foi indicado outras vezes e, em um filme onde não é o principal, não parece que sairá como vencedor. Willem Dafoe vem ensaiando uma vitória nos últimos anos, mas “No Portal da Eternidade” não foi nem de perto o mesmo sucesso de seus concorrentes. Rami Malek é uma aposta extremamente sólida apesar da mediocridade de “Bohemian Rapsody”, afinal, interpreta o personagem mais interessante de todas as quatro categorias interpretativas. Não seria uma surpresa.

Viggo Mortensen poderia muito bem sair com a estatueta, caso a Academia decida manter sua tendência de transformar a cerimônia em algo mais inclusivo e diverso, há também o fato de Viggo ser um dos queridões do público graças a seu papel como Aragorn, mas o favoritismo está com outro ator que colocou uns quilinhos a mais. Apesar de “Vice” não ser o melhor filme dessa leva, é impossível ir contra Christian Bale e sua exaustiva dedicação a cada novo personagem que pega. A caracterização é perfeita e sua inteligência e audácia natural o transformam no próprio Dick Cheney. Apesar de já ter um Oscar no currículo, uma segunda vitória cementaria seu lugar entre os melhores atores do século 21. Afinal, Batman com preparo, é impossível derrotar.

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