Crítica | James Bay - Eletric Light

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James Bay se tornou em 2015 a maior revelação britânica, despontando nas paradas de sucesso ao lado de Ed Sheeran e George Ezra. Com voz macia e aguda, o compositor foi inventado pela indústria da música para preencher uma lacuna do mercado. Seu álbum de estreia, 'Chaos and the Calm', foi direcionado por canções bem estruturadas, que expressavam anseios amorosos de um jovem cantor, enfeitadas com guitarras brilhantes e inflexões gospel, aspectos que conectaram Bay a um público mais jovem.

Em seu segundo álbum de estúdio, "Electric Light", James Bay está de volta e repaginado. Disposto a renovação, mudou até o visual, deixando o chapéu de lado e adotando um estilo mais rebelde, uma tentativa de captar a maturidade que o musicalmente falando, não conseguiu atingir.

Mas a grande vilã para a falta de solidez neste novo registro é a indústria da música, que sabemos, muitas vezes não promove o tempo ideal para que os artistas amadureçam genuinamente, desejosos de lucrar com o hype e a demandada do público por novas músicas. Com Bay a obrigação de uma reinvenção rápida soa ainda mais escandalosa, após indicações a BRITs e Grammy.

Em "Eletric Light" o cantor se juntou ao grande produtor Paul Epworth, responsável pelos maiores feitos da cantora Adele. “Wasted On Each Other” abre o repertório muito bem, os vários socos de guitarra e um som um tanto sombrio conduzem a faixa brilhantemente, unidos aos vocais roucos de Bay, que abusa dos falsetes. O que compromete a canção, é a introdução desnecessária. "Todo mundo nos chama de tolos, eles não sabem o gosto da tolice. Toda vez que tentamos lutar contra isso, acabamos nos perdendo. Nos perdendo um no outro."

O single "Pink Lemonade" é um momento alto do registro, onde James fala de ansiedades a respeito do relacionamento, trazendo a tona o pop e a progressão do rock. “o que você está pensando?” (“Você quer falar / Você quer falar sobre isso? / Juro que não tenho nada na minha mente / eu não quero falar com você ”).

Durante o processo, o músico citou influências em Prince para o 'Electric Light', mas a referência soa confusa para qualquer ouvinte, já que o som e o estilo das canções se conectam melhor ao John Mayer. Existe semelhanças em Prince na sensualidade abordada, no entanto, Bay é introspectivo demais e não possui o mesmo apelo sexual.

O desejo de evadir-se, fugir da realidade, está presente em “Just For Tonight”, mas parece muito similar a “Hold Back The River” do seu primeiro disco. James também tem seu momento Bon Iver na primorosa "Stand Up". A confusão elétrica da guitarra abrilhantam a abertura de “I Found You”, depois a produção se entrelaça a docilidade do gospel e do blues como reflexos de luz em um espelho, somando-se a isso, a beleza e a rouquidão dos vocais de Bay.

'Electric Light' é uma demonstração clara de trocas de clichês. A produção genérica e vocoder soam como brindes de Bon Iver e Timberlake. Por outro lado, em alguns momentos o álbum evoca Frank Ocean. Os momentos mais agitados miram em Prince e acaba acertando o Bon Jovi. O novo disco do Bay serviu para enfatizar a produção insincera e o desespero pela inovação. Parece que a maldição do quarto álbum chegou mais cedo para o James Bay.

4.8

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